A Organização das Nações Unidas (ONU) exigiu que o Vaticano remova imediatamente os clérigos suspeitos de abuso sexual contra crianças e adolescentes. De acordo com a organização, o “Comité sobre os Direitos da Criança das Nações Unidas” está preocupada com o facto de a Igreja Católica ainda não ter reconhecido a extensão dos crimes cometidos, nem tomou as medidas necessárias e pediu que a Santa Sé entregue os seus arquivos sobre o abuso sexual para que os culpados possam ser responsabilizados.
O Vaticano afirmou que estudará minuciosamente as críticas publicadas no relatório do Comité da ONU sobre os Direitos da Criança, mas disse que “em alguns pontos” há uma “tentativa de interferir nas doutrinas da Igreja”.
Um comunicado do gabinete de imprensa da Santa Sé refere que “tomou nota” do relatório e que será “submetido a um minucioso estudo e análise no plenário sobre a Convenção nos diferentes âmbitos apresentados pelo Comité, segundo o direito e a prática internacional, e levando em conta o debate público que se manteve a 16 de Janeiro (na sede da ONU em Genebra)”.
O texto acrescenta que a Santa Sé “lamenta ver em alguns pontos” do relatório “uma tentativa de interferir nas doutrinas da Igreja Católica sobre a dignidade das pessoas e no exercício da liberdade religiosa”.
Desde a sua posse que o Papa Francisco tem denunciado veementemente e com uma frequência incomodativa a “filosofia” reinante a nível mundial do enriquecimento brutal de poucos à custa do empobrecimento imoral dos 99% da população, assunto que não tem preocupado demais a ONU, tanto mais que no meio de todos os espoliados estão milhões e milhões de crianças.
Sem deixar de condenar a pedofilia, nem a deixar fora dos comentários, é curioso que o “Comité sobre os Direitos da Criança das Nações Unidas” denuncie estes casos dentro da Igreja Católica e não faça qualquer referência a outros credos religiosos onde o crime deve existir na mesma proporção, o que nos pode levar a pensar que há um alvo objetivo a atingir, até porque os padres pedófilos têm sido julgados nos tribunais comuns, a começar por Portugal…
Acresce que os Direitos da Criança, que para as Nações Unidas deveriam merecer uma atenção constante e medidas comprometidas, são sistematicamente violados diretamente com as guerras, com as fugas às mesmas, com a exploração do trabalho infantil e indiretamente com o aumento das desigualdades e com a redução dos seus direitos inscritos n’Os Direitos das Crianças…
Já se percebeu que as palavras de Francisco têm tido um impacto explosivo na filosofia exploratória das políticas neoliberais, que ultrapassa o universo dos católicos e invade a consciência de ateus, agnósticos, indiferentes e não-praticantes, o que pode contrariar a marcha triunfante e impune de medidas políticas, económicas e financeiras, que ultrapassam as barreiras da moralidade e da ética.
E perante este “imprevisto” na agenda dos mercados e dos especuladores, nada melhor do que jogar ao contra-ataque, não com ideias (apanágio de inteligência), mas com factos (apanágio de mediania intelectual), inserindo nas “tropas” as pessoas (apanágio de burrice)… Ou seja, o Poderio está a usar, mais uma vez, a ONU como “task force” contra a ameaça aos seus interesses.
Muito basicamente, percebe-se que os 85 mais ricos do mundo encomendaram à ONU o “trabalhinho” sujo de “assassinar” o mensageiro da pulhice desenfreada, mesmo ultrapassando a sua missão, que é o de facilitar a cooperação em matéria de direito internacional, segurança internacional, desenvolvimento económico, progresso social, direitos humanos e a realização da paz mundial, relativamente aos países-membros (que o Vaticano não integra) e não às ideologias que cada país ou doutrinas religiosas.
Não será mero acaso que o assunto tenha tido a enorme repercussão e de diversos quadrantes político-ideológicos, o que pode também focar a opinião pública em factos, desviando-a da ideologia e das suas consequências no quotidiano e no bem-estar dos cidadãos indefesos e desinformados dos seus direitos.
Resumindo: estamos a assistir a um “jogo baixo” em que a ONU(?) vem ameaçar o Papa Francisco, dando a entender que ou ele se cala e deixa de falar de Finanças e as Nações Unidas calam os crimes da sua Igreja ou terá que aguentar mais uns ataques conspirativos para lhe retirar a autoridade que lhe está a ser dada… O mesmo é dizer, que a falta de líderes a sério dispensa a emergência de um líder sério…
Contra o Poderio marchar, marchar!
Análise bem estruturada. Gostei, principalmente, da conclusão ("resumindo"). É bom que as pessoas comecem a "abrir os olhos" e verem quais os reais interesses do grande capital – os donos do mundo... Como eles se sentem quando são "criticados" ou são responsabilizados...!
ResponderEliminarAté se escondem atrás dos "sentimentos humanos", como se respeitassem a humanidade.
António
EliminarDe acordo e só posso retribuir a qualidade dos seus posts, quando publica.
Um abraço