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quarta-feira, 23 de março de 2011

E cada um de nós pode confirmar os resultados…

O excesso de informações confunde o cérebro e dificulta a memorização, comprovaram pesquisadores das universidades Stanford e Yale, nos EUA. "Descobrimos que a concorrência entre lembranças resulta em memória pior", disse o psicólogo Brice Kuhl, pesquisador de Yale e principal autor do trabalho.
Diariamente e o tempo todo, o cérebro é exposto a toneladas de informações. Umas são mais lembradas do que outras. "Embora saibamos que a competição entre memórias é uma parte fundamental da memorização, há poucas provas de como o processo acontece no cérebro", escrevem os autores, no artigo publicado ontem na revista "Proceedings of the National Academy of Sciences".
O estudo monitorizou com ressonância magnética a atividade cerebral de voluntários, durante teste composto de várias rodadas.
No teste de memória, imagens e informações eram misturadas em placas e as pessoas deviam lembrar-se do conteúdo separadamente.
Os pesquisadores descobriram que, quando a lembrança era clara, era como se a pessoa revivesse o momento em que a memória foi armazenada, com a ativação das mesmas áreas cerebrais. Mas, quando as informações foram misturadas, o cérebro também se confundiu e tentou reproduzir duas memórias. A pessoa teve dificuldade de se lembrar com clareza do conteúdo. "É como se a memória estivesse borrada. Pode-se dizer que quando tentamos guardar duas coisas, não guardamos direito nenhuma delas", afirma Cláudio da Cunha, pesquisador de neurociência e farmacologia da Universidade Federal do Paraná.
MEMÓRIA FOTOGRÁFICA
Para a bióloga e neurocientista, Valéria Catelli Costa, pesquisadora da USP, o maior achado do trabalho foi mostrar como as memórias são codificadas no cérebro, formando "desenhos".
A facilidade ou dificuldade de se lembrar de um acontecimento depende de como essa codificação foi feita. "Quanto mais associamos dados a um facto, mais fácil fica lembrar-se, e melhor é a codificação."
Segundo os autores, a codificação é influenciada por memórias antigas e analogias com eventos diferentes.
"Pode ser uma influência negativa ou positiva. A memória de um número de telefone velho torna mais difícil aprender um novo número", exemplifica Kuhl. Mas, também, um especialista em vinhos só é especialista porque se lembra de conhecimentos anteriores.
"Selecionamos memórias úteis. Guardamos o que é requisitado em tarefas", diz o neurologista Benito Damasceno, da Unicamp. Para ele, o processo de competição é positivo, porque nos torna capaz de separar o que é importante. "Com a seleção conseguimos consolidar uma aprendizagem e reviver um acontecimento."
O problema é que nem sempre essa seleção é consciente. Para o pesquisador americano, não existem memórias mais fortes do que outras. Então, não adianta muito esforçar-se para lembrar a data do aniversário de casamento, por exemplo. "Queremos pensar que as memórias emocionais ou afetivas são mais fortes, mas nem sempre isso é verdade."

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