Mais de 70 personalidades, de economistas a empresários, de advogados a sindicalistas, do CDS ao BE, subscrevem um manifesto onde apelam à reestruturação responsável da dívida pública, sob pena de termos pela frente 20 anos de definhamento económico e social, além da degradação dos serviços e apoios prestados pelo Estado.
O manifesto vem na sequência do prefácio aos Roteiros do Presidente da República, onde ele descreve uma situação de controlo e vigilância das decisões de política económica até 2035 por parte da União Europeia e do BCE. Só nessa data, e se tudo correr bem, é que teremos atingido o rácio de 60% da dívida em percentagem do PIB e teremos pago 75% do empréstimo de 78.000 milhões de euros que a troika nos concedeu.
Contudo, como o próprio Presidente reconhece, para tal será necessário que o país registe em média crescimentos nominais da economia de 4% ao ano e excedentes primários orçamentais de 3%, algo que nunca se verificou na história económica portuguesa (este ano o excedente previsto é de 0,3%).
É lícito, pois, concluir, que Cavaco Silva está consciente da alta improbabilidade deste desiderato ser atingido na data prevista. E que está igualmente consciente de que o consenso político alargado é fundamental, sob pena de haver uma implosão social, porque ninguém aguenta 20 anos a empobrecer.
A questão que se coloca é então saber se temos de percorrer este caminho das pedras sem nenhuma esperança de salvação - ou se devemos buscar outras soluções. É isso que o manifesto propõe: uma reestruturação responsável da dívida, com alargamento das maturidades, à semelhança do que já fizemos no passado e à semelhança de processo idêntico de que a Alemanha beneficiou no pós-guerra.
É por isso que, como economista, Cavaco Silva não pode deixar de estar de acordo com este manifesto. E se como político não o pode subscrever, é essencial que comece a trabalhar discretamente para que tal solução possa ser alcançada. De outro modo, em vez da reestruturação da dívida, num ano não muito longínquo estaremos a debater a saída do euro.
A ministra das Finanças disse esta manhã em Paris que a dívida portuguesa é sustentável e que a sua reestruturação não está na ordem do dia.
O primeiro-ministro disse esta manhã em Lisboa a mesma coisa, acrescentando que se tivermos 1,8% de excedente primário orçamental em termos médios, 1% de inflação e 1,5% a 2% de crescimento que poderemos pagar a dívida sem necessitarmos de mais tempo nem de melhoria de condições.
O Presidente da República escreveu no prefácio aos seus Roteiros que só com um excedente primário médio anual de 3% e um crescimento nominal de 4% conseguiremos cumprir os 60% da dívida e pagar 75% do empréstimo da troika em... 2035.
Ora sabendo que Maria Luís Albuquerque se formou na Universidade Lusíada e tirou um mestrado no ISEG; que Pedro Passos Coelho foi seu aluno e também se formou na Universidade Lusíada; e que Cavaco Silva se formou no ISEG e tirou um doutoramento na Universidade de York, a pergunta é: em qual destas pessoas acredita mais em matéria de previsões económicas?
Nicolau Santos
como dizia alguem com que concordo, lembra-lhe (os 70) o jovem apos ter morto o pai e a mae pede em tribunal clemencia devido a ser um pobre orfão.
ResponderEliminarOs eleitores já tiveram mais que tempo para perceberem que muitos deste e apos 240 mil M.recebidos da Ue estes de boa governação e gestão não são de todo em quem se deve acreditar.
Foram "só" 78.000 milhões, mas se o da piada matou os pais, estes estão a matar os filhos, sem dó nem piedade...
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