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segunda-feira, 10 de outubro de 2011

CCB = Centro Cultural de Berardo?

Zé Povinho
A Secretaria de Estado da Cultura solicitou à leiloeira internacional Sotheby´s uma nova avaliação do acervo da Colecção da Fundação Berardo, avaliado pela Christie´s em 316 milhões de euros em 2006, antes da criação do museu em Lisboa.
A tutela justifica a reavaliação da coleção, composta por 862 obras, com “a necessidade de - tendo em conta a transparência que deve estar associada ao montante do financiamento público envolvido na Fundação Berardo - conhecer e divulgar o valor atual das obras a preços de mercado, definidos por uma entidade idónea e reconhecida internacionalmente”, indicou o adjunto para a comunicação do gabinete da SEC.

Não há dúvida de que é bom saber-se quanto custam as jóias de outros, que guardamos em nossa casa, quanto mais não seja para se ter um seguro correspondente.
Mas como convém tratar-se sempre os bois pelos nomes e, no caso, ou falamos de CULTURA, ou falamos de um INVESTIDOR na cultura, que se encostou ao Estado para “guardar” e divulgar o seu património.
Já na altura do contrato a então Ministra da Cultura teve em perigo o cargo, por não ir muito na conversa do filantropo, ou desconfiar de tanto mecenato, ou por ver que de CULTURA sobrava pouco para além do negócio… Sim, porque quem tem tanto património cultural e teve dinheiro para o adquirir, também deve ter o suficiente para o resguardar, ou disponibilizar ao público, se concluir que tem essa obrigação cultural. Pelos vistos, o investidor não sentiu esse compromisso e conseguiu convencer o governo de então de que o compromisso era do Estado, despesas incluídas.
Não seria mais CULTURAL e muito menos dispendioso e muito mais produtivo, que o Centro Cultural de Belém, através do Estado, disponibilizasse o mesmo espaço para TODOS OS ARTISTAS PORTUGUESES, sem intermediários e, quem sabe, com mais visitantes?
O investidor Joe Berardo garantiu que está por saldar uma dívida de 500.000 euros ao museu com o seu nome, em Lisboa, e que é o único habilitado a avaliar o seu património.
"Dizem que estão todos em dia com as dívidas para com o museu, mas eu tenho uma carta da ministra (anterior) a dizer que os 500.000 euros que faltam - que estão em dívida, para aquisições - vão ser pagos até fim do segundo trimestre, ora o segundo trimestre já acabou", declarou Berardo.
O comendador afirmou compreender a "situação drástica do país", mas mostrou-se incomodado com a polémica em torno da avaliação da sua coleção.
Se é verdade, que os 500.000 euros que o investidor diz que o Estado lhe deve se destinavam para aquisições, então o negócio é pior do que péssimo e a resposta que merece é um “Zé povinho” do Rafael Bordalo Pinheiro e já…
Só depois é que o filantropo será o único com direito a avaliar o seu património pessoal e a pagar os respetivos impostos, que deveriam incidir no valor total de cada obra (para todos os investidores) e não apenas sobre o lucro das transações…
Imagem: "Zé Povinho" de Rafael Bordalo Pinheiro 

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