As medidas de austeridade, tomadas para combater a crise económica, têm levado os europeus, afectados directamente no bolso e preocupados com o emprego, a assumir prudência na hora de comprar os seus presentes de Natal.
Este efeito é particularmente espectacular em países como Grécia, Irlanda e Portugal, os mais susceptíveis à pressão pelos mercados inquietos pelo nível das suas dívidas. Mas a austeridade afecta a maior parte da União Europeia, da Espanha ao Reino Unido, passando pela França.
A redução de salários, os cortes nos serviços sociais e as perdas de emprego estão corroendo o poder aquisitivo dos consumidores.
"Sentimos, de facto, uma certa insegurança por parte dos consumidores. São mais prudentes nas suas compras. As pessoas esperam, em geral, ter um pagamento extra (na época de Natal) para fazer as suas compras", constata o Presidente da Associação de Comerciantes do Porto (Portugal).
Na Grécia, a Confederação Nacional de Comerciantes (ESEE) destaca o risco de "uma queda brutal do volume de negócios durante as festas de Natal", que representa na maioria entre 20% e 25% das vendas anuais. "Para estas festas, só tenho um extra de 400 euros no meu salário contra os 1.800 euros que recebi no ano passado", explicou um funcionário de uma empresa pública.
Na Irlanda, a confederação patronal IBEC espera também "uma baixa das vendas de Natal". Neste país, com grande tradição natalícia, "as pessoas estão preparadas, gastarão um pouco menos, mas conservarão o essencial", disse o Presidente da Organização Patronal "Retail Ireland". "É também uma ocasião para esquecer um pouco as preocupações", acrescentou. Os irlandeses continuarão "a comprar bombons para o Natal, porém mais baratos".
Na Espanha, que tem o índice de desemprego mais elevado da zona do euro (20%), as despesas no Natal cairão 7,4%, segundo estudo da Federação de Usuários-Consumidores Independentes (FUCI). "Durante os três últimos anos, o consumo caiu 24%. Isto mostra o estrago que a crise provoca em muitas famílias que têm que reduzir ainda mais as suas despesas durante as festas para chegarem ao fim do mês", disse a presidente da FUCI. A austeridade afecta também a tradicional lotaria de Natal, cujas vendas de cautelas caíram 9%.
Os italianos também se mostram prudentes, marcados pela incerteza económica e pelo medo de perder o trabalho, segundo uma pesquisa publicada pela associação patronal Confesercenti. No Natal, os italianos vão gastar 5,84 mil milhões de euros, procedentes de pagamentos extras, ou seja, 373 milhões a menos do que no ano passado.
Na França, as despesas com as festas diminuirão 4%, segundo as previsões do gabinete Deloitte.
Alguns países europeus vivem, no entanto, uma certa melhoria: na Alemanha, estima-se que os gastos natalícios vão aumentar 2,5% segundo a federação do comércio HDE.
Na Grã-Bretanha, a temporada anuncia-se melhor este ano, segundo 2/3 dos comerciantes entrevistados pela confederação patronal CBI. As medidas de austeridade paradoxalmente favorecem as compras, antes da alta do IVA no começo de Janeiro.
O Pai Natal não se esqueceu de quase ninguém, só que em vez de presentes, vais trazer ausentes.
E dizem que com menos dinheiro se gasta menos (claro), gastando-se menos reduz-se a necessidade de produtos (óbvio), produzindo menos as empresas vão à falência e aumenta o desemprego (linear) e aumentando o desemprego, com redução das indemnizações, ainda haverá menos dinheiro (matemático), mas… dizem que percorrendo este roteiro conseguiremos pagar a Dívida! Vamos é aumentá-la!
Estão a gozar com a nossa cara?
Milhares de trabalhadores enfrentaram o tempo gélido neste sábado em várias cidades da Espanha para protestar nas ruas contra as medidas de austeridade e os planos do governo de ampliar a idade para aposentadoria. As manifestações foram convocadas pelos sindicatos mais importantes do país: a União Geral de Trabalhadores e a Confederação Sindical de Comissões Obreiras.
O PM, Zapatero, afirmou na sexta-feira que o Governo está decidido a aumentar a idade para aposentadoria de 65 para 67 anos a partir de Janeiro, apesar da resistência dos Partidos da Oposição e dos Sindicatos, que também ameaçam realizar uma greve geral.
O Banco Central da Espanha e outras instituições financeiras vêm pedindo que o Governo faça essas mudanças como parte das reformas estruturais destinadas a sanar a economia do país. A Espanha está a tentar sair de uma recessão de 2 anos, mas ainda tem a taxa de desemprego mais alta da Europa, de 20%.
O problema dos espanhóis, é o mesmo que o nosso e de todos os cidadãos da União Europeia.
As medidas são “prejudiciais ao funcionamento das instituições”, geram “desmotivação” entre os profissionais das diversas forças de segurança e isso irá reflectir-se “negativamente no trabalho a ser prestado”, declarou Paulo Rodrigues, da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP/PSP), que considera que, sem dinheiro, "será mais difícil para as instituições conseguirem continuar com a qualidade que é preciso", principalmente numa época em que "a grande criminalidade está em alta" e "a pequena criminalidade tem tendência a crescer".
O problema dos portugueses é o mesmo que o dos espanhóis e de todos os cidadãos da União Europeia.
Mas para o abismo é que é o caminho…
Ai que dramático tudo isto, mas tão verdadeiro.
ResponderEliminarRealmente, parece que nos espera o abismo e nós não estamos habituados a passar privações.
Quanto ao nosso primeiro, ele quer lá saber dos segundos ou terceiros...
Anda tudo desmotivado e as pessoas da "nossa idade" querem é vir embora,porque cai tudo sobre os seus ombros.
Ibel
ResponderEliminarO pior é que não é só aqui. O assalto aos direitos dos assalariados é mundial. Estranho é que o poder político vá contra quem os elegeu e que tenha que ser o povo a defender-se, sem armas, mas com razão e à mão.
Cá os ovos à antiga ME resultaram, lá fora atiram coisas mais duras, tão duras como a prepotência.
Esperemos que a resistência se vá fazendo, sem sangue, mas pelo menos com tomates...
Bela resposta, miguel.
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