(per)Seguidores

terça-feira, 30 de julho de 2013

9 parágrafos + 1 e (plim!) resgata-se a CONFIANÇA!...

É uma crítica muito habitual aos críticos: estão sempre a criticar. Batem, esfolam, matam noutros a esperança que neles já não vive, envenenam a credulidade com a sua descrença, empregam-se da negra cassandrice. Não pronunciam, prenunciam. Mais que negativos, são negativistas. Está-se bem? Está-se contra. Mas estamos num tempo de viragem - no Governo, na economia, na Europa - e tudo pode correr bem. Cruze os dedos e venha daí.
Pedro Santos Guerreiro
§ 1º O IRC pode atrair investimento. É difícil acreditar num grande sucesso do supercrédito fiscal, medida de desespero a meio do ano contra a queda assustadora do investimento. Não é em 6 meses que se implementam investimentos do zero. Já a reforma do IRC apresentada sexta-feira tem cabeça, tronco e supomos que membros. É tarde de mais para inventar um Estado fiscalmente atraente, mas é tempo de nivelar um Estado fiscalmente repelente. As mudanças devem estar concentradas no investimento, mais que nos dividendos. Mas estamos a falar de uma descida de impostos que devia acontecer ao mesmo tempo de uma descida do IRS, ou dificilmente terá aceitação social.
§ 2º As reformas estruturais podem funcionar. Quais reformas? Er… Passemos ao próximo parágrafo.
§ 3º Os bancos podem não ter mais problemas. Não estamos a falar da chaga do BPN nem da saga do Banif. Se acreditarmos que a economia vai dar a volta, então o malparado descerá e prejuízos brutais como apresentados este semestre pelo BES, BCP e Caixa vão terminar. No final, isso permitiria descer o custo do crédito às empresas. No final de quê? De assumir as perdas que perduram nas carteiras de crédito à habitação. Claro que isso é… mais prejuízos. É melhor mudar de parágrafo.
§ 4º A Europa pode mudar. O delírio dos europeístas seria: Merkel ganharia as eleições alemãs, faria uma coligação alargada e desbloquearia uma mudança política de fundo na União Europeia, com assentimento da França. Nasceriam instituições mais fortes e um "Governo da Europa" com a legitimidade democrática que hoje não existe se não no Parlamento, implicando transferência de mais poderes dos parlamentos nacionais para o centro. Depois, viriam políticas económicas e financeiras integradas, com um novo mandato para o BCE, o que garantiria uma refundação do euro e beneficiaria Portugal, que teria melhores condições para pagar a sua dívida pública e enveredar pelo crescimento. Está de acordo? A sério, está de acordo? Releia este parágrafo e veja se concorda com esse federalismo sem a palavra federalismo. É isso que pode acontecer à UE. Se correr bem.
§ 5º O Orçamento pode ser aprovado. Nas perspectivas mais optimistas, as metas do défice para Portugal são uma ilusão de óptica, pelo que o OE 2014 também o será. Austeridade a fingir. Pois… A verdade é que a flexibilização do défice de 2014 deverá ser aprovada apenas no final deste ano e a proposta de OE será mesmo a doer, com cortes nas pensões e despedimentos na função pública. Está-se mesmo a ver, vai correr bem.
§ 6º A crise política pode ter terminado. Cavaco estava enganado, não será preciso compromisso no Bloco Central. Gaspar estava enganado, a liderança do Governo é forte. Portas estava enganado, há condições para a coligação. Soares estava enganado, Seguro é fixe. Passos estava certo: que se lixem as eleições, começando nas autárquicas. Maravilha, a crise enterrou-se na areia de Verão.
§ 7º Pires de Lima pode ser um guerreiro Jedi. As expectativas estão ingratamente altas, mas o triunfalismo precoce é tão forte que contagia. Que a Força esteja com ele, isto é, connosco.
§ 8º Empresas públicas podem acertar o passo. Os swaps resolvem-se sem mais danos, a RTP pode não precisar de indemnizações compensatórias, os transportes darão lucro operacional, TAP e CTT podem ser privatizados, a dívida pode parar de aumentar. As empresas são competitivas e bem geridas.
§ 9º O crescimento económico pode chegar. O crescimento virá, mas o quando e o quanto são mais importantes que o facto em si. O Estado não tem dinheiro para investimento público nem para subsidiar investimento privado, pelo que a resposta está nas exportações, na dinamização do mercado interno e, sobretudo, na atracção de capital estrangeiro. Para isso, o Estado precisa de eliminar custos de contexto, garantir estabilidade e baixar impostos. É simples: acreditando no § 2º, confiando no sucesso de § 1º e na predestinação de § 7º, basta cumprir o § 6º para que suceda o § 5º, sem surpresas no § 3º e no § 8º, com revelação no § 4º. Não temos pois como não acreditar: vai correr tudo bem. Fiquemos tranquilos. Sobretudo se não existirem § 10.º
§ 10º Agostinho Branquinho pode ser um bom… Agostinho Branquinho?! Na Solidariedade e Segurança Social?! Boys ainda e sempre? Mas está tudo a gozar? Logo agora que estava tudo a correr tão bem!

Sem comentários:

Enviar um comentário