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quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Ecos da blogosfera – 29 nov.

No meu país
Igual ao teu país
Onde esvoaçam gaivotas junto ao rio
Asas feitas de mar
Voando ao vento
Sobre o beijo que o Sol pousa nas ondas
Morrem em cada verso mil poetas
Por mil razões sentidas do seu povo.

País de Sol e sal
País defunto
Onde se alaga em choros a muralha
E em pleno dia a noite é mais profunda.

País irmão do teu
País igual
Aonde chegam turistas com roteiros
À procura de sonhos nos mosteiros
Dos olhos pacientes
Que não partem.

País de pranto e fel
País sem esperança
Sem alento, sem leme ou direcção
Onde a justiça se cala e compromete
Em silêncios que nos trazem à memória
Longínquas fontes de calado canto.

País irmão do teu
País igual
Onde as gaivotas do rio
Que esvoaçam
Asas nimbadas de teimas e de lutas
À noite
No convés
Quando adormecem
Sobre o casco dos barcos que apodrecem
Vão sonhando o sal de outras marés
E o voo de novos horizontes.

Soledade Martinho Costa


2 comentários:

  1. Grata pela atenção, amigo Miguel Loureiro. (Muito bonita a imagem!)Abraço da Soledade Martinho Costa.

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    1. Soledade
      Eu é que agradeço essa maneira doce de falar do infortúnio, de um país inefável, como dizia Jorge de Senna...

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