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quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Ontem, fez 205 anos que morreu Bocage

Nasceu em Setúbal, a 15 de Setembro de 1765  e morreu em Lisboa, a 21 de Dezembro de 1805.
Foi um poeta português e, possivelmente, o maior representante do arcadismo lusitano. Embora ícone deste movimento literário é uma figura inserida num período de transição do estilo clássico para o estilo romântico que terá forte presença na literatura portuguesa do século XIX.
Retrato gravado a buril e água-forte
por Joaquim Pedro de Sousa
Auto-retrato

Magro, de olhos azuis, carão moreno,
Bem servido de pés, meão na altura,
Triste de facha, o mesmo de figura,
Nariz alto no meio, e não pequeno;
Incapaz de assistir num só terreno,
Mais propenso ao furor do que à ternura;
Bebendo em níveas mãos, por taça escura,
De zelos infernais letal veneno;
Devoto incensador de mil deidades
(Digo, de moças mil) num só momento,
E somente no altar amando os frades,
Eis Bocage, em quem luz algum talento;
Saíram dele mesmo estas verdades,
Num dia em que se achou mais pachorrento.
Bocage

2 comentários:

  1. Miguel Loureiro:
    Caríssimo:
    Oferecesse-se-me registar algo sobre o sadino, Elmano Sadino, Bocage:
    Não esqueço de que foi o primeiro luso poeta de que meus ouvidos ouviram o francês nome du Bocage.
    Isto, derivado às suas famosas anedotas, que já então, anos 40, chegavam ao Portugal profundo Trás-os-Montes, por onde, como sói dizer-se o Cristo não passou.
    Torga, em registo do Diário, o considera um menor vate.
    A Camões se comparou em famoso soneto que começa «Camões, grande Camões, quão semelhante acho meu fado ao teu quando os cotejo…» e termina «Se te imito nos transes da ventura, não te imito nos dons da natureza.».
    Pois Bocage foi razoável cultor do soneto com Antero, Florbela, Camões, Bernardes, e lembrado paladino da liberdade haurida na libertária e terrorista Revolução Francesa.
    Que mais dizer? Seu auto-retrato foi muita vez glosado, e, passe a imodéstia, deixo aqui glosa minha ao dito no corpo do post transcrito, com aquele abraço ao Miguel e o imprescindível voto de Bom Natal (extensivo aos frequentadores e frequentadoras da contra-facção):
    Olhos castanhos, gordo, agreste cara;
    meio bronco nos pés; alta postura;
    aspeito incerto, de alegria ou de tristura;
    nariz dobrado a meio, feroz, torto;
    ânimo vário, mas mais brando agora;
    co’a idade inclinado a mover-se-lhe coração ferido;
    p’los cafés matando os dias;
    a sorrisos gentis nunca insensível, digo, a cândidas musas;
    quase só p’lo confesso suportando padres;
    eis Ochôa: Luas asas lhe deram desta a devaneio.

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  2. Ângelo Ochôa
    Obrigado pelo presente do seu auto-retrato, que vou publicar, sem a foto, claro e devolvo os votos pessoais de Bom Natal e a quem aqui vem.
    Muito obrigado pelos, votos, pelas visitas e pela participação.

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