(per)Seguidores

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Alguns dos 99% “Ocupam”. E preocupam 1%?

Com quase 3 semanas de protestos "Ocupar Wall Street", em Nova Iorque, na rebatizada "Praça da Liberdade" convivem, ao som de tambores, ideologias anarquistas com "chavistas", e as agruras dos desempregados com filosofias de meditação orientais, como Ananda Marga.
No pequeno recinto rodeado de polícia, encaixado entre o Ground Zero e o centro financeiro de Nova Iorque, cerca de meio milhar de pessoas concentrava-se na tarde de segunda feira, alguns para mais uma marcha de protesto, outros para fazerem trabalho voluntário no campo: alimentar os blogues, distribuir comida, bebida ou panfletos.
Pizzas, donuts, sandes ou caixas de bananas são oferecidos e mandados entregar através da internet por simpatizantes que estão na cidade e sítios distantes como a Califórnia ou até mesmo a Nova Zelândia e também do Egito chegaram ofertas.
"Por que vim? Por que não? É o tipo de coisa que faço, de que gosto. Sou uma pessoa ativista", adiantou a "anarquista" de 26 anos, "empregada mas a ganhar pouco, o suficiente para viver" que vem todos os dias de Brooklyn para a manifestação.
A área de "media"
À entrada do recinto, dezenas de manifestantes tocam incessantemente tambores ou até baldes, agitam paus-de-chuva ou simplesmente batem palmas, fazendo lembrar música dos índios norte-americanos.
Um pouco mais abaixo, um idoso de barba branca toca flauta transversal e, num recanto, um casal faz exercícios de yoga.
O centro nevrálgico do acampamento é a chamada área de "media", onde através de computadores portáteis, os membros atualizam blogue e redes sociais com texto, áudio e vídeo sobre o que se está a passar no acampamento ou nas marchas de protesto que dele irradiam para as ruas circundantes ao longo do dia.
Essencialmente contra a desigualdade económica, as manifestações tiveram início a 17 de setembro e ganharam adesão e atenção mediática sobretudo depois das detenções de manifestantes (700) no sábado e de agressões policiais na semana anterior.
O jovem Andrew veio de autocarro de Filadélfia, cerca de uma hora e meia de viagem, mas, de skate debaixo do braço, tem alguma dificuldade em explicar porquê.
"Tem alguma coisa a ver com cenas das empresas, isso eu sei. Alguém me disse, `queres que te pinte a cara?´, e eu disse `sim, altamente´", disse o jovem com um colar de notas de dólar à volta do pescoço e a cara pintada de branco e vermelho-sangue nos cantos da boca, como um vampiro.
"Eu apoio a causa deles, e isso, mas agora não tenho assim um discurso longo". No meio de muita gente que passa, a jovem Mabel está sentada ao lado de uma mão gigante, das cores da bandeira americana, com os dedos indicador e do meio a fazer o "V" de vitória.
"Acho que é importante que nos mantenhamos pacíficos, porque o momento em que os protestos se tornarem violentos é o momento em que a nossa causa vai pelo cano", afirma a jovem de Jacksonville, Flórida, que chegou no sábado a Nova Iorque depois de uma viagem de 16 horas e acabou detida pela polícia no mesmo dia, juntamente com 700 manifestantes na ponte de Brooklyn.
"Vi Times Square, a Estátua da Liberdade, Chinatown, o Empire State Building, todas essas coisas pela minha primeira vez na minha vida, com algemas e a ser transportada num autocarro da polícia para a cadeia", adiantou.
Uma conversa torna-se num comício
Ao lado está sentado o namorado e companheiro de viagem, Seth, que pediu férias ao seu empregador, Bank of America, uma das instituições mais vilipendiadas pelo movimento, porque "não sendo contra o capitalismo ou contra o governo", acredita que "tem de haver um sistema melhor para que as vozes das pessoas sejam ouvidas".
Na Praça uma conversa rapidamente se torna num comício, e Brian junta-se para contar a sua história: licenciou-se em agosto, aos 23 anos, com "cinco cartas de recomendação" e está a trabalhar "por 13 dólares a hora a guiar um carro blindado por zonas muito más" de Nova Jérsia. "É terrível". "Quero fazer 40 mil dólares por ano, é tudo. Posso pôr dinheiro de lado, pagar as minhas contas e viver confortavelmente", disse.
Aqueles que vêm pela primeira vez ao recinto têm cartão e tintas à disposição para escrever o seu cartaz. Num deles uma jovem escreve latim: "Sapere aude - ousa saber".
Algumas das mensagens favoritas são "taxar os ricos" e "eles [os bancos] foram resgatados, nós fomos vendidos".
Ao longo do dia, vão sendo convocadas assembleias para distribuir tarefas. Alguns sentam-se apenas a fumar cigarros, a tricotar, a comer ou mesmo a jogar "Scrabble" no chão.
"Dada" veio para difundir Ananda Marga - não uma "religião, muito menos um culto", mas uma "filosofia social e económica". Veste uma t-shirt cor de laranja onde se lê "pessoas que lucram com o sofrimento dos outros são imorais".
"O Ter é o nível mais baixo do ser da Humanidade, o Fazer é o do meio, e Ser é o mais subtil, onde se chega através da meditação", explica.
A estudante universitária Stacy, do Connecticut, dormiu pela primeira vez ao relento na Praça no domingo, para "participar na revolução espiritual em todo o mundo". "O primeiro passo é criar uma comunidade de amor, depois vemos para onde vamos".
O imigrante mexicano
O imigrante mexicano Israel veio para a Praça empunhando um cartaz com uma mensagem política clara: "[O presidente venezuelano Hugo] Chavez disciplinou as grandes empresas e banqueiros, mas Obama não".
Sim, admite que na Venezuela "as coisas estão difíceis". "Mas em que país é que não estão?".
“No México 302 famílias são donas da riqueza do país. E o povo a morrer de fome. É isto a democracia?", questiona. Pouco depois, tirava a boina "à Chavez" e saía a correr para o trabalho.
Nota - Tudo o que está a cinzento, é o folclórico, que diminuiria o articulista, se tivesse assinado. A notícia resume-se ao amarelo.
Ora aqui está uma notícia que nos dá que pensar, não na essência do movimento, mas no ridiculamente acessório, reduzindo tudo à fauna urbana, às etnias bizarras, aos parvinhos no ativo e à inconsciência de TODOS os aderentes.
O “jornalista” é que teve um azar dos diabos ao não encontrar UMA SÓ PESSOA, que soubesse o que estava ali a fazer, bem vestida e com razões bastantes para justificar a presença! É preciso ter muito azar!
Quem lê, até poderá pensar que a CIA faz press releases para os media, mas se o fizessem não seriam tão serôdios…
Entretanto, ao contrário do folclore descrito, parece que em 2 dias os atrasadinhos passaram de 500 para 5.000, já com a participação de sindicatos e a ver vamos…
Mais de 5.000 pessoas manifestaram-se na quarta feira nas ruas de Nova Iorque contra a "ganância empresarial", numa marcha de protesto que juntou alguns dos principais sindicatos da região ao movimento "Ocupar Wall Street".
Seguida de muito perto pela polícia, a manifestação percorreu a Broadway junto ao centro financeiro da cidade, com estandartes sindicais, anarquistas ou pacifistas e entoando slogans como "nós somos os 99%" e "ocupar Wall Street, ocupar todos os dias".
A realidade não é bem, bem, o que (descre)vemos…

2 comentários:

  1. Desejava muito que esses movimentos conquistassem a consciência da generalidade das pessoas... mas eu sei que sou utópico!

    ResponderEliminar
  2. Félix da Costa
    Parece que não é utopia, é mais manipulação dos media, por omissão.
    Sobre os ocupas americanos, só soubemos 2 semanas depois, sobre os Indignados de Espanha, está em banho maria, sobre os nossos quinhentoseuristas, daqui a pouco e sobre as primaveras árabes, nada!
    Convém saber que, quando aconteceu o movimento na Praça do Sol, houve dezenas, para não dizer centenas nos países que falam castelhano, a que poucos media deram eco, mas existiram.
    99% é muito, aqui ou na China.
    Haja esperança!

    ResponderEliminar