Segundo revelado pelo coordenador português da Aliança Europeia Contra a Depressão, o psiquiatra Ricardo Gusmão, os Estados Unidos é o único país que fica à frente de Portugal em taxa de depressão e perturbações mentais no geral.
Mas, apesar de o consumo de antidepressivos ser muito mais elevado em Portugal do que noutros países, continuam a existir muitos doentes graves sem tratamento.
"A mais grave consequência do não tratamento da depressão é o suicídio e a maioria dos suicídios ocorre no contexto de depressão", recorda o médico.
Uma unidade móvel interactiva com informação sobre esta perturbação psiquiátrica esteve quinta e sexta feira em Lisboa, seguindo depois em direcção a Santarém, Castelo Branco, Viseu e Porto.
Denominada “A depressão dói. Mas pode deixar de doer”, esta iniciativa “pretende alertar e esclarecer toda a população para os diversos tipos de depressão e desmistificar o estigma que ainda está associado a esta patologia e à doença mental de uma forma geral”, afirma a organização.
A depressão é a principal causa de aposentação precoce nas mulheres e a 3ª nos homens, segundo dados da Caixa Geral de Aposentações relativos a 2010, que apontam para um aumento da contribuição dos episódios depressivos.
Os números, revelados pelo psiquiatra Luís Câmara Pestana, indicam que, nos homens, a depressão passou de 7ª causa de incapacidade permanente para 3ª causa em apenas um ano.
O especialista frisa ainda que o stress, a depressão e a ansiedade são apontados por um estudo europeu recente como a 2ª causa mais relevante de problemas ligados ao trabalho, logo a seguir às doenças reumáticas e de esforço muscular.
Estima-se que a depressão afete 124.000.000 de pessoas em todo o mundo. Na Europa serão 50.000.000, ou seja, 11%, que já sofreram de pelo menos um episódio depressivo no ano anterior.
Em Portugal, um estudo epidemiológico de 2010 aponta para mais de 20% da população afetada por uma perturbação psiquiátrica. A ansiedade é a mais dominante, seguida das perturbações depressivas.
Tal como a OMS já assumiu, a crise económica e financeira traz um aumento do risco de prevalência das perturbações psiquiátricas, o que deverá ocorrer igualmente em Portugal, avisa Câmara Pestana.
Por isso, o médico alerta as autoridades para a necessidade de rever as políticas de saúde mental em função do aumento do risco.
“Devem ser promovidos programas de maior facilidade de acesso às consultas e ao tratamento”, defende, recordando que apenas 1 em cada 3 portugueses tem acesso a cuidados médicos, a diagnóstico e tratamento.
Feito o retrato da realidade, basta sublinhar uma evidência, tantas vezes anunciada por tantos especialistas, de que a crise económica e financeira trouxe e trará um aumento do risco de prevalência das perturbações psiquiátricas, o que já vem acontecendo em Portugal e deverá continuar a ocorrer, mas em crescendo…
Estão a tratar-nos da saúde!
Há quase um ano era assim: Corta-se na Saúde! Uns chazitos não resultam?
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