Nasceu em Setúbal, a 15 de Setembro de 1765 e morreu em Lisboa, a 21 de Dezembro de 1805.
Foi um poeta português e, possivelmente, o maior representante do arcadismo lusitano. Embora ícone deste movimento literário é uma figura inserida num período de transição do estilo clássico para o estilo romântico que terá forte presença na literatura portuguesa do século XIX.
Retrato gravado a buril e água-forte por Joaquim Pedro de Sousa |
Auto-retrato
Magro, de olhos azuis, carão moreno,
Bem servido de pés, meão na altura,
Triste de facha, o mesmo de figura,
Nariz alto no meio, e não pequeno;
Incapaz de assistir num só terreno,
Mais propenso ao furor do que à ternura;
Bebendo em níveas mãos, por taça escura,
De zelos infernais letal veneno;
Devoto incensador de mil deidades
(Digo, de moças mil) num só momento,
E somente no altar amando os frades,
Eis Bocage, em quem luz algum talento;
Saíram dele mesmo estas verdades,
Num dia em que se achou mais pachorrento.
Bocage
Miguel Loureiro:
ResponderEliminarCaríssimo:
Oferecesse-se-me registar algo sobre o sadino, Elmano Sadino, Bocage:
Não esqueço de que foi o primeiro luso poeta de que meus ouvidos ouviram o francês nome du Bocage.
Isto, derivado às suas famosas anedotas, que já então, anos 40, chegavam ao Portugal profundo Trás-os-Montes, por onde, como sói dizer-se o Cristo não passou.
Torga, em registo do Diário, o considera um menor vate.
A Camões se comparou em famoso soneto que começa «Camões, grande Camões, quão semelhante acho meu fado ao teu quando os cotejo…» e termina «Se te imito nos transes da ventura, não te imito nos dons da natureza.».
Pois Bocage foi razoável cultor do soneto com Antero, Florbela, Camões, Bernardes, e lembrado paladino da liberdade haurida na libertária e terrorista Revolução Francesa.
Que mais dizer? Seu auto-retrato foi muita vez glosado, e, passe a imodéstia, deixo aqui glosa minha ao dito no corpo do post transcrito, com aquele abraço ao Miguel e o imprescindível voto de Bom Natal (extensivo aos frequentadores e frequentadoras da contra-facção):
Olhos castanhos, gordo, agreste cara;
meio bronco nos pés; alta postura;
aspeito incerto, de alegria ou de tristura;
nariz dobrado a meio, feroz, torto;
ânimo vário, mas mais brando agora;
co’a idade inclinado a mover-se-lhe coração ferido;
p’los cafés matando os dias;
a sorrisos gentis nunca insensível, digo, a cândidas musas;
quase só p’lo confesso suportando padres;
eis Ochôa: Luas asas lhe deram desta a devaneio.
Ângelo Ochôa
ResponderEliminarObrigado pelo presente do seu auto-retrato, que vou publicar, sem a foto, claro e devolvo os votos pessoais de Bom Natal e a quem aqui vem.
Muito obrigado pelos, votos, pelas visitas e pela participação.