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quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Fugiu um boneco de cera de um museu de magos!

Para Vítor Gaspar, as previsões valem o que valem. São a muleta do economista, um raciocínio para chegar a uma conclusão, um ponderador ajustável, nunca a conclusão em si.
Miguel Pacheco
São indicadores, prontos a serem revistos, em remendo constante e, assim, defendidos da crítica. O Banco de Portugal também funciona assim: as previsões de primavera são mais otimistas que as de verão e ganham uma cor mais negra no inverno.
Com isto – a muleta do economista e os dias negros deste inverno – os números do desemprego parecem ser mais uma engrenagem na mecânica negativa desta crise. Para o economista, é essa a lógica: quando o país crescer, gerar emprego, a economia recuperará. É o anti-keynesianismo perfeito: não vale a pena ajustar os mercados se essa ajuda só ajudar a mascarar a crise.
Só que nem desemprego são só números, nem as previsões servem só para estimar a despesa em prestações sociais. Em 2012, 923.200 portugueses estavam desempregados. 16%,9 da população. Um número assustador – não pela dimensão contabilística das ajudas que é preciso dar – mas pelo que ainda poderá vir. Na cabeça do Governo – e do economista Gaspar – estarão já números maiores, mais graves, a chegar a um milhão de pessoas, números que trazem novos cortes na duração do subsídio, nos valores pagos, na facilidade de acesso a esta ajuda do Estado.
O economista Gaspar também terá outra ideia na cabeça: a de que este desemprego é estrutural. E que, como em Espanha e Itália, se arrastará durante anos a fios, sem recuperação que lhe valha ou emigração que o sustente. Estruturalmente, dirá o economista, o país já não gera receita nem cria emprego para sustentar tanta procura de trabalho. Estruturalmente, percebe Gaspar, este nível de baixo emprego está para ficar. Gaspar não admite isto, porque não quer assumir que a solução não é contabilística, mas ideológica.
Uma sociedade que se deseje minimamente estável percebe que a criação do emprego e o suporte do desemprego é dos poucos palcos de onde o Estado (em ligação às empresas) não pode sair. Demitir-se disso é uma prova de insensibilidade política, não de racionalidade económica.

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