Enquanto isso, jornais alemães denunciam discriminação do governo.
As autoridades alemãs inauguraram na capital alemã o primeiro memorial em homenagem aos milhares de ciganos perseguidos e mortos pelo regime nazi de Adolf Hitler. Estima-se que entre 220.000 a 500.000 membros da comunidade cigana foram executados no Holocausto.
A chanceler alemã, Angela Merkel, e o presidente do país, Joachim Gauck, uniram-se a 100 ciganos sobreviventes do massacre na cerimónia de abertura. Uma flor foi erguida num pedestal triangular no meio de um lago circular e os presentes fizeram 2 minutos de silêncio em memória das vítimas.
“Para mim, é muito importante que nós tenhamos uma cultura da lembrança”, afirmou Merkel. “Todas as gerações devem confrontar a sua própria história. E, para isso, devemos ter espaços adequados para as pessoas irem, no futuro, quando as testemunhas daquele tempo não estiverem mais vivas”.
O poema "Auschwitz" escrito pelo poeta italiano Santino Spinelli está cravado em torno da borda do lago e a cronologia do regime nazi exposta nas suas cercanias. O memorial, localizado no parque Tiergarten próximo ao parlamento alemão, foi construído depois de anos de discussão sobre seu custo e projeto arquitetónico.
Merkel recordou que a homenagem aos judeus assassinados por Hitler também levou anos para sair do papel e justificou a demora do governo alemão.
A inauguração vem no mesmo dia em que jornais alemães acusam o ministro do Interior, Hans-Peter Friedrich, de discriminar os ciganos e dificultar a entrada de imigrantes, mesmo como refugiados, no país. Organizações de direitos humanos, jornalistas e ciganos aproveitaram a oportunidade para denunciar o preconceito que os ciganos ainda enfrentam no país.
“A abertura do memorial manda uma importante mensagem para a sociedade de que o sentimento contra ciganos é tão inaceitável quanto o antissemitismo”, afirmou Romani Rose, líder da comunidade na Alemanha.
“Apesar de o memorial reconhecer finalmente o genocídio nazi dos ciganos na Europa, não mostra uma solução para o dilema da exclusão e segregação que as gerações futuras dos ciganos enfrenta”, analisa o jornal alemão Der Tagesspiegel.
Estamos todos de acordo com Merkel, quando diz que “Todas as gerações devem confrontar a sua própria história. E, para isso, devemos ter espaços adequados para as pessoas irem, no futuro, quando as testemunhas daquele tempo não estiverem mais vivas”.
E por isso, é urgente um outro memorial sobre a pobreza crescente na Europa, que já não escolhe etnias, para que possa lembrar no presente, aos responsáveis pelo flagelo, a “morte lenta” que estão a espalhar como a peste e aos sacrificados (80.000.000 de pobres em 2010, na UE), a “morte lenta” a que estão a ser sujeitos e que o futuro obrigará os primeiros a retratarem-se e a prestarem (já tarde) uma homenagem sem sentido…
A virtualidade do ato e a realidade (ainda) atual denunciada pelos media, mostra bem a hipocrisia do Poder e a manipulação da opinião pública, branqueando a anteriori uma campanha pré-eleitoral já em marcha.
A exclusão, ou as exclusões não escolhem à toa, são certeiras e com mira…
Rostos cavados
olhos extintos
lábios frios
silêncio
um coração destroçado
sem respiração
sem palavras
sem lágrimas
Poema "Auschwitz" de Santino Spinelli
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