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sábado, 12 de maio de 2012

Reflexão do Relvas… 12 maio

O secretário de Estado do Desporto e da Juventude, em boa verdade, devia estar na Secretaria de Estado das Pescas. É que tem vocação marítima.
A propósito da prorrogação do contrato de Paulo Bento com a FPF, Miguel Relvas saiu-se com esta bonita tirada: “Através dos mares fomos conquistadores e espero que com Paulo Bento também o sejamos.” Com o devido respeito ao Paulo Bento e à selecção nacional de futebol, temos de considerar, em nome do bom senso e do bom gosto, que Miguel Relvas só podia estar a pensar nas Pescas quando proferiu tal frase.
É que sendo um governante do país é suposto respeitar a História de Portugal e não se pôr a inventar analogias épicas-bacocas entre o simpático Paulo Bento da bola e as empreitadas do Vasco da Gama, do Cabral e de outros noutros séculos. Mas Miguel Relvas não se ficou por aqui: “Esperemos que o sucesso que Portugal teve no mar, e vai voltar a ter, continue a existir no futebol.” E é esta a boa notícia: vamos “voltar a ter” sucesso no mar, ou seja, vamos voltar a ter uma frota de pesca à séria, anunciada pelo secretário de Estado do Desporto e da Juventude que está muito talhado para o assunto.
E foi este facto marítimo do nosso ressurgimento piscatório que, merecendo uma celebração condigna, reuniu à ceia, à mesa de um restaurante, o próprio Miguel Relvas, de cana em punho, com Joaquim Oliveira, detentor do monopólio das redes de arrasto, e ainda, compondo a mesa com elegância, os senhores Fernando Seara e Pinto da Costa mais as suas respectivas esposas.
Dizem agora que o presidente do Benfica foi informado, via submarino amigo, do convívio e que se terá sentido de alguma forma ofendido com Miguel Relvas pelo elenco que o governante conseguiu sentar na sua mesa. São aquelas susceptibilidades que, lamentavelmente, ainda pululam no nosso futebol e que são de todo incompreensíveis para os cidadãos comuns que destas coisas não pescam nada.
Ao cidadão comum, deste repasto só interessa saber uma coisa: quem é que pagou a conta? Nós ou eles? Foi o Estado que pagou, porque a ocasião o justificava, ou foram os cidadãos, dividindo a despesa entre todos à moda do Porto? Ou será que alguém se chegou à frente quando chegou a dolorosa? E o que importa isso quando há sucesso no mar?

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