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domingo, 5 de junho de 2011

"Não vendemos, não estamos à venda"! E nós?

Cerca de 100 manifestantes bloquearam esta madrugada a entrada do edifício do ministério grego das Finanças, em Atenas, e penduraram, no 5º andar da fachada, uma bandeira gigante a apelar a uma greve geral contra o reforço das medidas de austeridade.
Os manifestantes da Frente de Luta Sindical (PAME), próxima do Partido Comunista (KKE), não sabem ainda quando tencionam desbloquear a entrada daquele organismo.
O protesto ocorre depois de ter sido convocada para 15 de junho a 3ª greve geral na Grécia este ano, contra as medidas de austeridade impostas ao país desde maio de 2010, em troca de um empréstimo internacional cedido pela "troika" internacional à Grécia, entre as quais exigem um plano de privatizações.
Os planos do governo maioritário do PASOK preveem a concessão imediata de 10% da operadora de telecomunicações grega OTA à Deutsche Telekom, e ainda a privatização dos portos de Atenas, de Salónica e do Banco postal. A operadora de jogos OPAP e o grupo de energia DEI-PPC (Eletricidade da Grécia) estão também incluídos na lista de privatizações previstas até 2013.
Sob o lema "Não vendemos, não estamos à venda", a greve geral de 15 de junho vai incluir desfiles de protesto nas principais cidades do país.
Ponto prévio – Há semanas/meses, que notícias sobre a Grécia e a Irlanda, como já aqui denunciei, são tabu nos media portugueses e se queremos saber alguma coisa, é preciso pescar nos jornais brasileiros, ou lusófonos (não gosto de publicar noutras línguas) e a coisa foi tão longe, que houve uma campanha, pedindo às agência noticiosas portuguesas para tratarem do tema.
Esta primeira notícia, que relata o que a segunda relata, tem origem em Portugal e vamos ver as diferenças, sem querer por em causa a seriedade profissional de quem a fez, mas apenas mostrar as diferenças.
Quando se diz que os manifestantes (cerca de 100) estavam a apelar a uma greve geral, diz-se a seguir que essa greve geral já está convocada para 15 de Junho e que é a 3ª greve geral na Grécia este ano, sem que as outras duas tenham sido notícia cá na terrinha… para não se levantarem ondas (havia uma pré-campanha e uma campanha) já que a razão das mesmas, são as mesmas…
E diz-se que os manifestantes eram da Frente de Luta Sindical, próxima do Partido Comunista, como se tivessem perguntado, ou estivessem todos identificados como tal e a motivação para a contestação fosse a filiação/simpatia partidária (comunistas!) e não a roubalheira e austeridade, que se cola, como aqui, à incompetência e imoralidade do PODER e sobretudo do PODERIO…
E para se perceber a roubalheira (por que vamos passar), o plano de privatizações (por que vamos passar) prevê a concessão imediata de 10% da operadora de telecomunicações grega OTA (aqui PT) à Deutsche Telekom (que deve ser dos nossos irmãos europeus alemães), e ainda a privatização (a preço de saldo, porque é “lixo”) dos portos de Atenas, de Salónica e do Banco Postal (aqui CTT), e ainda operadora de jogos OPAP e o grupo de energia DEI-PPC (aqui EDP).
E como aqui (onde as privatizações/saque serão mais extensivas), o povo não gosta que lhes tenham levado os anéis e ainda lhes queiram cortar os dedos. E em tempos até se falou que os gregos venderiam umas ilhas aos credores, quem sabe se para criarem mais uns off-shores e depositarem o dinheirinho recuperado…
E enquanto a dignidade os motiva (mesmo que haja muito cabeçudo a depreciá-los), os gregos dizem e com razão: “Não vendemos, não estamos à venda.”

Os gregos voltaram este sábado às ruas do país para protestar pacificamente contra as novas medidas de austeridade aprovadas pelo, sendo a segunda semana em que pessoas de todas as idades participam dos protestos convocados pelas redes sociais contra o Governo de "corruptos".
Ocorreram manifestações dos acampados nas principais praças de Atenas, panelaços e outros eventos culturais e protestos contra os políticos e milhares de "indignados" devem tomar conta das ruas este domingo num amplo protesto, após convocatória pelas redes sociais.
Voluntários do movimento dos “indignados” gregos pediram aos que puderam juntar-se-lhes na praça, que demonstrem o apoio hasteando uma bandeira do país nas suas casas.
Após 3 casos de agressão e insultos da multidão contra políticos, os deputados e ministros limitaram as suas aparições públicas.
Centenas de trabalhadores atenderam ao apelo da União de Funcionários Públicos (Adedy) e do Sindicato dos Trabalhadores (GSEE) para a manifestação no centro de Atenas.
Entretanto, nesta segunda notícia, dos media brasileiros, ficamos a saber que os protestos foram pacíficos (lá o povo também é sereno, mas menos), que já vai na segunda semana em que pessoas de todas as idades participam em protestos, que há manifestações de acampados nas principais praças de Atenas, designados de "indignados", como em Espanha, em toda a Europa e em todo o mundo, que devem tomar conta das ruas, hoje, em mais um amplo protesto.
Convenhamos que, num país como o nosso, em que vamos passar por uma situação paralela, isto não é notícia, O que é notícia? A violência, os desastres, os desacatos… ou isto é estratégia, por tanta coincidência? Caramba, nem todos somos estúpidos e quem lê notícias, nem é analfabeto funcional…
Sempre fui contra aquela parolice das bandeiras nacionais nas janelas, no tempo do Scolari, mas estou plenamente de acordo com este apelo dos “indignados” gregos, ao pedirem que, quem está contra a delapidação “troikiana” demonstrem esse sentimento hasteando uma bandeira do país nas suas casas. E até era bonito, que quando vieram cá os da troika, tivéssemos respondidos da mesma forma, ou quando voltarem, para verificarem os TPC que deixaram ao nosso governo, tomássemos essa atitude, para que não percam de vista, que estão em território português…
Curiosa mente, nesta notícia, as centrais sindicais referidas são a ADEDY e o GSEE e nem é referido o PAME… Afinal o comunismo não tem nada a ver com a contestação, como é evidente…
Entretanto, a violência, que só pode vir a substituir o pacifismo, se tudo continuar a degradar a sociedade grega, começa a emergir e com alguma originalidade, porque ataca os responsáveis diretos pela situação e pela humilhação.
Esperemos que os credores, que durante anos impingiram “o conto do vigário”, formatando os cidadãos para acreditarem no Mercado e nos seus acólitos e levaram assim os países à BANCA ROTA, tenham o bom senso para não exagerarem, só para que não haja exageros…

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