CE vai cobrar pelo reforço do fundo europeu. Fonte de Bruxelas garante que mudanças "muito exigentes" vão ser obrigatórias e que idade da reforma pode subir para os 67 anos.
As alterações que se adivinham ao Fundo Europeu de Estabilidade Financeira têm sido saudadas por responsáveis portugueses como uma forma sustentável de sair da crise. No entanto, a ajuda não chegará sem um lado B, já que Bruxelas está a preparar um conjunto de reformas obrigatórias para os países do euro, como contrapartida pelo reforço do fundo.
"Será apresentado um conjunto de reformas estruturais muito exigentes, principalmente no que diz respeito ao aumento da idade da reforma e à liberalização do mercado laboral. Mas também nas próprias pensões e mecanismos legais de controlo do défice orçamental", admitiu uma fonte junto da CE. Aumentar a idade da reforma para os 67 anos é um dos pontos em discussão, uma subida correspondente à que foi anunciada por Espanha. "É o preço do pacote de ajuda. Em conjunto com o anúncio de reforço do fundo serão impostas reformas no sentido de mais convergência e harmonização entre estados membros."
E se o FMI vier na mesma?
A receita não é nova: corte dos salários, congelamento do salário mínimo e liberalização do Código do Trabalho são recomendados pelo FMI no seu último relatório sobre Portugal, de 25 de Janeiro de 2010. Na prática, trata-se de cortar salários durante uma década, uma queda de 5,8% dos salários reais dos trabalhadores nos próximos 5 anos e de 2,2% nos próximos 10.
A notícia fala de mais coisas, em “economês”, mas na prática o que importa destacar é isto e relativamente a Portugal:
1 - A “Esperança de Vida” em Portugal é em média de 77,7 anos, sendo 74,4 anos para os Homens e 81,2 anos para as Mulheres. Se fizermos umas contas simples, de matemática básica (não entrando com as exigências do PISA) e a proposta do aumento da idade da Reforma para os 67 anos, verificamos que:
a) Em média, descontaremos durante 42 anos, para usufruirmos apenas de 10,7 anos desses descontos, o que é um furto maior do que o que já sofremos;
b) Os Homens “beneficiarão” apenas de 7,4 anos dos mesmos descontos de 42 anos, o que é um furto maior do que o que já sofremos e
c) As Mulheres “beneficiarão" de 14,2 anos dos mesmos descontos, o que é um furto maior do que o que já sofremos.
2 – Podíamos falar da desigualdade entre homens e mulheres (desta vez em favor delas), ou sobre a capacidade produtiva de velhos no activo, mas seria macabro e desviante.
3 - Como já tenho dito, daqui a pouco teremos apenas direito ao subsídio de enterro, o que já vai acontecendo para os que não atingem as médias de esperança de vida e quem herdará os montantes dos nossos descontos será o Estado. Daí o furto, de DIREITOS e de DINHEIRO, com a maior desfaçatez e falaciosos argumentos que alguma vez se apresentou, com o silêncio de sociólogos, demógrafos e outros especialistas.
E assim se “inventa”, ou como se diz agora “inova” a sustentabilidade da Segurança Social, à custa dos próprios trabalhadores, que descontam muito para terem direito a quase nada, se tiverem, mas com a “sorte” de verem os seus ordenados diminuídos e os respectivos descontos para a aposentação (ou não?)…
Uma coisa é certa, estes demagogos económicos e sociólogos, nunca receberão o Prémio Nobel da Economia, porque só o merece quem é cientificamente sério, e não sendo isto sequer Política, mas apenas Matemática, talvez venham a ganhar o Nobel da Paz (celestial)...
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