O Banco Alimentar Contra a Fome recolheu este fim de semana 2.644 toneladas de alimentos em todo o país, numa ação solidária que angariou mais 13,7% de alimentos do que em 2011.
BANCOS DE ALIMENTOS – (documento da FAO)
Estados Unidos, anos 60: John Van Hengel, retirado em Fénix (Arizona), participa numa recolha de frutas e legumes organizada por uma instituição assistencial.
São muitos os desempregados e as pessoas marginalizadas que devem ser atendidas.
Um dia, a mãe de 9 filhos conta-lhe como ela, tendo o seu marido na cadeia, conseguia dar de comer a toda sua prole recolhendo os alimentos que caiam e ninguém recuperava, durante as descargas efetuadas de madrugada num supermercado vizinho e sugeriu-lhe que passasse a outras mães essa experiência.
Van Hengel fez mais: organizou com voluntários a recolha de alimentos em supermercados. Assim, em 1967, nasceu em Fénix o primeiro Banco de Alimentos, ("St. Mary's Food Bank") com um punhado de voluntários e os 250 m2 de uma velha padaria.
A ideia propagou-se com grande rapidez. Incentivada a iniciativa pelo Governo, estendeu-se em seguida por todo o País. Na atualidade, o movimento estende-se pelos 50 Estados da União e Porto Rico.
As Indústrias agroalimentares e as grandes cadeias de distribuição de alimentos colaboram com os Bancos de Alimentos formando o que chamam "SECOND HARVEST" (Segunda Distribuição), que realizam sistematicamente com os excedentes, sentindo-se felizes por darem esta contribuição e, em alguns casos, ajudando inclusive à formação dos Voluntários para os Bancos.
As suas doações gozam também de vantagens fiscais. SECOND HARVEST, com os seus 350 doadores de importância nacional, e a sua rede de 181 Bancos de Alimentos associados, constitui a maior organização de Caridade dos Estados Unidos, dedicada ao auxílio dos que passam fome.
Segundo dados de 1993 que nos foram facilitados, esta organização fez chegar alimentos (330.000 toneladas) e dinheiro (mais de 478.492.000 de euros) a 181 Bancos de Alimentos associados, (cada Banco tem ainda os seus próprios provedores diretos de alimentos e sócios que fornecem dinheiro).
Atenderam mais de 50.000 Agências de beneficência. Estas Agências auxiliaram a 26.000.000 de pessoas/ano, destas, quase 11.000.000 eram crianças.
A eficiência desta Organização é extraordinária: por cada dólar que recebem, conseguem fazer chegar aos necessitados produtos no valor de 68 dólares, graças aos poucos gastos em que incorrem, 99,7% dos donativos vai diretamente para os necessitados.
Para dar uma ideia da importância que pode ter um só Banco, podemos dizer que um único Banco de Alimentos de Chicago, o "Greater Chicago Food Depository", ocupa uns 10.000 m2 de terreno, distribui por ano 7.000 toneladas de alimentos entre mais de 200 instituições associadas e vale-se da colaboração de mais de 4.000 voluntários.
O QUE SÃO?
Os Bancos de Alimentos são organizações sem fins lucrativos baseados no voluntariado, e cujo objetivo é a consecução e aproveitamento dos alimentos excedentários com a intenção de os fazer chegar aos Centros Assistenciais e, através deles, às pessoas que deles precisam.
Antes de mais, também dei. Mas conhecendo há anos a história e a ideia dos Bancos de Alimentos, faço-o com alguma relutância pelas condições em que se estrutura a instituição no nosso país, que me deixa sempre na dúvida, se estou a ajudar mais os pobres ou os proprietários dos super e hipermercados…
Como se vê neste informativo da FAO, a ideia original era recolher, sistematicamente, nas Indústrias agroalimentares e nas grandes cadeias de distribuição de alimentos os excedentes, e produtos perto do limite do prazo de validade, gozando inclusive de vantagens fiscais por essas doações. Em alguns casos, ajudavam na formação dos Voluntários.
Pelo que sabemos, há em Portugal o mesmo tipo de angariação, sistemático, por associações específicas e com bons resultados. Quanto ao tipo de recolha, que acontece algumas vezes por ano por iniciativa do Banco Alimentar Contra a Fome, porque nada tem a ver com o espírito que esteve na sua génese, contribui para as minhas dúvidas.
E por isso não estou nada de acordo que a recolha seja feita (exclusivamente?) às portas das grandes superfícies, apesar de entender a facilidade logística, mas que acaba por ser um benefício para os seus donos e 2.644 toneladas de alimentos deve dar muito lucro. Seria mais lógico haver lugares específicos para a entrega e os doadores comprariam onde lhes apetecesse, por exemplo nas mercearias de bairro, ajudando o comércio local. Bem sei que já há a possibilidade de contribuições monetárias, mas…
Concluindo e sem por em causa as boas intenções dos dirigentes e voluntários do Banco Alimentar, que apaga os fogos que os governos ateiam e depois fogem, talvez fosse mais profícuo, razoável e justo implementar vantagens fiscais para os doadores, para não estruturarmos a nossa sociedade na caridade e na solidariedade, que não fazendo mal a ninguém, não atiraria para as costas da sociedade civil os estilhaços das medidas antissociais dos governantes…
O voluntariado tem que ser de livre vontade, benéfico para os que precisam e para os que lhe dão corpo…
ens razão, sim senhor! A recolha de alimentos noutros moldes é muito mais assertiva.E, no meio disto tudo, há gente que vai comendo à custa das instituições sem delas precisar. Conheci alguns casos aqui pela zona que tinham a lata de deitar fora aquilo de que não gostavam e iam de jipe ou de táxi buscar o cabaz!
ResponderEliminarmaria
EliminarNem estava a pensar nos falsos necessitados... O que me faz impressão é que é o Belmiro e o Santos que ganham com tudo isto, sem darem nenhum. A Popota e outros quejandos ainda lhes dá regalias fiscais à nossa custa.
É o aproveitar-se dos bons sentimentos de quem dá e de quem se voluntaria.