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sexta-feira, 19 de outubro de 2012

E continua a saga de (Comissários) políticos sérios…

"Um dia triste para Malta": foi assim que o Times of Malta reagiu à demissão do Comissário Europeu maltês John Dalli, responsável pela Saúde e Defesa do Consumidor. Com efeito, Dalli foi considerado suspeito de tráfico de influências pelo Organismo Europeu de Luta Antifraude (OLAF).
Em maio de 2012, o produtor de tabaco sueco Swedish Match apresentou uma queixa a este organismo, na qual declarou ter sido abordado por um empresário maltês chamado Silvio Zammit, que se vangloriara da sua proximidade com Dalli e propusera, em troca de vantagens financeiras, intervir junto do Comissário Europeu, quando este trabalhava no endurecimento da lei sobre o tabaco. O inquérito não concluiu que tivesse havido uma "participação direta" de Dalli mas foi considerado, no entanto, que este estava "informado" das iniciativas do produtor maltês.
Apesar de John Dalli ter rejeitado em bloco tais acusações, o diário maltês considera, contudo, no seu editorial, que as alegações são "suficientemente sérias para levar à sua demissão" e recorda que
não é a primeira vez, no decurso da sua longa carreira, que Dalli navega em águas turvas. Pouco depois de ter sido nomeado ministro dos Negócios Estrangeiros, em 2004, Dalli foi forçado a demitir-se na sequência de alegações sobre a sua conduta [as acusações revelaram-se infundadas].
Por seu turno, o diário económico francês Les Echos interessa-se pela reação de Bruxelas:
A Comissão Europeia parece ter querido livrar-se o mais rapidamente possível do caso […]. Em Bruxelas, o comissário Dalli não era muito popular. Encarregado de dossiês importantes como a autorização de medicamentos e da defesa do consumidor, é acusado de timidez face aos conflitos de interesses nas agências […], e, no ano passado, a sua gestão da crise do E-Colli não foi nada apreciada […]. Para Bruxelas, o caso surge no pior momento: já fez a felicidade dos eurocéticos.
O mesmo diário económico recorda igualmente que desde a Comissão presidida por Jacques Santer, forçado a demitir-se em 1999 por má gestão, "nenhum comissário teve de se demitir".
Já nem interessa a nacionalidade do político em causa, porque com a globalização deu-se a generalização de comportamentos standart, que colaram a classe ao sinónimo de uma pocilga de “chicos espertos”.
No caso, o grave é ser o responsável pela Saúde e Defesa dos Consumidores europeus e com antecedentes em matéria de corrupção, até porque já havia muitos outros Comissários a tratar-nos da saúde, de todas as formas inimagináveis, mas com limpeza de processos...
No entanto, como se sabe da promiscuidade que existe entre os “técnicos” de Bruxelas e as empresas e produtos que fiscalizam, que levaram já o Le Monde a relatar as suspeitas de conflitos de interesse entre a Agência Europeia de Medicamentos (AEM) e a Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar (EFSA/AESA), ao que se deve juntar os lóbis dentro da mesma área (Lobis(homens)… Até com a nossa saúde brincam!), nada disto nos surpreende. O que surpreende é a passividade corresponsável da Comissão Europeia e todas as outras instituições da União…
No caso, a coisa tem a ver com o tabaco (que ia derrubando Clinton), que faz mal à saúde e bem às Finanças (portuguesas), que enchem de taxas os pulmões dos dependentes, para gáudio dos antitabagistas, que poluem incólumes o ambiente do planeta, ao volante das suas máquinas rodoviárias…
Não há dúvidas que estamos entregues aos bichos, às bichas, aos lóbis e aos “homens de má vontade, porque é deles o reino dos infernos”!

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