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sábado, 16 de agosto de 2014

Oje é aqela ora de os omens escreverem portugês com ezatidão

Não são apenas os portugueses que se queixam do novo acordo ortográfico: do outro lado do oceano, os brasileiros também estão insatisfeitos com as novas regras de português e preferem a versão pré-AO. Mas há um grupo curioso, que engloba aqueles que consideram que o acordo deveria ter sido mais radical, tornando a Língua Portuguesa ainda mais simples.
Imagine que se decidia, simplesmente, eliminar a letra “h” do início das palavras – “oje” ou “omem”, como já acontece em “úmido” na ortografia brasileira. Porque é difícil explicar porque é que às vezes o “s” soa a “zebra”, passamos também a palavras como “cazamento”, “ezato” e “tezoura”.
Já agora, podemos também retirar o “u” depois do “q”, que nos deixaria palavras como “qeijo” ou “aqele”. O “ch”, tão chato, deixaria de existir, surgindo vocábulos como xá, xuva e xato - que, convenhamos, já são familiares para muitos dos utilizadores de chats na Internet.
A ideia de simplificar a língua nasce da dificuldade em ensinar Português: desde a primária até ao fim do secundário, os alunos ocupam as aulas com uma média de 400 horas a estudar ortografia.
Pelo menos é o que afirmam os promotores do Simplificando a Ortografia, uma iniciativa para tornar a língua mais prática e reduzir o tempo “desperdiçado” a ensinar a ortografia para cerca de 150 horas ao longo do ensino obrigatório, ganhando mais tempo nas aulas de Português para incentivar a “leitura, análise, compreensão, interpretação e criação de textos”, promovendo competências comunicativas.
“Oficializando”
Parece loucura? O congresso brasileiro acha que não.
Uma comissão técnica do Senado está a estudar novas mudanças ortográficas na Língua Portuguesa, reunindo o Centro de Estudos Linguísticos da Língua Portuguesa (CELLP), a Academia de Letras de Brasília (ALB) e o site Simplificando a Ortografia, e conta com nomes importantes como Ernani Pimentel, Pasquale Cipro Neto, o conhecido “Professor Pasquale”, e Everardo Leitão, especialista em redação de textos.
É claro que a ideia não passa despercebida e já há quem se oponha veementemente – uma das vozes mais sonantes é a do “guru” Evanildo Bechara, autor da Moderna Gramática Portuguesa e membro da Academia Brasileira de Letras (e, já agora, da Academia das Ciências de Lisboa e Honoris Causa pela Universidade de Coimbra).
O irónico é que a ideia surgiu justamente por causa do polémico novo Acordo Ortográfico, cuja aplicação também está a causar confusão no Brasil. “Não há um só professor de Português, uma única autoridade, um único cidadão capaz de dizer: eu entendo e sei aplicar as novas regras ortográficas”, afirma Ernani Pimentel, presidente do Centro de Estudos Linguísticos, esclarecendo as razões da controvérsia. “Aluno nenhum consegue aprender o que professor nenhum sabe ensinar”.
Se ainda acha que isto não passa de uma grande piada, verifique o site: http://simplificandoaortografia.com.br ou Simplificando a Ortografia | Facebook.
De acordo com o Senado brasileiro, as melhores propostas serão escolhidas no Seminário Internacional Linguístico-Ortográfico da Língua Portuguesa, em setembro, e postas à consideração dos governos dos países de expressão portuguesa – que terão cerca de um ano para decidir o que deve ser simplificado.

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