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segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Será 2011 o 1º ano de guerras sociais na UE?

Os jovens gregos encheram os bairros boémios da capital durante o fim-de-semana. "Falamos da crise na segunda-feira, nas manifestações, ok?", propõe um deles.
"Apertar o cinto? Já ninguém o pode apertar mais!", diz Yannis, 21 anos, enquanto bebe mais um cálice de raki, uma aguardente produzida na região dos Balcãs, macia mas forte, vendida pelo preço de um euro nos bares do bairro boémio de Monastiraki-Miaouli.
Mas, ontem à noite, os jovens de Atenas não queriam falar da crise nem da nova semana de greves gerais que começa amanhã, segunda-feira, dia 20.
A noite não estava muito fria, as esplanadas estavam aquecidas e as ruas repletas de jovens divertidos. "A greve? Falamos disso na segunda-feira na manifestação em frente ao Parlamento", acrescenta Yannis, estudante de direito.
Depois de uma semana de greves, manifestações e violência, os atenienses gozaram um fim-de-semana bastante relaxado. Nos dois bairros boémios, as noitadas de sexta e sábado fluíram alegres até de madrugada.
O novo plano de austeridade imposto pela UE e o FMI, que prevê fortes cortes de 10% a 25% nos salários da classe média e alta, subida de taxas dos produtos de base (alimentação) e mais facilidades para os despedimentos, levou os sindicatos a apelarem a novas greves gerais durante esta semana. Até no dia 24, véspera de Natal, os gregos farão greve parcial entre as 12h e as 16h!
A recessão (o PIB de 2010 é negativo - 4%) deverá prolongar-se no próximo ano e os gregos já tiveram de facto de apertar bem o cinto. Mas tanto os jovens como os sindicatos dizem que já não aguentam mais. A Grécia, sobretudo a capital, estará paralisada durante toda a semana que agora começa.
Nos hotéis, os poucos turistas que ainda se encontram em Atenas enfileiram-se para ler os avisos que diariamente são colados aos vidros, nas portas e dentro dos elevadores - "Atenção, devido a uma greve geral, dia 20, 21, 22... tome precauções porque não circularão transportes públicos!"
A Grécia é o 1º exemplo da falha da política de AUSTERIDADE, ou melhor, do sucesso dessa política, mas para o FMI e a UE. E também tem sido um exemplo de resistência de um povo soberano, maltratado pelos usurários da Dívida Soberana.
Como era previsível, a violência de rua tem sido a resposta dos gregos, mas que deverá redundar em instabilidade social e marginalidade, quando as carências começarem a aumentar e as soluções a resultarem no avesso das promessas.
E o que lá se passa e passará, vai repetir-se na Irlanda, em Espanha e (talvez) em Portugal. Na Itália, Berlusconi vai apanhando, mas aguentando…
Estaremos no princípio de uma política suicida, que leve a Europa para uma guerra social?
Semeando ventos… a resposta em vídeo.

2 comentários:

  1. Imagens terríveis a acompanhar um texto muito realista. Entraremos numa terceira guerra mundial?

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  2. Ibel
    Esta guerra não será mundial, mas mundializada, porque se vai confinar a cada país. Digamos que serão guerras "civis" entre os Governantes e os (des)governados, entre o Poder (político e financeiro) e a Sociedade Civil.
    Mas que vai haver molha, vai, se não arrepiarem caminho...

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