O ministro Gaspar disse M-I-T-I-G-A-R. Já se sabe que à rapidez das suas palavras não corresponde – directa ou indirectamente – o significado das mesmas. Foi o que se viu. Mais uma vez.
Wilton Fonseca
As classes médias encolhem-se, apavoradas, com as medidas que o Orçamento do Estado vai exigindo e anunciando aos poucos; as classes mais desfavorecidas já não têm para onde nem como encolher, mas deverão encolher. Se esperanças tiveram no prometido e garantido “mitigar” do ministro Gaspar, já devem ter aprendido a lição. Talvez passem a ter mais cuidado com os passos que sejam obrigados a dar no futuro.
“Mitigar” em latim significa “amansar”, isto é, tornar ou tornar-se menos intenso, menos severo, menos rigoroso, menos difícil de suportar. Por extensão, significa abrandar, atenuar, aliviar, suavizar. O Dicionário da Academia dá alguns exemplos: mitigar a sede, mitigar a fome, mitigar a dor, mitigar o ódio. Qualquer semelhança com o que foi posto a descoberto no anúncio das medidas previstas no Orçamento do Estado será mera coincidência. Não há mitigação possível para aquilo que não é mitigável. Como diria Jorge Amado, o ministro Gaspar e o seu governo “mitigaram não”.
Só hoje será acertada a versão final que Vítor Gaspar explicará ao País ao final da tarde.
Hoje, o Conselho de Ministros esteve reunido durante cerca de 3 horas, entre as 08:00 e as 11:15 horas, para concluir o processo de aprovação da proposta do Governo de Orçamento do Estado para 2013.
O Governo entrega nesta segunda-feira na Assembleia da República o Orçamento do Estado para 2013 e os portugueses vão ficar a saber que medidas de austeridade podem esperar para o próximo ano.
Marcelo Rebelo de Sousa considerou de um "amadorismo" do Governo o facto de deixar para o último dia do prazo para entregar o Orçamento do Estado as últimas decisões e que conselhos de ministros de 20 horas, como o último, quer dizer que "é mal liderado e funciona mal" e atribui responsabilidade ao primeiro-ministro e ao ministro das Finanças.
"Às vezes pergunto-me se a TSU anunciada pelo primeiro-ministro foi a conselho ministros", deixou no ar.
“Nunca se viu um orçamento com tantos documentos não definitivos”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa.
Líder da empresa que gere dívida pública com remuneração superior à de Passos Coelho
"Não podemos meter a cabeça na areia", avisa Hermínio Loureiro, "foi uma derrota de Passos Coelho enquanto líder do PSD e enquanto líder do Governo." É o autarca de Oliveira de Azeméis quem não exclui a repetição da história: "Foi nas autárquicas que Guterres perdeu o país."
No quadro das averiguações ao caso Monte Branco, a Polícia Judiciária “tropeçou” em conversas telefónicas que envolveram José Maria Ricciardi, do BESI, e o ministro Miguel Relvas.
Ricciardi, que estava a ser escutado no quadro da recolha de informações para ajudar a “desmantelar” a rede de fuga ao fisco liderada por Michel Canals, era, então, o consultor financeiro da Three Gorges e da China State Grid/ Oman Oil, os grupos chineses que venceram as privatizações da EDP e da REN.
Pois!
A esta hora, já o ministro Gaspar apresentou ao povo, através do púlpito público da TV (e sem contraditório), toda a tralha do OE2013, resultado das trapalhadas (gasparadas) e atrapalhadas medidas que desenhou (será que tem inteligência espacial?), apagou, tornou a desenhar, num contrarrelógio que só pode dar borrada, não tanto para ele, mas para quem foi caricaturado…
Não deixa de ser original e criativo, que tenha pegado moda falar ao povo, que não aprova as medidas que lhe anunciam (não estamos em democracia direta), mesmo antes de serem aprovadas por quem de direito, a AR e que os deputados se deixem ultrapassar com esta etapa cenográfica, provavelmente por se dizer “à boca cheia” que o problema de ninguém entender as medidas do governo serem mal comunicadas, embora Gaspar seja um mau pivot…
Não deixa de ser contraditório, que um bom aluno e (pelo que dizem) um bom professor, deixem para os últimos minutos da prova as respostas a todos os problemas que precisa de tempo para as melhores soluções…
Não deixa de ser preocupante, que se façam noitadas de estudo(?) e preparação para tão importante prova de exame, que pode significar descanso e/ou cabulice nos entretantos, embora os problemas e as soluções sejam as mesmas da prova anterior, que deu raia…
Não deixa de ser assustador, que a prova contenha matéria que a Diretora (do FMI) tenha dito que não devia constar da mesma, por erros científicos detetados a tempo…
Se é verdade (e é), que como dizem os americanos, “Falhar uma preparação, é preparar um falhanço”, é chumbo certo, mas como quem vai corrigir as asneiras não é o professor, somos nós que vamos chumbar…
Se houvesse eleições, como nos Açores, provavelmente teriam tido mais cuidado, com medo de serem li(n)xados, mas como não estão previstas (mas sabe-se lá...), linchados serão os otários, se entretanto não os arrumarmos…
No meio desta tralha toda, para dar alguma seriedade à eficácia e transparência de processos, ainda aparece o DOUTOR “Vai estudar!” a ser acusado, mais uma vez ilegitimamente, de atender o telemóvel com chamadas de números privados…
E até o Gaspar esconde os salários altos, provavelmente por estarem em segredo de justiça…
Isto é que vai uma crise, que até nos mitiga (nos amansa)!
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