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quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Vós, que ides (des)governando, lembrai-vos de nós que estamos penando…

O ministro das Finanças acossado pelas críticas dentro do próprio governo – além do CDS, alguns ministros do PSD manifestaram-se contra algumas opções políticas de Gaspar – decidiu falar com Passos Coelho, numa conversa pessoal, antes da conferência de imprensa em que apresentou as linhas gerais do Orçamento do Estado para 2013 e dizer que estaria disposto a sair do governo caso o primeiro-ministro assim o entendesse. Passos disse que não e segurou o ministro que nos últimos meses tem garantido lugar de destaque no executivo e tem sido mais que o braço-direito do chefe do governo.
A segurança transmitida por Passos deu a Gaspar a confiança para responder aos jornalistas mais tarde na conferência de imprensa no Ministério das Finanças.
Várias são as vozes no executivo que defendem uma substituição de Vítor Gaspar por Paulo Macedo, devido à experiência do ministro da Saúde em assuntos fiscais, por ter sido director-geral dos impostos entre 2004 e 2007.
A remodelação do executivo – numa altura em que aumenta a tensão entre PSD e CDS – tem sido dado corrente nas últimas semanas, mas o primeiro-ministro tem adiado mexidas na sua equipa, até porque é certa a dificuldade em convencer personalidades fora do executivo a entrar para o governo numa altura em que os níveis de popularidade estão em baixo.
As relações entre Passos Coelho e Paulo Portas nunca foram óptimas. Antes pelo contrário. E foram arrefecendo com o tempo, a ponto de o líder do CDS se queixar de não ser ouvido em matérias fundamentais pelo primeiro-ministro, que sempre privilegiou um círculo onde estão os inevitáveis Braga de Macedo e António Borges. Mas desde 7 de Setembro, altura em que Passos Coelho anunciou as alterações à TSU, sabendo que Paulo Portas estava contra, a tensão entre os dois líderes da coligação atingiu limites próximos da ruptura.
A discussão do Orçamento do Estado para 2013, com as longas maratonas em Conselhos de Ministros extraordinários, não veio ajudar em nada o mau ambiente que se vive não só entre Passos e Portas, mas também com outros ministros independentes e do PSD. No primeiro caso estão Paulo Macedo, da Saúde, e Álvaro Santos Pereira, da Economia e no segundo Paula Teixeira da Cruz, da Justiça, muito crítica da proposta de Vítor Gaspar.
E todos os ministros, com excepção de Passos e Gaspar, se sentiram verdadeiramente humilhados quando chegaram ao Conselho de Ministros de segunda-feira e ouviram Passos Coelho dizer que o Orçamento estava fechado e não havia espaço para quaisquer alterações. E isto porque, depois da maratona de 20 horas do Conselho de Ministros de 10 de Outubro, os ministros passaram os dias e o próprio fim-de-semana a preparar propostas de cortes nas despesas dos respectivos ministérios de modo a ser viável um alívio na brutal carga fiscal imposta por Gaspar.
E foi antes dessa humilhante reunião do Conselho de Ministros de segunda-feira, que decorreu num ambiente de alta tensão e com os ministros em silêncio absoluto, que Passos Coelho falou com Paulo Portas de uma forma de pura chantagem política. Basicamente, o primeiro-ministro disse ao seu ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros que estava disposto a romper a coligação e a apresentar a demissão ao Presidente da República caso o CDS levantasse a mínima objecção ao Orçamento avançado por Vítor Gaspar. Para tornar ainda mais clara a sua posição, Passos Coelho avisou Paulo Portas de que o PSD iria responsabilizar o CDS pelo pedido de um 2º resgate a Portugal.
Com esta tomada de posição, a ruptura política e pessoal entre os dois responsáveis pela coligação é já um facto consumado e pode vir a provocar o fim do governo mais cedo do que se imagina.
Agora que o Orçamento começa a ser discutido no parlamento, será muito difícil Paulo Portas impedir a apresentação de propostas de alteração pelos deputados centristas, que ficaram mais uma vez revoltados com o tom irónico e arrogante de Vítor Gaspar na reunião de ontem com os grupos parlamentares da coligação, particularmente quando afirmou que todas as propostas teriam de ser sujeitas à aprovação da troika.
Mais palavras para quê?
É a (ir)responsabilidade, pá!
O país atrás do Partido…
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