No último trimestre de 2012, estavam no desemprego 923.200 de portugueses, o equivalente a 16,9% da população ativa, indicou o INE. O número cresceu 150.000 casos em um ano e mais 248.000 desde que o atual Governo e a troika assumiram o poder, em meados de 2011, trazendo consigo a aplicação de um programa de ajustamento económico e financeiro em troca de um pacote de empréstimos de 78 mil milhões de euros que durará até ao final do primeiro semestre do próximo ano.
Ontem, o primeiro-ministro sinalizou que o pior ainda não terá passado. “Os 15,7% de desemprego estão razoavelmente em linha com as previsões do Governo”, mas “é normal que [a taxa] venha a atingir um pico superior para depois baixar”. Para este ano, a equipa de Pedro Passos Coelho antevê 16,4%, mas a OCDE, em novembro, já falou em 16,9%.
Com a procura externa a fraquejar o motor do comércio externo poderá ditar uma recessão ainda mais agressiva e, com ela, uma subida ainda maior do desemprego. “Se os sinais de abrandamento do ritmo das exportações persistirem poderemos ter de fazer ajustamentos”, avisou o primeiro-ministro.
O fenómeno alastrou de forma significativa em todos os escalões etários e sectores da economia, em todas as regiões, em todas as modalidades da procura de emprego (os que procuram trabalho pela primeira vez, os que procuram um novo trabalho, os que procuram há muito e há pouco tempo).
Assim, o desemprego atinge já 40% dos jovens com menos de 25 anos (quase 165.000 casos), sendo 13,4% licenciados. Cerca de 520.000 desempregados estão nesta situação há mais de um ano. São 56% do total.
400.234 pessoas recebiam prestações de desemprego em Dezembro passado, mais 8.631 pessoas do que em Novembro, o equivalente a 43% do número total de desempregados contabilizados pelo INE, que contabilizavam no 4.º trimestre de 2012 um total de 923.200 desempregados, o que fez elevar a taxa de desemprego (anual) para os 16,9%.
As prestações de desemprego incluem o subsídio de desemprego, o subsídio social de desemprego inicial e subsequente, bem como o prolongamento de subsídio social de desemprego.
Como eu, penso que toda a gente pensa que os governos são eleitos para resolverem os problemas das pessoas que lhes delegam as expectativas, mas pelo que se vê, ou as expectativas eram altas, ou as competências são poucos, ou fomos todos defraudados nas verdadeiras intenções que orientam quem nos desorienta…
Constatar-se que este governo, inspirado pela troika, já produziu 248.000 desempregados, deveria levar o mesmo governo a sentir-se enganado pelo plano da troika, como nós já detetamos há muito tempo. Mas pelo que se lê, o PM diz que está dentro do previsto (embora se enganasse ou nos enganasse) e que ainda vai piorar e só depois melhorar. Um raciocínio brilhante e uma sensibilidade social “olímpica”, que permite concluir que o PM está do lado da troika, que não está do nosso lado, que também se “engana”, enganando-nos…
Mas pior, é que não são só 923.200 de portugueses (oficialmente) que não tem emprego, mas 1.400.000, dos quais 526.224 desses portugueses que não recebem qualquer subsídio (oficialmente), porque realmente serão 798.000! Se pensarmos que cada desempregado tem família, com filhos, aquilate-se a miséria que vai por aí escondida. E isto (a eliminação dos subsídios) por “sugestão” da troika!
Vivem como?Já nem a esperança chega e o desespero deve ser o pão deles de cada dia…
Comem o quê?
Até Quando?
E é isto a política como serviço público ao serviço do povo?
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