Proposta ainda será discutida com os parceiros sociais, mas fonte governamental já admite recuar na redução do limite mínimo do subsídio.
O Governo enviou aos parceiros sociais uma proposta que reduz em 42 euro o valor mínimo do Subsídio de Desemprego (66.000 pessoas) e caso avance, a medida colocará muitos beneficiários do subsídio de desemprego a receber um valor inferior ao do limiar de pobreza: 421 euros, mas esta medida poderá ficar pelo caminho segundo fonte governamental, que admitiu deixá-la cair durante as negociações na Concertação Social.
O Rendimento Social de Inserção também vai ter cortes (295.000 pessoas), no caso de beneficiários individuais 2,25%.
O Complemento para Idosos (CSI) deixa de ser atribuído a pensionistas cuja reforma supere os 600 euros. Estas medidas afetam 750.000 pessoas.
Os limites agora propostos poderão ser alterados durante a negociação com os parceiros. O Ministério da Solidariedade e da Segurança Social lembra que este documento é preliminar e uma proposta de trabalho sendo, por isso, "no espírito da negociação, sujeito a alterações no âmbito do diálogo social tripartido".
O secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, apontou a "enormíssima insensibilidade social, a profunda desumanidade do Governo", que, disse, continua ser "mãos largas" para os grupos económicos e financeiros e a ser aplicada a medida, "agrava ainda mais a situação dos desempregados", já que "coloca dezenas e dezenas de milhares abaixo do limiar da pobreza".
"Estamos totalmente contra esta medida (...). Reduzir o subsídio de desemprego mais do que ele é hoje é totalmente absurdo", comentou o secretário-geral da UGT, João Proença, lembrando que "as pessoas vivem momentos cada vez mais difíceis" e que "o subsídio de desemprego é relativamente baixo em Portugal e está a aumentar a duração do desemprego" e muitas vezes, "esgota-se o subsídio de desemprego sem as pessoas encontrarem uma alternativa".
"São de evitar medidas de austeridade cega, devendo-se seguir pelo caminho dos sacrifícios que sejam justos. Deverão ser poupados os desempregados e os pensionistas (por vezes, com pensões de pobreza que nos deveriam envergonhar a todos)", defendeu o padre Manuel Morujão, reconhecendo que a solução da crise depende de todos, considerou que o Governo e a classe política têm uma responsabilidade muito especial em encontrar uma saída para o problema.
"Confiamos que possam haver os devidos acertos para que se respeite e ajude os nossos concidadãos que vivem na fronteira da dignidade humana, permanentemente ameaçados pela pobreza, pela falta do pão de cada dia", concluiu.
Claro que a criatividade deste governo, mas talvez seja mais justo dizer-se de Vítor Gaspar e Passos Coelho, é demais limitada e condicionada por objetivos cada vez mais claros. Reduzir despesa? Adivinhe-se… aos mais baixos, aos mais indefesos, aos desempregados, aos que não tem nada, aos mais idosos!
Já não há adjetivos que os classifiquem, nem às propostas que lançam a apalpar terreno, nem à estratégia manipuladora da “negociação”…
E vão negociar com os “parceiros sociais”? Parceiros do governo ou defensores dos seus associados? E se já dizem que é para recuar, estão a gozar com quem?
Para que inquietar 750.000 pessoas, que já estão mais do que inquietadas?
E já não são só as demoníacas confederações de sindicatos a classificar as medidas antropofágicas destes políticos de trampa (evito o vernáculo), mas é já, e também, a Santa Madre Igreja (não é D. Januário) que faz coro, não com argumentos doutrinários e dogmáticos, mas com meros conceitos políticos, direitos constitucionais e Direitos Humanos, responsabilizando o Governo e a classe política por encontrar as soluções, com JUSTIÇA.
E perante dois partidos, um democrata cristão, que tinha que seguir a doutrina social da Igreja católica e outro social-democrata, que tinha que perseguir a justiça dos direitos sociais, é preciso que a Conferência Episcopal Portuguesa venha lembrar-lhes que o patamar mínimo da caridade é a justiça dos Estados, que não podem passar as suas responsabilidade para “os outros” cidadãos…
“Ao governo não compete fazer caridade, compete fazer justiça”. E por justiça, neste caso em concreto, entende-se o cumprimento das obrigações do Estado.
“O patamar mínimo da caridade é a justiça. E ninguém se deveria sentir bem na sociedade, concretamente os governantes, se isso não chega aqueles que mais precisam”, disse o padre Manuel Morujão, porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa, elogiando o sentido solidário dos portugueses, em que os pais ajudam os filhos, as famílias se apoiam mutuamente e os vizinhos dão sentido ao conceito de proximidade.
Saímos dos domínios da POLÍTICA e passamos aos atos nos limites da MORAL e aos comportamentos enquadrados na ÉTICA!
O nojo começa a dar náuseas!
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