“Porta do Paraíso”, de Lorenzo Ghiberti Batistério de San Giovanni, Florença |
As consequências da crise capitalista continuam a fazer-se sentir com contundência nos Estados Unidos. De acordo com os dados divulgados pelo Departamento do Trabalho, cerca de 14.000.000 de norte-americanos encontravam-se desempregados no final da semana passada, número que eleva para 9,1% o total de trabalhadores naquela situação no país.
A pressionar o segundo maior índice de desemprego registado no ano de 2011 está a fraca criação de postos de trabalho por parte do setor privado, apenas cerca de 54.000 durante o mês de maio, dizem as estatísticas oficiais.
A situação não deve melhorar durante o corrente ano, já que grandes empresas, como a Boeing, por exemplo, continuam a anunciar despedimentos coletivos. Só a construtora de aeronaves prevê rescindir o vínculo com mais de 500 trabalhadores, apresentando como justificação o fim do trabalho para o programa espacial.
No setor público, por outro lado, já foram despedidos, desde 2008, aproximadamente 446.000 funcionários públicos, sobretudo na Educação, total ao qual acrescem outros 28.000 trabalhadores estatais e municipais despedidos durante o mês de maio.
Fome em Nova York
Para além do desemprego, a pobreza extrema é outro dos flagelos mais sentidos pelo povo norte-americano no quadro da crise sistémica. Só em Nova York existem 1.400.000 famintos, revela a Coligação Contra a Fome daquela cidade. Segundo a organização, entre estas, cerca de 40% são crianças.
A corroborar os dados da ONG, o gabinete de estatísticas local alertou que o índice de pobreza entre os nova-iorquinos cresceu 14,2% em 2008 e 15,8% em 2009, números que já não se registavam desde 1992.
Apesar de já ter abordado aqui este assunto, há cinco meses (The “American way of life” or the “American dream”?), parece que o silêncio dos nossos media não reduziu o problema e coloca os americanos ao mesmo nível em que nos encontramos, no que às estatísticas diz respeito, sobre desemprego e pobreza, o que não nos conforta, nem nos remedeia.
E porque a crise é sistémica, por muito que nos queiram convencer do contrário, ou a aceitar a inevitabilidade de outras praxis político-económicas, também lá, onde o setor privado é rei, não há criação de postos de trabalho e como é lógico e decorrente, a situação não deve melhorar durante o corrente ano, nem nos próximos, a não ser com a ajuda das atividades bélicas, que a “Primavera árabe” lhes veio oferecer.
Por outro lado, como cá, o setor público recorre ao mesmo expediente, de despedir funcionários públicos, e pasme-se, sobretudo na Educação, que como cinicamente se diz, é a base do progresso e da saída da crise a médio prazo. Claro que para os EUA isso não será grande problema porque, como os grandes clubes de futebol, comprarão uns craques estrangeiros (com muitos portugueses incluídos), em quem os países de origem gastaram na formação e manterão, até ao limite, a decadência do sistema educativo americano, que tanto se endeusa…
A consequência, ou a evidência como agora se diz, de todos os desvarios financeiros, que continuam em grande e (voluntariamente) sem regulamentação mundial é o aumento da pobreza extrema, que também como cá, flagela cerca de 40% de crianças.
E é este o paraíso prometido…
Parece-me que a montanha pariu um rato. A esperança em Obama foi sol de pouca dura.
ResponderEliminarmaria
ResponderEliminarEu que não acredito nos homens, nem em mim, acreditei sinceramente que Obama traria algo de diferente para melhor, mas enganei-me, pela simples razão que me esqueci de uma variante importante: ele é americano, mesmo que os americanos tenham dúvidas...
Eu também acreditei, mas estupidamente, porque já deveria sabel que os ídolos têm pés de barro.
ResponderEliminarBeijo e não se esqueça de ir á minha página, já que o blog está a ser difícil.
Diversity
ResponderEliminarA gente vai teimosamente acreditando nos homens/mulheres e esquecendo-se que somos todos homens/mulheres, com pés de barro e às vezes todo o corpo.
Obrigado pela visita e vou colocar o blogue na minha lista.
E muito sucesso para o blogue, embora preferisse que fosse em português, com tradutor.
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