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quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Uma mulher só, é só 1 mulher!

A chanceler alemã Angela Merkel defendeu, esta quinta-feira, a ideia de confiar ao comissário europeu dos Assuntos Económicos o direito de vetar os orçamentos nacionais dos estados membros, caso não cumpram com os critérios de estabilidade e crescimento. Elogiou Grécia e Espanha, sem mencionar Portugal.
"Hollande dispara tiro de advertência contra a austeridade de Merkel na véspera da cimeira da UE", destaca o The Guardian. Integrado no projeto "Europa", em curso para "apreciar a problemática situação europeia e procurar extrair soluções", conjuntamente com outros cinco grandes jornais europeus (Le Monde, Gazeta Wyborcza, La Stampa, El País, Süddeutsche Zeitung), o diário britânico de centro-esquerda abre com uma entrevista ao Presidente francês, François Hollande.
Com outro Conselho Europeu "crucial" a começar hoje, em Bruxelas, para pôr a salvo um euro em dificuldades, o Presidente francês alertou para o facto de o motor Paris-Berlim que impulsiona a Europa poder parar, devido a divergências profundas sobre a forma de resolver a crise da Zona Euro. Embora tenha declarado acreditar que há "uma luz ao fundo do túnel da Zona Euro", o jornal britânico The Guardian enumera os reparos do Presidente fancês, que
sugeriu que Merkel está demasiado preocupada com a política nacional, na sua resposta à crise.
Que exigiu que Berlim recue na sua oposição às decisões tomadas pelos líderes da Zona Euro em junho.
Que apelou a que a Zona Euro intervenha prontamente no sentido de reduzir os custos dos empréstimos à Espanha e Itália.
Que insistiu em que sejam dadas garantias à Grécia de permanência na Zona Euro.
Que deu pouca importância à intenção alemã de criação de uma Zona Euro federalizada ou em união política.
E que considerou improcedentes as fortes críticas dos alemães às recentes intervenções do Banco Central Europeu em matéria de crise.
Em Paris, o jornal Le Figaro toma partido no "braço de ferro em curso entre Paris e Berlim sobre o futuro da união monetária". De acordo com o editorial do diário conservador, "independentemente do que diga o Palácio do Eliseu, Angela Merkel está em posição de força".
A chanceler estica a sua vantagem, insistindo num ainda maior reforço da integração fiscal. Na véspera de um Conselho Europeu onde se vai refletir sobre a futura arquitetura da Zona Euro, Berlim avança a ideia de um supercomissário com direito de veto sobre os orçamentos nacionais, proposta já rejeitada no tempo de Nicolas Sarkozy.
O diário conservador salienta ainda que o antagonismo entre Paris e Berlim “faz lembrar o paradoxo do ovo e da galinha. A Alemanha quer controlo orçamental antes de solidariedade. A França quer solidariedade antes do controlo".
Confrontados com a questão do ovo e da galinha, François Hollande e Angela Merkel vão ter grande dificuldade em chegar a acordo.
Na Alemanha, o Tagesspiegel faz a mesma análise e constata que a UE, prisioneira da disputa franco-alemã sobre a melhor ponderação entre estabilidade e solidariedade, avança "sem rumo através da neblina do euro".
Saliente-se que foi precisamente o mérito histórico comum da França e da Alemanha na construção europeia que foi elogiado na atribuição do Prémio Nobel da Paz. Mas uma das lições dos últimos dias é que o prémio se destinava a incentivar os dois países a não abandonarem os esforços conjuntos na Europa. [...] Então, será necessário esperar que a Zona Euro volte a incendiar-se para Paris e Berlim chegarem a acordo sobre uma linha comum dentro do seu desacordo de princípio?
Tendo em conta as investidas da Sra. Merkel, em crescendo e cada vez mais demonstrando um apetite voraz por dominar a soberania dos países da União Europeia e mais facilmente (pensa ela) a dos países da Zona Euro (sobretudo os que se deixaram conduzir para a dívida), através da filosofia dos “cobradores de preto vestidos”, já não estamos perante um problema económico-financeiro, mas de uma estratégia política e ideológica.
E querer que um qualquer palhaço, investido de “Comissário Europeu” possa mandar num país, vetando orçamento, começa a parecer um sinal de esquizofrenia.
Hollande (não só ele), que já percebeu o que a casa gasta, gosta e quer, ainda está a ser brando nas exigências e convém, em nome do Euro (quem ainda está a favor) levantar a voz à matriarca, para lhe dizer que está demasiado e apenas preocupada com a política nacional (alemã), na resposta que quer impor aos outros, para ir gerindo a crise…
Já nem vale a pena falar dos péssimos resultados da austeridade defendida por Merkel para os outros, porque as evidências são demais, quer pelo empobrecimento dos países e dos cidadãos da periferia, quer pelo enriquecimento da Alemanha e de alguns alemães, à custa da “crise”…
E se olharmos para a notícia abaixo, concluiremos sem dificuldade que andam uns (alemães) a encher o bolso, à custa de outros (alemães). E se isto acontece no seu próprio país, o que se pode dizer do que está a acontecer nos países endividados?
Mais de 12 milhões de alemães vivem ameaçados pela pobreza
Quase 1 em cada 6 alemães vive em risco de pobreza, divulgou o Departamento Federal de Estatísticas (Destatis). A taxa, referente ao ano de 2010, é a mais alta desde que os dados começaram a ser levantados, em 2005.
Falta dizer que é transversal a todos os países da União, que desde que a crise foi anunciada e se implementaram as “soluções”, em todos os países a distribuição da riqueza foi mais desigual do que antes e com tendência a aumentar esse fosso entre concidadãos…
Se o resultado das propostas de salvação para nós, vão ser estas amostras: Não, obrigado!

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