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segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

O futuro da UE está nas ruas, onde estão as vítimas…

Transição ou decisão? A partir de 2012, o ano em que se previa o desmoronamento do euro, é tentador definir antecipadamente o que 2013 irá ser para os europeus, mesmo correndo o risco de uma pessoa se enganar. Mas apostando num prognóstico, conseguimos mesmo assim encontrar grandes tendências, com impacto duradouro na vida política e quotidiana da União Europeia. Segue-se um resumo.
O acontecimento do ano serão as eleições legislativas na Alemanha, provavelmente no dia 22 de setembro. Angela Merkel, que conserva uma taxa de popularidade recorde, tem boas probabilidades de ser eleita para um 3.º mandato como chanceler. Irá manter assim a sua política europeia de rigor, popular entre os seus eleitores. Mas irá precisar também de estabilidade, facto que poderá favorecer a política de intervenção do Banco Central Europeu na crise da dívida. A verdade é que esta política, apesar de pouco popular em Berlim e no Bundesbank, acalmou os mercados e deu algum descanso aos mais importantes e mais frágeis parceiros da Alemanha, como é o caso de Itália, de Espanha e de França.
Em Itália, em particular, as eleições irão decorrer a 24 e 25 de fevereiro, com um grande objetivo: Será que o “tecno” Mario Monti conseguirá continuar a governar sem ser eleito, mas com o apoio de uma coligação de partidos ao centro? A situação da Itália é exemplar para toda a Europa, em duas vertentes. Será suficiente uma política de austeridade que responda às expectativas dos mercados e dos países parceiros para restabelecer um país? Será um governo tecnocrata capaz de conciliar as futuras exigências económicas e democráticas de uma sociedade?
Enquanto isso, os britânicos – e muitos outros europeus – vão continuar a questionar a sua posição na UE. Apesar dos insistentes apelos da ala dos eurocéticos do seu partido, o primeiro-ministro David Cameron vai ter de evitar assumir a responsabilidade histórica de pôr em causa a permanência do seu país na União Europeia. Mas esta hipótese irá recair forçosamente nas negociações do orçamento europeu para 2014-2020 e na gestão da crise e dos reflexos no futuro institucional da UE.
David Cameron terá muito menos interesse em cortar as ligações com o continente, uma vez que o Reino Unido se prepara para estabelecer o referendo sobre a independência da Escócia, previsto para 2014. A espada de Dâmocles da separação far-se-á sentir-se igualmente sobre a Bélgica, onde os nacionalistas flamengos preparam as eleições federais de 2014, e sobre a Espanha, com a Catalunha a tentar criar condições mais favoráveis para organizar um referendo sobre a independência, também em 2014.
As aspirações catalãs, que se traduzem igualmente numa contestação à forma como a região participa no financiamento do Estado, vão acentuar a vulnerabilidade da Espanha. Com uma taxa de desemprego de quase 25% e um setor bancário muito fragilizado, o país vai continuar a ser o elo mais fraco da Europa e o país que (retirando o caso extremo da Grécia) reúne todos os males económicos e sociais do continente.
Para além das tendências políticas, será preciso ter em conta, durante todo o ano, o contexto social e a situação pessoal de 500 milhões de europeus. Independentemente das decisões tomadas em Bruxelas ou em Frankfurt, e independentemente da subida das tendências bolsistas e macroeconómicas, o futuro da UE vai jogar-se também e sobretudo nas fábricas, nos escritórios, nos hospitais e nas ruas, onde se encontram cada vez mais vítimas da crise.

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