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segunda-feira, 10 de março de 2014

É a evolução para o revivalismo como modo-de-vida…

Há pelo menos uma empresa a ganhar à grande com o regresso da marmita: a Tupperware. No ano passado, as vendas da marca de embalagens, que teve o seu boom nos anos 50, cresceram 19%. “Portugal cresce a 2 dígitos há 3 anos consecutivos. É crescimento em cima de crescimento”, diz António Gil, diretor da Tupperware para Portugal e Espanha.
A vida dos portugueses mudou muito com a crise económica. Mas o que os restaurantes perderam com muitas pessoas a evitar almoçar fora diariamente - a quebra na faturação da restauração foi de quase 30%, entre 2009 e 2012 -, a Tupperware ganhou, com a moda de levar o almoço de casa para o trabalho.
Para este ano, a perspetiva também é positiva. A marca de recipientes plásticos coloridos para guardar alimentos entrou com o pé direito em 2014: um crescimento de 21% nas vendas em janeiro, em relação ao mesmo mês de 2013. As mudanças também são fáceis de comprovar: o regresso em força da marmita é visível nos transportes públicos e nas empresas.
“As pessoas preocupam-se cada vez mais em economizar, em poupar. Por isso, há mais gente a transportar o seu almoço para o local de trabalho”, confirma o diretor ibérico da Tupperware.
Num período de apenas 3 anos, o número de pessoas a levar a marmita para o trabalho aumentou mais de 10%. Em 2012, 40% dos portugueses levavam o almoço, contra os 27% registados em 2009, segundo uma sondagem realizada pelo Kantar Worldpanel.
Outro dado que demonstra o aumento de refeições cozinhadas em casa são os gastos com alimentação. Os portugueses gastaram em média 1.835 euros nos supermercados em 2012, mais 135 euros do que em 2010, com 80% destas compras a destinar-se à alimentação, diz a Kantar.
A Marmita, que faz distribuição de almoços, começou pelo centro de Lisboa, hoje já servem na Grande Lisboa.
"O sucesso das marmitas não está só relacionado com a poupança. Poupar dinheiro é importante, mas a opção também tem que ver com comer comida saudável e com não perder tempo. Num restaurante gasta-se a hora de almoço inteira. Com a marmita, sobra tempo para relaxar, passear, dar uma volta, descansar. A comida é muito boa, por isso faz todo o sentido. Ainda por cima vamos levar à porta e as pessoas não precisam de cozinhar", explica o empresário, Carlos Caneiras.
Por 3,99 € cada prato, os clientes têm à escolha 5 pratos fixos diferentes e uma ementa semanal, sempre distinta. Além dos pratos à escolha, os clientes têm a possibilidade de escolher saladas a gosto, com 5 ingredientes, por 3,49 €.
Nasci numa família “menos favorecida”, com uma parte ligada ao mar e outra à indústria de panificação, já lá vão uns aninhos…
Desce cedo percebi (ou me enganei), que a criação de riqueza nasce do trabalho e que quanto mais duro menos se ganha, por não haver tempo para se ganhar dinheiro…
Vem isto a propósito das marmitas, que há 50 anos eram o “comer nosso de cada dia” em quase todas as classes operárias mais pobres, mas que no meu caso tinha a ver com a atividade piscatória do meu avô. E lembro- me, que a minha avó tinha que se levantar à 4 horas da manhã, para “fazer o comer” para o meu avô levar para o mar, encaixotando-o depois numa marmita de alumínio, forrava-a com jornais, enfiava-a num saco e depois num baú, para manter a temperatura… E às 5 da manhã, lá ia o meu avô com um companheiro, mar fora, num barquito de 4 a 5 metros, remando ambos até se perderem de vista e voltarem se Deus quisesse…
Passaram-se 50 anos e entretanto as marmitas transformaram-se em peças de museus de etnografia e antropologia social. Fruto do desenvolvimento económico e de condições de vida mais digno e consentâneas com novos hábitos, não só os trabalhadores menos remunerados, mas sobretudo os da classe média, começaram a almoçarem em restaurantes, com direito a subsídio de refeição e tudo, que se mantém (ainda), nos 4,27 euros, quer para os trabalhadores do setor público, quer do privado.
Chegada a crise, por razões diversas, os nossos filhos, que já não pertencem às classes “mais desfavorecidas”, são obrigados a recorrer, de novo, à marmita, com a “vantagem” dos micro-ondas libertarem as mulheres ou as mães a levantarem-se tão cedo, mas a recuperar a liturgia dos pobres de décadas atrás…
E pronto! O país progrediu, está (muito) melhor só que os hábitos dos portugueses estão a recuar 50 anos, para já, como estão a recuar os direitos, e dizem-nos que este é o modelo que o futuro nos oferece, aqueles que nunca viram uma marmita e comem em restaurantes de luxo…
É a evolução para o revivalismo, que não é moda, mas um modo-de-vida…
É a evolução liberal!
Nota – Parece que outra nota da evolução dos nossos dias é a exigência de carro e telefone próprio para admissão de trabalhadores, seja no privado ou no público, que é mais uma prova da involução dos necessitados para aumentar os proveitos dos que necessitam…

2 comentários:

  1. A maioria dos trabalhadores belgas ou holandeses levam o comer de casa. O recente aumento do IVA da restauração poderá arruinar um exemplo em que Portugal está muito melhor que os grandes paises da UE= em Portugal um operario normal pode ir almoçar todos os dias a um restaurante(porque os preços são compativeis) o que já não se passa na Alemnha/Holanda...

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    1. Eu sei que lá fora, há muito, comem uma sandes e toca a andar...
      A tese é que em 50 anos conseguiram dar a volta e colocar o modus vivendi dos bisnetos aos bisavós... Involução!

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