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sábado, 26 de março de 2011

O que os MILISIEVERTS são capazes de nos fazer!

A Agência de Segurança Nuclear deu o sexto nível de gravidade segundo a escala internacional INES,  à situação na central nuclear japonesa Fukushima-1. A título de comparação, o sétimo nível, o mais alto, foi atribuído à catástrofe de Chernobyl, na Ucrânia, em 1986 , o mais grave da história.
Atualmente, uma nova nuvem de vapor branco eleva-se acima da central nuclear de Fukushima-1, informou a imprensa local. De acordo com especialistas da TEPCO (Tokyo Electric Power Co), empresa operadora da central, o vapor poderia sair da piscina do 3º bloco de energia, onde se arrefecem 514 varetas utilizadas como combustível.
Enquanto isso, a TEPCO confirmou um prejuízo de 70% nas barras de combustível do reator 1, e 33% no reator 2.  A empresa teme que se tenha provocado uma fusão parcial do núcleo, o que suporia a emissão de novas partículas radioativas na atmosfera.
A TEPCO dá a conhecer, através do seu site, que segundo os seus últimos dados o nível medido de radiação no pavimento acidentado é de 1.000 milisieverts (mSv) por hora.  No entanto, salienta que nas últimas horas o índice sofreu alterações muito drásticas: variou entre 1.000 e 11.000 mSv por hora. Especialistas dizem que submeter-se a um nível de radiação de 11.000 mSv por hora durante 10 minutos é o equivalente a receber a dose anual permitida.
Quanto às previsões sobre a contaminação da própria zona e do resto do país, os ecologistas comunicam que, até agora ninguém pode prever praticamente nada. Salientam que não é um caso em que funcione a noção do nível médio de radiação e faz falta realizar medições muito precisas. Em alguns lugares, os níveis de radiação podem ser altos; em outros, baixos, o que, em média dará um índice permitido, mas a situação real continuará a ser muito perigosa. Além disso, a situação muda constantemente: os ventos deslocam nuvens radioativas, enquanto a chuva fazem chegar as substâncias tóxicas ao solo.
Os médicos dizem que não é possível prever como as overdoses de radiação ejetada da central afectará a saúde: atualmente não se sabe a composição exata da nuvem radioativa.
No caso de prevalecer nesta o iodo ou qualquer outro tipo de isótopos de média de vida curta, a situação não é tão grave. Este tipo de isótopo tem um período curto de desintegração, não persistem, nem na atmosfera, nem na água, solo, ou plantas. Os efeitos negativos para a saúde são remediados através da ingestão de iodeto de potássio, que "bloqueia” a glândula tiróide e impede que absorva o veneno, o que já provocou uma procura muito alta destas pastilhas. Segundo a imprensa japonesa, nos centros que acolhem os evacuados da área do acidente nuclear, as autoridades distribuíram 200.000 cápsulas de iodeto de potássio como medida preventiva.
No entanto, no caso de se tratar de uma fuga maciça de césio, tudo será muito diferente. O césio tem uma vida média longa. Não se desintegra, antes se acumula, tanto no solo, na água e nas plantas, como em todos os tecidos do organismo humano (e não apenas na glândula tiróide) e permanece ativa por muitos anos. A contaminação radioativa causada pelo césio pode persistir no meio ambiente durante séculos, mesmo que se apliquem diferentes métodos de limpeza, segundo os ecologistas.
Os médicos dizem que com o tempo os resíduos nucleares se decompõem e com o pó se espalham no ar e chegam às plantas, rios, lagos e águas subterrâneas, acarretando consequências para a saúde ao longo de décadas. Desta maneira, um foco de todos o tipo de doenças na região afetada não eclode imediatamente depois de um acidente nuclear. É sabido, por exemplo, que os casos de cancro nas zonas contaminadas aumentam muito significativamente, 25 anos depois de acontecer um desastre industrial. Esse é o tempo que o solo e, portanto, os alimentos “necessitam” para acumular elementos radioativos "com longevidade" nas doses que depois podem voltar a causar transformações cancerígenas.
As transformações podem também manifestar-se em gerações posteriores, neste caso, seria tratar-se-ia já de uma mutação.
O nível sobrelevado de radiação provoca doenças de diversa gravidade. Podem ser cataratas, hemorragias, cancro, ou problemas cardiovasculares, ou imunitários. Depende do grau de exposição, da natureza das radiações e dos órgãos atingidos. Doses idênticas de diferentes tipos de radiação têm efeitos diferentes no organismo humano. Além disso, tecidos diferentes reagem de maneiras distintas à radiação. Assim, os mais vulneráveis ​​deste ponto de vista são os ovários e os testículos: consideram-se 20 vezes mais sensíveis ao cancro da pele.
Outros fatores importantes são a via de absorção (oral ou cutânea)  e, claro, a suscetibilidade individual, ou seja, a capacidade de reparar o ADN.  Os grupos de alto risco são, em primeiro lugar, os bebés e os embriões.
Quanto às doses de radiação, os riscos de curto prazo são frequentemente considerados os seguintes:
- Submeter-se a uma radiação direta de um nível entre 250 e 1.000 millisievert (mSv) pode causar náuseas e danos no baço e gânglios linfáticos;
- Submeter-se a uma radiação direta entre 1.000 e 3.000 mSv provoca náuseas, entre leves a agudas, perda de medula óssea bastante grave e gânglios linfáticos.  A recuperação neste caso é apenas provável;
- Submeter-se a uma radiação direta entre 3.000 e 6000 mSv provoca náuseas severas, hemorragias, diarreia. Em 50% dos casos a perda de medula óssea resulta tão grave que causa a morte nos dois meses seguintes;
- Submeter-se a uma radiação direta entre 6.000 e 10.000 mSv provoca os mesmos sintomas, mais danos graves aos pulmões e ao aparelho digestivo, o que em 50% dos casos termina na morte dentro de 20 dias;
- Submeter-se a uma radiação direta mais de mais de 10.000 mSv provoca o colapso do sistema nervoso central e morte quase imediatamente.

Depois do aviso de aumento dos níveis de radiação na central nuclear japonesa  de Fukushima Daiichi danificada com o terramoto e tsunami de 11 de Março seria melhor rever as regras de como reagir, quem vive perto de uma central nuclear durante uma emergência, para evitar a ameaça de exposição à radiação e, como consequência, a morte ou danos graves para a saúde.
Se ouvir um alerta de emergência:
- Ir para um abrigo, se possível, subterrânea, por exemplo, uma cave;
- Se permanecer no interior da casa, fechar portas e janelas, desligar o ar condicionado, ventiladores, fornos e outras entradas de ar;
- Manter um rádio de pilhas sempre consigo e escutá-lo para obter instruções oficiais;
- Em caso de desalojamento, manter as janelas do carro e a ventilação fechadas, usar ar recirculado. É aconselhável usar uma máscara de gás, respirador, ou mesmo uma máscara molhada para evitar inalação de partículas de poeira contaminada;
- Não utilizar o telefone, excepto se for absolutamente necessário;
- Se suspeitar que esteve exposto à radiação nuclear:
·        Mude de roupa e sapatos
·        Coloque a roupa exposta num saco plástico
·        Feche o saco e joga-o fora
·        Tome um banho.
- Mantenha os alimentos em recipientes fechados ou no frigorífico. Os alimentos que antes não tenham sido cobertos devem ser lavados antes de os colocar em contentores;
- Não deixe o seu abrigo até que as autoridades digam que é seguro fazê-lo. Pode-se passar, desde alguns dias até um mês, num abrigo até que as equipas de resgate meçam o grau de contaminação, ou caiam os níveis de radiação.

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