Em 10 anos, a simpatia com as ideias típicas da extrema direita duplica na região da extinta Alemanha comunista, afirma estudo. Os autores atribuem a tendência a fatores sociais, como o elevado desemprego.
Kay-Alexander Scholz
Já o preconceito em relação a muçulmanos é verificado em todo o país, conforme a pesquisa. "Os nossos números demonstram que a hostilidade contra o Islão é partilhada pela maioria da população, e que declarações xenófobas também são partilhadas pela maioria das pessoas nos estados da antiga República Federal Alemã (RDA)." Assim resume o pesquisador Elmar Brähler os resultados do estudo.
Professor de psicologia e sociologia, Brähler é um dos três autores da pesquisa Die Mitte im Umbruch (A reviravolta do centro), encomendada pela Fundação Friedrich Ebert, ligada ao Partido Social Democrata da Alemanha (SPD). No estudo foram medidas 6 dimensões do extremismo de direita: simpatia por uma ditadura autoritária de direita, chauvinismo, xenofobia, antissemitismo, darwinismo social e minimização do nazismo.
Ascensão dos jovens extremistas
Os inquéritos estão a ser realizados a cada 2 anos, desde 2002. Este estudo, portanto, é mais do que uma análise instantânea da situação, mas expressa também tendências de longo prazo. Agora, uma tal tendência é claramente discernível, sobretudo no Leste alemão.
Especialmente alarmante é o facto de a propensão para a extrema direita na região ser característica de uma nova geração, apontam os autores. Enquanto no passado se traçava uma relação entre o avanço da idade e um posicionamento radical, atualmente são os jovens alemães orientais a acusar altas taxas. Também pela 1ª vez o antissemitismo é mais difundido no Leste do que no Oeste alemão.
Ainda assim, os autores advertem que não se pode associar o radicalismo de direita simplesmente como um problema dos antigos estados da Alemanha comunista. Um exame mais detalhado demonstra que o fator decisivo é a má situação económica em que os entrevistados vivem – o que também vale para o Ocidente.
Prova disso é o alto grau de xenofobia verificado entre os desempregados. Os autores do estudo partem do princípio de que a conjuntura social tem maior influência sobre as atitudes de extrema direita do que as notícias sobre neonazismo, como os recentemente descobertos assassinatos cometidos pela célula terrorista Clandestinidade Nacional-Socialista (NSU), de Zwickau.
Primeiras estatísticas sobre islamofobia
Para a pesquisa foram entrevistados pessoalmente cerca de 2.500 participantes em meados de 2012. Pela 1ª vez, a opinião sobre o islamismo foi tema, pois nos últimos anos os partidos populistas de direita estão a apostar de forma crescente na propaganda anti-islamista. Assim, sugerem os autores, a islamofobia deve ser encarada como "droga de introdução ao vício" do extremismo.
Neste caso, mais da metade das pessoas arguidas concordaram com as afirmativas de que o mundo islâmico seria retrógrado e que o Islão, como religião arcaica, seria incapaz de se adaptar ao presente. Mais de 45% negam que representantes islâmicos tenham o direito de criticar o mundo ocidental. "Esta é uma percentagem assustadoramente alta", comenta Oliver Decker, coautor do estudo.
Os pesquisadores sublinham que a educação funciona como um fator de proteção contra a ideologia de direita radical. O problema das atitudes de extrema direita também é bem menos difundido nas regiões com forte presença de imigrantes.
No entanto, as presentes estatísticas devem permanecer como sinal de alarme para a política alemã, reforçam os autores. Eles reivindicam que as medidas anti extremismo de direita sejam definidas como tarefas transversais, ou seja: um problema que afeta todos os setores da vida em sociedade.
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