No Fórum Económico Mundial, a chanceler federal alemã defende o curso de reformas adotadas pela União Europeia para salvar a moeda comum. O discurso soa como resposta a Cameron.
SV
Para a chefe alemã de governo, a palavra-chave é competitividade. Por isso, há necessidade de reformas na Europa. "Precisamos adotar medidas estruturais hoje para poder viver melhor amanhã", afirmou. Embora o défice público dos países da União Europeia tenha caído para metade desde 2009, é preciso tempo até que os efeitos das reformas se tornem visíveis, acentuou a chanceler federal.
Redução do desemprego entre os jovens
Até que esses efeitos sejam de facto palpáveis, é importante reduzir o desemprego entre os jovens em países em crise como Grécia, Portugal e Espanha, se necessário através de medidas temporárias, ressaltou Merkel. Segundo ela, é preciso tomar cuidado para que a situação política não se agrave e não haja novamente instabilidade.
Para assegurar o bem-estar no continente, é preciso também regular os mercados financeiros, na visão da chefe de governo alemã. Entre outros, é preciso controlar os bancos. "Depois da crise de 2008, já tínhamos chegado a um ponto no qual todos concordávamos com a necessidade de regulação. E estamos longe disso." Merkel alertou ainda para o facto de que o estouro de uma outra "bolha financeira" pode ser perigoso para a manutenção da democracia.
Cameron: Competitividade europeia está desfasada
O depoimento de Merkel em prol de uma Europa unida foi uma espécie de resposta ao discurso do primeiro-ministro britânico, David Cameron, no dia anterior. Ele tinha anunciado que, caso seja reeleito em 2015, irá renegociar a permanência do Reino Unido na União Europeia, colocando a decisão nas mãos da população através de um referendo.
Em Davos, Cameron acrescentou ainda que o seu país "jamais entrará para a zona do euro". Segundo ele, Londres não está, com isso, a virar as costas à Europa. "É exatamente o contrário", acentuou o primeiro-ministro, afirmando defender "argumentos em prol de uma Europa competitiva, aberta e flexível", na qual o Reino Unido tenha "o seu lugar assegurado". Para ele, toda a Europa se encontra hoje ultrapassada em termos de inovação e competitividade.
Merkel abordou exatamente o mesmo assunto que Cameron, embora as suas conclusões não pudessem ser mais distintas. Enquanto o britânico quer diminuir as responsabilidades de Bruxelas, a chanceler federal alemã defendeu uma Europa mais coesa, com mais integração e menos barreiras. Apenas uma vez a líder alemã citou o britânico no seu discurso, ao afirmar que, assim como ele, também ela quer elevar a competitividade da União Europeia.
O Fórum Económico Mundial no balneário suíço de Davos reúne anualmente chefes de governo, políticos de alto escalão, grandes empresários e cientistas de todo o mundo. A meta oficial do encontro é "melhorar a situação do mundo".
Embora esteja a decorrer um fórum com importância (relativa para nós) mundial sobre finanças, economia e psicologia social, os nossos media nem falam nem comentam e por isso…
Quando Merkel vem apregoar que a União Europeia com 7% da população mundial, é responsável por 25% da produção económica e responde por 50% das despesas sociais, devia dizer isto com orgulho e fazer todos os esforços para estender os mesmos objetivos a todos os países do mundo democrático, sobretudo os direitos sociais. Isto é a Europa!
Mas quando vaticina que precisamos de inovações para mantermos o nosso (de algumas pessoas em quase todos os países) bem-estar no futuro, deveria dizer que as inovações, no limite, produzem aumento de desemprego e sem emprego, sem salários, sem subsídios e sem inclusão social, o bem-estar fica em causa…
E já sabemos, de experiência feita, que quando diz que precisamos adotar medidas estruturais (já sabemos, até o Dotor “vai estudar”), que se refere ao aumento do desemprego hoje para poder viver melhor amanhã, percebe-se que depois de chegar ao fundo, ou se morre ou se emerge… E é isso mesmo que está a aplicar aos PIIGS, por castigo ou filosofia barata!
Mas no meio de tanto desemprego já gerado e com tendência a aumentar, diz ELA que é preciso ter cuidado para que a situação política não se agrave (entre os partidos paradigmáticos) e não voltem as manifestações de rua, que desmascaram as boas intenções dos responsáveis dos governos algozes. E como os jovens vitimizados são o maior perigo social, é preciso dar-lhes algum trabalhinho (mesmo com baixos salários e recibos verdes) na Grécia, em Portugal e na Espanha, mesmo que sejam medidas temporárias (é o que se arranja), para tentar enganá-los e fazê-los pensar que os sonhos se podem realizar. Esta é a prioridade da estratégia de defesa do seu conceito restrito de bem-estar…
A segunda prioridade, é REGULAR os mercados financeiros, o que tem sido mais difícil do que conter manifestantes, porque não há forças de intervenção, nem tribunais, que carreguem, forte e feio, sobre a fraude e a especulação e as suas consequência no bem-estar de TODOS.
E só em terceiro lugar, finalmente, acaba por confessar, que é preciso controlar os bancos (logicamente!), sem deixar de alertar para outra "bolha financeira", que pode vir por aí (se há fumo…) e por em perigo a própria democracia (o que não a deve incomodar demais, dada a sua experiência).
Entretanto, para a construção da União Europeia, vem o “Camarão” (aqui chamamos-lhes lagostas) dizer que jamais entrará para a zona do euro, logicamente, para não incomodar os senhores da City, responsáveis em grande parte por esta selvajaria desregulada...
E não tem vergonha de declarar, sem rodeios, que assim está a defender uma Europa, na qual o Reino Unido tenha o seu lugar (de privilégios) assegurado. Não queria mais nada! “Quem não gosta não estraga!” e já basta o papel à solta que tem desempenhado e desvinculado da política da UE, sobretudo quando de guerras se trata (lembremo-nos do Iraque).
A rainha de Inglaterra é da Inglaterra e já nos chega a Chanceler (da Alemanha)! E nesse sentido, o “Camarão” quer diminuir a intervenção de Bruxelas (certo, se for por processos democráticos), enquanto a chefe alemã (da Alemanha) prefere uma Europa mais coesa, com mais integração e menos barreiras, o que quer dizer que quer continuar a mandar, sem mandato democrático…
Depois de Davos, tudo na mesma, mas convém ler as entrelinhas para lhes seguirmos os passos…
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