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quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Se uma derrota eleitoral dói, quanto dói a austeridade?

A chanceler alemã, Angela Merkel, reconheceu a "derrota dolorosa" do seu partido conservador CDU aliado aos liberais do FDP na eleição regional realizada no domingo. "Vocês podem imaginar quais são os nossos sentimentos em relação a tal acontecimento", declarou.
No fim de uma noite cheia de suspense na Baixa Saxónia (norte), os sociais-democratas do SPD, aliados aos Verdes, superaram a coligação dos conservadores (CDU) e liberais (FDP), a mesma que governa o país em nível nacional. "Uma derrota nestas condições é ainda mais dolorosa", acrescentou em referência à vitória com apenas 1 assento a mais que a oposição nesta região.
Desde o início de seu 2º mandato, em 2009, o partido da chanceler perdeu espaço em quase todas as eleições locais e acumulou grandes derrotas, principalmente nos grandes estados do oeste, como a Renânia do Norte-Westfália e Bade-Wurtemberg.
No domingo, a CDU registou um recuo de mais de 6% em relação à eleição anterior, mesmo que grande parte desta perda se explique pelo apoio acordado pelos eleitores conservadores ao FDP, que aparecia quase morto nas pesquisas, a fim de o ajudar a superar a linha de 5% que permite eleger candidatos. Os liberais, por sua vez, terminaram com o seu melhor resultado na história, 9,9%, mas isso custou a vitória da CDU, considerou a imprensa.
"Hoje, estamos tristes por não ter funcionado", admitiu Merkel, que tentou minimizar o efeito dessa derrota nas eleições legislativas de 22 de setembro. "Ainda não estamos em campanha eleitoral (...) Temos uma série de tarefas a cumprir, a situação económica é frágil", explicou.
O seu porta-voz Steffen Seibert foi ainda mais categórico: "Um ponto fundamental: ontem, moradores da Baixa Saxónia votaram pelo seu parlamento regional, nada mais, nada menos", disse.
Ainda assim, a chanceler deve estar alerta, apesar da sua grande popularidade pessoal, que permite ao CDU manter-se acima dos 40% das intenções de voto a nível nacional, isso pode não traduzir-se em votos, como foi "com David McAllister (o ministro-presidente da Baixa Saxónia derrotado no domingo), que também era muito apreciado, mas que não foi capaz de vencer", considerou Niels Diederich, cientista político da Universidade Livre de Berlim.
A vitória na Baixa Saxónia, reduto do último chanceler social-democrata, Gerhard Schröder, deve trazer uma nova dinâmica à campanha dos sociais-democratas (SPD) e do adversário de Angela Merkel, Peer Steinbrück. Este último distanciou-se nas sondagens, após um início de campanha desastroso, marcado por polémicas, como as suas palestras muito bem pagas, e gafes, como sobre o salário de chanceler, que ele considerou "insuficiente". "Após as eleições na Baixa Saxónia, o SDP não está tão mal" com vista às legislativas, acrescenta Diederich. "A campanha será mais acirrada", profetizou o Der Spiegel.
Tenho registado por aqui todos os resultados das eleições regionais da Alemanha (em que o partido de Merkel apenas ganhou uma), não só porque os media nacionais não lhes deu nem dá qualquer importância, mas mais por estar em desacordo com as políticas da senhora que nos vitimizam e pelo desamor que nutro pela prepotência de quem, como ela, se impõe sem outra legitimidade, que não seja a de credor…
Bem sabemos todos, que o somatório dos resultados das eleições regionais não serão o resultado das eleições legislativas de 22 de setembro, mas querem dizer alguma coisa e que a haver mudanças (para que faço figas) essas mudanças se possam refletir aqui, no nosso dia-a-dia, porque hora a hora sentimos o peso de uma germanização (ilegítima) e a volatilidade da esperança num futuro melhor…
Esperemos pelo próximo futuro, pacientemente…

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