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terça-feira, 8 de maio de 2012

8 de maio de 1945 - O Dia da Vitória na Europa

O general Jodl (ao centro) assina a rendição
A senhora Angela Merkel, tenha disso consciência ou não, age de acordo com a velha arrogância prussiana, ao convidar François Hollande a visitar Berlim, no próximo dia 16 — logo depois de empossado. Foi quase uma convocação. Ela deixou claro, ao cumprimentar o novo presidente, que podem falar de tudo, menos do essencial: da “austeridade” orçamental. Austeridade, na visão germânica da política europeia, significa seguir o caminho percorrido até agora, com os bancos recebendo milhares e milhares de milhões de euros, emitidos sem lastro, e usando-os para especulações do seu interesse e para atrapalhar ainda mais os países meridionais. Os bancos receberam o dinheiro do BCE a 1% ao ano e emprestam-nos aos Estados em crise a juros de 6% a 9% ao ano. Um “spread” usurário.
Se François Hollande, fatigado pela campanha e pelos festejos da vitória, não estivesse desatento, poderia ter sugerido que o encontro se fizesse em Bruxelas, sede da União Europeia, e não em Berlim. Se ela pretende discutir o desenvolvimento económico continental, o lugar do encontro não poderia ser outro se não Bruxelas, a menos que ela, num gesto de boa diplomacia, tivesse proposto visitar Paris.
A senhora Merkel faz lembrar um de seus antecessores na Chancelaria do Reich, que convocou para Munique os primeiros-ministros da França (Daladier), da Itália (Mussolini) e da Inglaterra (Chamberlain) a fim de lhes impor a sua vontade, a de se apoderar de grande parte do território checoslovaco. O fantasma de Hitler está sob o portal de Brandenburgo.
Mauro Santayana - Jornal do Brasil
A Alemanha está disposta a seguir a linha de crescimento defendida pelo novo Presidente de França, mas não sem que o Tratado Orçamental seja ratificado. Angela Merkel propôs um pacto de crescimento a François Hollande. No entanto, não dá o braço a torcer no que toca à política de austeridade e disciplina financeira.
No domingo à noite o ministro dos Negócios Estrangeiros alemão, na receção da Embaixada de França em Berlim, desvalorizou as divergências entre os dois governos, manifestando a esperança de que Hollande se distancie das suas promessas eleitorais de abandonar o rumo da austeridade e financiar medidas de crescimento.
O presidente eleito da França, François Hollande, e o atual, Nicolas Sarkozy, recordaram juntos nesta terça-feira o fim da II Guerra Mundial e ambos colocaram um ramo de flores no túmulo do soldado desconhecido ao pé do Arco do Triunfo em Paris.
O conservador Sarkozy tinha convidado o socialista Hollande, que o derrotou na 2ª volta presidencial no domingo, a participar na comemoração da rendição nazi.
Os dois presidentes deram as mãos e colocaram juntos, um ramo de flores no túmulo do soldado desconhecido. Depois acenderam a chama e ouviram a Marselhesa e o Canto dos Partidários, emblemático da resistência francesa contra os nazis, cantados por um coro militar.
Após a rápida cerimónia, os dois presidentes trocaram algumas palavras, sorridentes, mas não fizeram declarações oficiais.
Hollande limitou-se a afirmar à imprensa que "há assuntos que unem todos".
Sobre a atitude arrogante de Merkel convidar para sua casa quem se lhe opõe, já eu a tinha comentado aqui no mesmo sentido, o que apenas prova que não sou o único cego a ver e a sua interpretação pode ir tão longe quanto se quer fazer suposições…
Sobre a afirmação do ministro dos Negócios Estrangeiros alemão, convidando um Presidente da República recém eleito a mandar às urtigas as promessas eleitorais feitas e que lhe deram a vitória, também já dei aqui conhecimento da mesma, sem comentários, porque nem os merece, de tão inqualificável e falta de ética política…
Não deixa de ser simbolicamente forte e regeneradora esta cerimónia, por 3 razões:
1 – Lembrar à Alemanha que faz hoje 67 que o exército alemão se rendeu, numa segunda tentativa bélica de ocupar a Europa e dominar o mundo;
2 – Lembrar à Alemanha e ao mundo, que foi a França um dos baluartes da Resistência à opressão e ao genocídio e uma nação aglutinadora de todos os Aliados na mesma luta e
3 – Lembrar a Merkel que o “convocado” para ir a Berlim no próximo dia 16 é o atual Presidente da República francesa, que levará consigo, para “negociar”, esse memorial da História, que é um “mal” não transacionável.
Fica por interpretar a atitude de Sarkozy, mas podemos pensar que será uma bofetada de luva branca à sua “apoiante”, arrependido de a ter apoiado e por isso ter sido imolado…
O Dia da Vitória

Foto - Depois da assinatura de rendição, o general Jodl (ao centro), levantou-se, pediu permissão para falar e em alemão disse: “Com esta assinatura o povo Alemão e as forças armadas alemãs entregam-se, para o bem ou para o mal, nas mãos dos vencedores. Nesta guerra que durou mais de 5 anos, o povo e as forças armadas foram capazes de realizar gestos memoráveis, sofrendo talvez mais do que qualquer outro povo no mundo. Nesta hora só posso expressar a esperança de que os vencedores os tratem com espírito generoso”.

2 comentários:

  1. Também concordo com o autor do texto. O encontro deveria ser em Bruxelas para mostrar a essa srª que não é como ela quer mas como tem de ser.Sendo hoje um dia tão importante para a Europa, seria bom lembrar a essa diatadorzeca que a Alemanha capitulou, pela 2ª vez, há 67 anos. Parece que essa gente ainda não conseguiu engolir o sapo.Acho que a maioria dos europeus já começa a ver um bigodinho na cara da Chanceler. Ala que se faz tarde!

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    1. Temos que gramá-la mais um ano, mas que vai de vela, vai. O Presidente do Parlamento Europeu (que é socialista e mandou aquelas bocas sobre Angola) já se está a colar ao Hollande...
      A ver vamos, como dizia o cego.

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