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quarta-feira, 23 de março de 2011

Todos juntos não seremos muitos!

Já se pode notar (no Brasil) um número crescente de pessoas, particularmente de empresários - homens e mulheres - que passaram a considerar ser da sua responsabilidade o ato de intervir positivamente em prol de uma sociedade mais justa e solidária.
É vasto o leque de motivações que une essa classe de pessoas nas suas demonstrações de participação cívica e ação voluntária, sendo evidentes fatores como o senso de devolução social (give-back), consciência de civilidade e cidadania, inconformismo e mesmo descrédito nas instituições públicas que, em tese, deveriam tomar para si essas responsabilidades (raciocínio derivado do Contrato Social de Rousseau).
O voluntariado social é uma das formas de organizar os que querem por os seus recursos, conhecimentos, habilidades, experiência, tempo e motivação ao serviço do próximo, da redução das desigualdades de oportunidade e da diminuição das barreiras estruturais que limitam o exercício completo da cidadania de pessoas em situação desfavorável.
Historicamente, fazer trabalho voluntário significava, na maioria das vezes, um exercício pontual de caridade, geralmente motivado por compaixão, religião, vivência próxima a determinada causa ou, na ponta negativa, interesses de promoção pessoal ou controlo social. Por muito tempo, o voluntariado não conseguiu desligar-se da tradição filantrópica assistencialista e paternalista que marcou a formação da(s) cultura(s) (brasileira).
Nas últimas décadas, porém, uma série de transformações mundiais e locais começou a mudar drasticamente esse panorama. Essas transformações são resultado da conjunção de diversos fenómenos, dentre os quais:
I - a mudança do papel dos Estados Nacionais (que cada vez menos conseguem garantir o bem-estar social igualitário);
II - a crise de credibilidade dos partidos políticos (que perderam legitimidade perante a população como mecanismos eficazes para a promoção das mudanças sociais necessárias);
III - o fortalecimento gradual das organizações da sociedade civil (ONGs), como contraponto à hiposuficiência do Estado e
IV - o acirramento mais agudo dos problemas económico-sociais - tais como desemprego e violência - que passaram a afetar diretamente, não apenas os grupos de baixo rendimento restritos às regiões periféricas (ou países do 3º. Mundo), mas também os segmentos de médio e alto rendimento, independente da região, ocupação e mesmo formação.
Neste contexto, o 3º Setor tem-se apresentado aos cidadãos e empresas como um ecossistema mais comprometido com a concreta transformação das realidades sociais negativas que afetam a vida das comunidades e, portanto, dos indivíduos.
As pessoas começam a perceber que, pelo voluntariado, podem não apenas ajudar a construir uma sociedade mais equilibrada, como também encontrar uma alternativa ao modelo individualista de que se tornaram reféns.
As empresas modernas, por sua vez, percebem uma oportunidade relevante de alavancar as suas metas de negócios junto à sua postura de cidadania corporativa, visto que contribuir para o desenvolvimento e manutenção do seu ecossistema e para o incentivo à formação de cidadãos melhores (potenciais trabalhadores e consumidores) é missão que, de certa forma, lhe infere perenidade, além de certa dose de admiração social.
Essa conjunção de fatores vem desencadeando uma repaginação concetual do chamado trabalho voluntário e das suas prorrogativas tradicionais.
Por outras palavras, não basta financiar, há que se arregaçar as mangas, literalmente. Como efeito prático, tal atitude tem resultado em satisfação pessoal para o funcionário voluntário e inúmeros benefícios para a comunidade, gerando direta ou indiretamente enormes ganhos para a empresa envolvida no processo.
Por agregar forte caráter de mudança comportamental corporativa, o voluntariado empresarial tem sido peça relevante na definição dos modelos de responsabilidade social e sustentabilidade nas empresas, contribuindo em muito para a separação das formas tradicionais de filantropia social desconectadas da prática e do envolvimento da empresa com a causa da sua matriz de negócios e operações.
De certa forma, uma coisa passou a ser filantropia corporativa e outra responsabilidade social... ambas válidas, mas diametralmente distintas.
A Lagoa Pequena de Albufeira, em Sesimbra, acolheu uma acção de voluntariado em Família onde mais de 100 pessoas marcaram presença neste desafio ambiental que o GRACE (Grupo de Reflexão e Apoio à Cidadania Empresaria) promoveu e organizou, em conjunto com a SPEA (Sociedade Portuguesa do Estudo das Aves), no âmbito do Ano Europeu do Voluntariado.
Participaram neste dia de Voluntariado das Famílias colaboradores das empresas Jones LangLa Salle, DHL, PT, Eurest, Grupo Auchan, Accenture, Essilor, Miranda Correia Amendoeira & Associados, IBM e Prosegur, entre outros.
O Ano Europeu do Voluntariado decorre ao longo de 2011, estando o GRACE a preparar diversas acções para os seus associados.

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