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sábado, 15 de março de 2014

Dia do Consumidor, consumido em dívidas e dádivas

Jorge Morgado, secretário-geral da Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor (DECO), denuncia que “todas as semanas aparecem pessoas sem condições para pagar água, eletricidade ou gás, especialmente nos meios urbanos de Lisboa e Porto”.
O responsável da Deco, adianta ainda que “há franjas da classe média cuja pobreza está a aumentar, por desemprego e degradação salarial, especialmente nos meios urbanos de Lisboa e Porto, já são milhares de famílias”.
No Dia Mundial do Consumidor, que se comemora hoje, a associação lembra que 2013 foi “um ano especialmente difícil” por causa do desemprego, cortes salariais e aumento de impostos, que têm empurrado muitas famílias para a pobreza.
Os dados deste ano do Gabinete de Apoio ao Sobre-endividado (GAS) da Deco mostram uma redução no número de processos de renegociação de dívidas, porque a falta de rendimentos não permite sequer ao endividado negociar com os credores. Os mesmos dados mostram que os endividados que recorrem à associação apresentam uma taxa de esforço média de 75%.
Mas a crise também tem um efeito que pode ser benéfico ao consumidor, ressalva Jorge Morgado, explicando que a falta de dinheiro motiva uma alteração de hábitos de consumo que pode ser benéfica por centrar as compras nos bens essenciais, como a alimentação, e abdicar de necessidades mais supérfluas. “A crise trouxe também aprendizagem. Os consumidores fazem agora mais reflexão sobre os seus atos de consumo e têm uma gestão mais criteriosa da sua vida, o que vai ser bom se a crise passar e mantivermos esta racionalidade”, defende.
Jorge Morgado destaca ainda, no ano que passou, a “grande disponibilidade” dos portugueses para se mobilizarem em defesa dos seus direitos, e lembra a adesão maciça de milhares de consumidores às petições lançadas pela associação que, segundo a Deco, foram as maiores que deram entrada no parlamento.
Mas nas empresas, os tempos de crise produzem comportamentos diversificados, segundo a associação. “Por um lado, as grandes empresas e as que estão voltadas para o futuro percebem que este momento de crise pode ser interessante para conseguir novos clientes. Mas há algumas empresas que aproveitam a crise para entrarem em caminhos de alguma ilegalidade e não cumprir garantias previstas na lei ou atirando para cima do consumidor despesas da sua responsabilidade”, considera o secretário-geral da DECO.
Já nem valia a pena “celebrar” ou lembrar o Dia Mundial do Consumidor, que de tão espremido, depois de embalado por tentações e tentadores, pode prescindir dos direitos por falta de dinheiro…
Parece que o melhor que resultou da crise foi, individualmente, a disciplina gastadora do consumidor, embora de cada vez que aparece uma “folga”, a indisciplina volta, embora contida.
Já no caso das empresas, as ilegalidades e não cumprimento das garantias previstas na lei ou o atirar para cima do consumidor despesas da sua responsabilidade, não é das empresas, que não têm vida, mas dos empresários que comandam essas empresas…
Deixemo-nos de subtilezas!
Neste Dia Mundial do Consumidor, este vive consumido com as dívidas e sobrevive com as dádivas que a solidariedade vai distribuindo…

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