(per)Seguidores

domingo, 11 de dezembro de 2011

Eles sabem e pugnam, que o pesadelo comande a vida!

A festa das bolsas em função do acordo europeu não deve durar muito. O meu palpite é que acaba no meio da próxima semana. Ouvi um economista muito mais bem informado do que eu, convencido de que a alegria acaba na segunda-feira.
Paulo Moreira Leite
O problema nem é de visão económica. É de foco. A casa está a pegar fogo e os 26 governos da Europa fizeram um acordo para reformar a piscina, arrumar o telhado e colocar uma nova janela na sala de jantar. A ideia serve para distrair os convidados e até alguns vizinhos, mas o incêndio continua com labaredas cada vez mais altas, porque ninguém se preocupou em avisar os bombeiros.
Com palavras muito mais suaves e uma avaliação bem mais técnica, a economista Monica Baungarten faz uma avaliação semelhante em O Globo. Paulo Nogueira Batista, que representa o Brasil no Fundo Monetário Internacional, publica um artigo questionando os fundamentos do acordo.
É curioso que Bruxelas comemora um acordo de médio e longo prazo e finge que não há um problema urgente para ser resolvido.
No mesmo dia, divulgou-se que a Grécia enfrenta uma recessão de 5,5%. Portugal também caiu 0,5% e deve cair 3,2% ao longo de 2012. Outros países estão a parar, como a Itália, a Espanha. Sem crescimento, ficará cada vez mais difícil equilibrar as contas - como quer o acordo aprovado na sexta-feira. O efeito da recessão dos vizinhos já chegou à Alemanha, que começa a ter problemas com as suas exportações. Se seguir assim, em breve a maior economia do Velho Mundo irá enfrentar o desemprego.
Em função da recessão, o consumo cai em toda a Europa.  Como já disse em nota anterior: o feitiço da austeridade está a voltar-se contra a feiticeira Angela Merkel.
Nós sabemos que existem visões diferentes e até opostas na condução da política económica de qualquer país. Existem os monetaristas, os desenvolvimentistas, os keynesianos, os aventureiros e assim por diante.
A discussão sobre o que fazer no futuro imediato da Europa não permite muitas diferenças, porém. Um balanço resumido da crise de 2008 mostra uma regra infalível: quem definiu estímulos para a economia, pelo menos evitou o pior.  Quem definiu estímulos - e garantiu que fossem aplicados corretamente - garantiu o melhor. Quem não fez uma coisa nem outra, afundou.
Explicando. O governo americano deu estímulos caríssimos. Soltou muito dinheiro para os bancos, mas permitiu que eles entesourassem a maioria dos recursos recebidos. Resultado: os bancos recuperaram a saúde, os banqueiros voltaram a ganhar bónus milionários. A economia engatinha, mas não voltou a andar. Não entrou em recessão mas não cresce.
O governo da China e do Brasil agiram de modo parecido: abriram o cofre e garantiram a distribuição de recursos para reforçar a procura. Forçaram os bancos a fazer empréstimos. Nos dois países, a presença de uma rede de bancos estatais foi de extrema utilidade na hora mais difícil.
Com isto, o consumo recuperou, a produção foi ativada e evitou-se o pior, embora o Brasil tenha passado um trimestre onde a economia caiu 4,2% e outro onde a queda foi de 1,7%.
A Europa preferiu a austeridade. Chegou a elevar os juros com o argumento errado de que era preciso evitar um risco de inflação. O resultado é que se produziu uma recessão que gerou desequilíbrios em economias equilibradíssimas, como a Espanha, a Itália, a Irlanda, até então primeiras da classe em matéria de bom comportamento.
Compreende-se que governos conservadores tenham uma tendência natural a preferir planos coerentes com a sua visão política.
A incapacidade de reconhecer que algumas ideias não são adequadas para resolver determinados problemas revela um comportamento primitivo incapaz de enfrentar uma situação complexa.
É irracional. Este é o problema das lideranças europeias hoje.
Cartoon

2 comentários:

  1. Também me parece que é por aqui que vamos... infelizmente.

    ResponderEliminar
  2. Anabela
    Ainda tenho fé que isto rebente tudo e voltemos às origens e já não sou só eu, parece que já preparam as maquinas e o Câmbio...

    ResponderEliminar