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sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Temos sorte! A Lusofonia não pode ser privatizada…

Não é demais dizer-se que o Português é a língua da moda.
Ana Grácio Pinto
No final de novembro, um estudo da uma empresa internacional de análise da atividade de redes sociais, revelava que a “língua de Camões” foi a que mais cresceu em toda a rede Facebook, entre maio de 2010 e novembro de 2012, sendo já o 3º idioma mais falado na maior rede social do mundo. Um mês antes, a revista internacional “Monocle” dedicava a edição de outubro ao mundo lusófono, uma publicação mensal de culto para muitos e que marca tendências em todo o mundo desde 2007, explica o porquê de o português ser a “nova língua do poder e dos negócios”
Na apresentação do livro “Potencial Económico da Língua Portuguesa”, que reúne os resultados de um estudo sobre a importância económica do Português, a presidente do Instituto Camões da Cooperação e da Língua, alertava que o seu valor económico deve ser potenciado “não só por razões internas”, mas também “porque há uma ligação muito estreita entre a rota da língua e a rota dos negócios”. Opinião secundada por Marcelo Rebelo de Sousa, a quem coube a apresentação da obra. “A língua portuguesa tem um valor incomensurável para Portugal e para a sua afirmação na lusofonia e mundo”, afirmou o professor catedrático, jurisconsulto e comentador político, acrescentando ainda ser também fundamental “sensibilizar os decisores políticos e económicos” para o facto de que “mais do que a identidade nacional, a língua portuguesa é um valor económico”.
Não há dúvidas de que o Português é uma língua cada vez mais global e tem uma importância económica que não para de crescer. Foi por isso que a revista internacional «Monocle», uma publicação mensal de culto editada no Reino Unido e que marca tendências em todo o mundo desde 2007, dedicou à Língua e à Lusofonia, a sua edição de outubro deste ano.
Língua de poder e de negócios
Ao longo de 258 páginas, a publicação refere todos os países de Língua Portuguesa para mostrar “o porquê de o português ser a nova língua do poder e dos negócios”.
Com o título “Geração Lusofonia” e mais de 10 artigos sobre política, economia, cultura e design em português, a revista “diz ‘olá’ ao mundo”, centra-se numa comunidade que “faz negócios com um ritmo único” e questiona se não será este o momento de “libertar o (seu) enorme potencial”.
São soalheiras, lindas e seguras, mas Portugal parece não saber o que fazer com elas. Talvez seja tempo de começar a reconhecer o potencial dos Açores”. É esta a entrada para um dos artigos de destaque da edição, intitulado “Esperando nas ilhas”, mas toda a revista é dedicada não só a Portugal como a todo o mundo lusófono, com temas desenvolvidos do Brasil a Timor, de Moçambique a Angola.
Uma reportagem no atelier de Álvaro Siza Vieira no Porto para falar da arquitetura nacional, uma entrevista com o ministro das Relações Exteriores brasileiro, António Patriota, um artigo sobre os portugueses que estão a trocar Lisboa por Luanda e outro sobre a arquitetura portuguesa de Maputo são apenas alguns dos temas em destaque.
Além de visitas ao Brasil, a Angola e a Moçambique, há relatos de uma viagem a Lisboa e ao Porto, aos Açores e à Comporta, no estuário do rio Sado. A reportagem passou também por Coruche, onde a família Amorim continua a trabalhar na maior indústria corticeira do planeta, para contar como a “melhor cortiça do mundo” fornece produtores de vinho “icónicos”, designers de moda e até a NASA.
A “Monocle” enumera as 20 melhores estrelas de língua portuguesa, revela o segredo dos centros comerciais de São Paulo e descreve negócios que vão das antigas conservas de peixe portuguesas às famosas sandálias brasileiras “Havaianas”.
O editor internacional da revista, Steve Bloomfield, que esteve em Lisboa, visitou ainda a sede da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), reconheceu que já há tentativas de juntar os países para trabalharem juntos e que “algum do trabalho da CPLP é fascinante e incrivelmente ambicioso”, mas defendeu que ainda há oportunidades a explorar. “A maior vantagem que vocês têm é que toda a gente adora os brasileiros e os portugueses. Têm muita empatia (soft power - poder suave), são populares em todo o mundo e podem mesmo tirar partido dessa boa vontade”, afirmou.
Noutro artigo, intitulado “Voando sob uma bandeira Global”, dois jornalistas afirmam que “embora Portugal não esteja a passar pela mais bem-sucedida fase da sua economia, ainda é o lar de alguns negócios poderosos e crescentes”, e indicam que Angola e Brasil “estão (juntos) numa liga própria, quando se trata de vigor empresarial”. De seguida, enumeram 15 grupos empresariais lusófonos que consideram como os “15 principais atores no mundo de língua portuguesa”. Entre estes, estão os portugueses Espírito Santo Group, a Portucel Soporcel, a Portugal Telecom, a Sonae e as Conservas Ramirez.
No artigo de abertura da edição dedicada à lusofonia o editor internacional da “Monocle” escreveu que sentem “que o mundo lusófono é muitas vezes ignorado pelos outros e era altura de alguém reparar(…) nos países que estão a crescer economicamente e onde estão a acontecer coisas fantásticas”.
O jornalista cita ainda o chefe da diplomacia brasileira, quando diz que “há muitas histórias positivas a sair do mundo lusófono”. E refere a opinião de António Patriota acerca do idioma comum aos 8 países lusófonos (Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste). “Nós temos muito orgulho na língua que usamos”, disse o governante brasileiro, acrescentando com um sorriso: “é uma língua muito bonita”.
A finalizar, Steve Bloomfield deixa um desafio: “está na hora de o resto do mundo começar a aprender um pouco de português”. “Quanto ao resto do mundo, acreditamos que poderia beneficiar de um pouco de Lusofonia”, conclui.

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