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terça-feira, 11 de outubro de 2011

Receitas avulsas para a terapia do SNS…

O bastonário da Ordem dos Médicos (OM) disse que vai ser feita uma auditoria para avaliar se as medidas do Governo prejudicam o tratamento oncológico.
"Queremos avaliar se o tratamento segue as 'guidelines', se é uniforme em vários hospitais e se não está a ser prejudicado por medidas do Governo que receamos que possa colidir com a rapidez que o doente oncológico é diagnosticado e tratado, porque isso está directamente relacionado com a sua possibilidade de sobrevivência", revelou José Manuel Silva, dizendo que "é uma equação impossível" que o diagnóstico e o tratamento oncológico suporte "cortes tão drásticos", admitindo que era possível fazê-lo de forma progressiva.
No dia em que o secretário de Estado da Saúde anunciou um corte de 300 milhões de euros nas verbas para os hospitais públicos o Bastonário criticou "os cortes cegos" que entende terem sido definidos pelo Governo.
"Os sucessivos cortes que têm sido feitos não têm sido direccionados para sectores onde reconhecidamente haja desperdício ou duplicação de recursos e vão ter consequências inevitáveis no Serviço Nacional de Saúde", acusou, ainda que sublinhe concordar com a esmagadora maioria das medidas da 'troika' na área da Saúde, José Manuel Silva expressa "uma profunda preocupação porque se está a ir além do que é preconizado pela 'troika'".
A informação e contrainformação sobre as medidas para a “sustentabilidade” do SNS baralham qualquer um, sobretudo porque não se entende este conceito de sustentabilidade e de “prejuízos” que se imputam a serviços públicos. Sempre pensei que estes “prejuízos” fossem uma variável, contabilizada e que traduzia a classificação dos Estados numa escala social, naturalmente previsíveis no OE e suportados pelos impostos, mas parece que não.
Mas pelo que se lê, para a tal sustentabilidade, haverá cortes tão cegos, que poderão chegar aos doentes oncológicos, em que não podemos acreditar e esperemos que a contabilidade não supere a humanidade…
O funcionamento da Maternidade Alfredo da Costa está em risco porque a maioria dos anestesistas se recusa a aceitar o novo pagamento proposto e ameaça deixar a instituição.
Em causa está o cumprimento de um despacho do Ministério da Saúde, de 18 de agosto, que fixa 25 euros por hora para os médicos não especialistas e 30 euros por hora para os especialistas.
Isto já não pode ser considerado cegueira, classificaria mais como afronta, já que pagar 30 euros/hora a um médico especialista, leva-nos logo a fazer comparações com outros prestadores de serviços, com o mesmo nível de formação académica (governantes e legisladores incluídos) e até com menos e muito menos…
Um relatório agora publicado revela que 76% dos hospitais Entidades Públicas Empresariais1 (EPE) teve prejuízos operacionais em 2010.
Na lista dos hospitais com piores resultados operacionais estão: o Centro Hospitalar de Lisboa Norte, o Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental, o Centro Hospitalar de Lisboa Central e o Centro Hospitalar de Setúbal e do Médio Tejo.
O défice dos EPE para 2011 deve rondar os 300 milhões de euros.
Claro que convinha conhecermos os resultados dos hospitais públicos com Gestão privada2 para podermos comparar a eficácia dos dois sistemas, que ora são melhores, ora são piores uns do que os outros, porque talvez esteja mais aqui parte da solução, do que nos cortes salariais e se pensa que Hospitais públicos poderão ter gestão privada
Como não há coincidências(?), não se entende por que em Lisboa os hospitais andam em roda livre, o que não terá nada a ver com a geografia, antes com a tradição de mais “carinho” com a capital e mais paisagismo com o resto do país. Não seria bom saber as razões da diferença entre os hospitais que se sustentaram e os que o não conseguiram? Isto porque a lista dos hospitais com resultados positivos é liderada pelo IPO do Porto, em que a Liga Portuguesa contra o Cancro, Núcleo Regional do Norte, ajuda a fazer “milagres”, oferecendo agora o Centro de Dia LPCC, um espaço acolhedor para doentes com cancro e gratuitamente…
A baralhação continua e a cegueira evolui…
1As Entidades Públicas Empresariais são pessoas colectivas de natureza empresarial, com fim lucrativo, que visam a prestação de bens ou serviços de interesse público, nas quais o Estado ou outras entidades públicas estaduais detêm a totalidade do capital. São Entidades públicas empresariais os Hospitais públicos empresarializados.
2A Gestão Privada de Hospitais Públicos consiste na utilização de recursos administrativos privados na gestão dos hospitais públicos.

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