Lembram-se de Obama no discurso que fez por ocasião do recente ataque à escola em Newtown que provocou a morte de 26 pessoas, das quais 20 eram crianças? Não me refiro ao discurso emocionado, ao repetido "you're not alone" (não estão sozinhos), mas ao abraço que deu a quem se cruzou a caminho do púlpito. Este gesto, num momento triste, como o abraço, mais um, que deu à mulher, registado na fotografia divulgada logo após a vitória nas eleições, num momento de alegria, pretendem mostrar, com êxito, a imagem de um homem sensível, enfim, de uma pessoa como qualquer um de nós.
Pois é disto que Passos Coelho precisa, de um pouco de Obama. Neste Natal, o primeiro-ministro português ensaiou, depois de ano e meio de absoluta austeridade, o seu lado sensível. Primeiro, na mensagem oficial, transmitida na RTP no dia de Natal, falou de optimismo, de não esquecer os mais pobres, de reformados, emigrantes e desempregados. Depois, no dia seguinte, pretendeu mais ainda, ser só o Pedro, o marido de Laura, mostrar compreensão e que pensa todos os dias nos que estão a sofrer.
Mas, mais uma vez, Passos não conseguiu tocar no coração dos portugueses - são cada vez menos os que o querem ver ou ouvir, conforme mostram as audiências.
Agora já é tarde, o primeiro-ministro já não conseguirá reaproximar-se do país, dos mesmos que se inspiram com as imagens de Obama. E este pode não parecer, mas é um grande problema para Passos Coelho, para qualquer um, que queira ser líder. Os portugueses há muito que deixaram de seguir o primeiro-ministro e, por isso, não há palavras, por mais genuínas, que atenuem, por pouco que seja, a austeridade de Passos e Gaspar.
E o mais grave é que este país distante de Passos também está cada vez mais longe de Cavaco, o Presidente da Diáspora e dos Empreendedores, de Portas e de Seguro. Grave, grave é que, bem vistas as coisas, este país não tem a quem seguir, quem o inspire mais que Obama.
Tendo em conta a (eventual) privatização da RTP para assim se obter melhor “Serviço Público” (quem o diz é o DOTOR “Vai estudar!”) e se até ao próximo Natal e Ano Novo tal se viesse a concretizar (o bom senso há de prevalecer), teríamos de imediato duas bênçãos, traduzidas no silêncio (das mensagens) do PM e do PR, cujas audiências estão a decair “na razão direta do quadrado dos tempos”…
Por um lado, o privado que usurpasse as nossas taxas de audiovisuais não estaria disposto a transmitir um momento com baixas audiências, como mandam as regras da concorrência.
Por outro lado, os autores das mensagens não se veriam obrigados a contrariar a lógica dos factos e a violentar as suas consciências, contrariando a Missão (jurada) de cada um…
“We are alone”, mas mais vale só do que acompanhado por quem não (Ob)ama…
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