Mais de metade dos licenciados são desempregados de longa duração. Apesar de o desemprego total dar sinais de alívio, o investimento está estagnado e existe uma sobrequalificação de quadros.
O desemprego total da economia portuguesa dá sinais de alívio há vários trimestres, mas o número de licenciados que não arranjam trabalho há mais de um ano (longa duração) continua a aumentar. O fenómeno seria pior se não fosse a vaga (mais de 121.000) de emigração qualificada (e não só) para os países do Norte da Europa, para a África e para o Brasil registada nos últimos anos.
O secretário de Estado do Empreendedorismo e da Inovação, Pedro Gonçalves, defendeu que as empresas devem apostar na contratação de mais doutorados, para que estes possam ter mais alternativas a ficar nas universidades.
Para Pedro Gonçalves, o conhecimento desta "geração de quadros altamente qualificados" será determinante para melhorar a qualidade das empresas e a inovação dos produtos. "Se se conseguir que a economia como um todo valorize os nossos doutorados, os incorpore no sistema produtivo, os traga para as empresas, ONG, Governo (...) mais possibilidades se dá de trazerem os anos de estudo que acumularam para a economia", acrescentou.
As regras dos cursos superiores de curta duração serão aprovadas quinta-feira em Conselho de Ministros, mas os politécnicos temem que o diploma tenha de ser alterado antes de entrar em vigor, uma vez que existem questões “criticas”.
Os novos cursos superiores foi um tema debatido na reunião entre o secretário de Estado do Ensino Superior, José Ferreira Gomes, e os representantes dos Institutos Politécnicos.
No final do encontro, o presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP), Joaquim Mourato, saudou a decisão de “finalmente” ser aprovado em Conselho de Ministros o diploma que vai definir as regras de funcionamento dos novos cursos superiores, que terão a duração de apenas 2 anos, que vão começar a funcionar no próximo ano lectivo nos politécnicos: o de “Técnico Superior Profissional”, que é uma “espécie de meia licenciatura”, exemplificou o secretário de estado.
Os cursos vão implicar o pagamento de uma propina anual. Para aceder aos novos cursos, os alunos não terão de fazer exames nacionais, mas uma prova local no instituto onde pretendem ingressar.
“Ainda não temos o conhecimento completo de como se organiza, de como se faz a ligação ao ensino superior, como é que são financiados, como é que convivem com os cursos de especialização tecnológica”, alertou.
Confrontado com estas críticas, o secretário de Estado sublinhou a qualidade do diploma: “É natural que haja algumas dúvidas, mas a legislação é razoavelmente aberta para poder enquadrar algumas das preocupações e vamos acompanhar a entrada em funcionamento desses cursos para garantir o seu sucesso”.
Já não é de hoje que a quanto mais sobrequalificação académica, menores são as possibilidades de se encontrar emprego, talvez porque os nossos empresários tem poucas habilitações e não gostem de gente mais “inteligente” do que o patrão, mas também porque devem ganhar mais do que um magarefe…
Nos tempos que correm, como se vê, a coisa agravou-se e entre os desempregados jovens os mais qualificados são os mais atingidos, apesar de os governos anteriores propalarem que a mais certificações haveria mais oportunidades para os próprios e mais riqueza gerariam para o país… E foi o que se está a ver.
Diz agora este governo que as empresas devem contratar doutorados, desta geração de quadros altamente qualificados (teoricamente), que só pode contribuir para a melhoria da nossa economia, até porque os ordenados estão “ao preço da uva mijona”…
Convém ter em conta que estes doutorados são já fruto da introdução do processo de Bolonha, que foi e é uma vergonha, reduzindo-se os anos (dos cursos) de aprendizagem e obrigando os alunos (os pais) a pagarem o “Mestrado” para complementar uma licenciatura equivalente ao pré-Bolonha e o “Doutoramento” correspondente ao antigo Mestrado, que não atingiu os objetivos prometidos e tão contestados…
No entanto, para se fazer de conta de que se vai contornar este imbróglio, estão a inventar cursos superiores de 2 anos, já para o próximo ano letivo, embora ainda não tenham conhecimento completo da sua organização, de como se fará a ligação ao ensino superior, como é que serão financiados e como é que conviverão com os cursos de especialização tecnológica. Uma coisa sabe-se, é que vão pagar propinas e nem é preciso fazer exames de admissão, tão defendidos e mimados pelo atual ministro da Educação…
Resumindo: os mais qualificados produzem mais (riqueza) e quanto mais qualificações menos probabilidades de emprego. Logo, há que formar gente menos qualificada e à pressão para os colocar no mundo do trabalho, com menores salários, mesmo que a economia não ganhe mais com isso. Mas como o que interessa é que os Institutos Politécnicos resistam e que as taxas de desemprego “baixem”, aumente-se a bolsa de disponíveis, dispostos a trabalhar a qualquer preço…
E por isso se diz que é uma espécie de meia licenciatura, como reflexo de uma espécie de meio governo que temos, que como os empresários, não quer nem gosta de gente mais “inteligente” do que o patrão-mor…
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