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sexta-feira, 1 de junho de 2012

A ser tudo verdade, há muita mentira e muita omissão!

1. Passo Coelho tem algumas qualidades como político: a sua serenidade, o seu timbre e uma respeitabilidade que era tida por intocável. Até ontem: Passos Coelho prescindiu da sua credibilidade e dos seus princípios (que alegava ter) para apoiar o seu amigo Miguel Relvas e os seus "compatriotas" da Ongoing (liderados por essa personagem execrável chamada Jorge Silva Carvalho). Se novos dados vierem à baila - e há uma probabilidade que venham - sobre o envolvimento de Miguel Relvas nesta novela das secretas, então, o primeiro responsável será o Primeiro-Ministro, Passos Coelho. E terão de se produzir consequências políticas desta opção de Passos Coelho: eu - nem nenhum português ciente e zeloso dos seus direitos, liberdades e garantias - admito ser governado por alguém que protege gente cujo passado é uma nebulosa e que, nos tempos livres, ameaça jornalistas (como Miguel Relvas) e fica indiferente (até aplaude se for preciso!) perante pessoas que brincam com a vida de portugueses respeitáveis e sérios; que utilizam os serviços do Estado português para subir na vida chantageando e ameaçando pessoas com os dados que guardam no Blackberry (como é o caso do "sacana com lei" - como apelidou um leitor em mail que recebi - Jorge Silva Carvalho). Passos Coelho sabe tão bem como nós que este episódio das secretas é uma telenovela que mancha a democracia portuguesa - e sabe que Miguel Relvas aproveitou-se de esquemas muito parecidos para alimentar e reforçar a sua ligação com a comunicação social. Já assisti a vários casos em que Miguel Relvas aborda os jornalistas que estão a fazer a reportagem sobre iniciativas do Governo e do PSD para lhes questionar sobre a sua vida ou como está o seu ambiente na redacção! Passos Coelho sabe de tudo isto - e mesmo assim garantiu apoiar e manter a sua confiança em Miguel Relvas. E porquê? Fácil. Vejamos.
2. Quem é que convidou Passos Coelho a candidatar-se à liderança do PSD? Miguel Relvas com o apoio financeiro de Ângelo Correia e Mira Amaral. Quem é que destruiu a liderança de Manuela Ferreira Leite? Miguel Relvas. Quem é que virou a máquina do partido a favor de Passos Coelho? Miguel Relvas. Quem é que, a poucos dias da eleição interna no PSD, telefonou a gritar com dirigentes distritais do PSD que ameaçavam não apoiar Passos Coelho ou que foram dissidentes (conheço um caso flagrante)? Miguel Relvas. Quem é que tem segurado a comunicação social, evitando notícias muito negativas para o Governo? Miguel Relvas. Quem é que arranjou os assessores (a grande maioria, pelo menos) que compõem o gabinete de Passos Coelho? Ora bem, Miguel Relvas! Conclusão: Passos Coelho não tem alternativa. Passos Coelho não tem coragem para demitir Miguel Relvas, nem tão pouco criticá-lo publicamente. Passos Coelho está dependente, num colete-de-forças: não se pode mexer sem a anuência, sem a concordância de Miguel Relvas. A vida política de Passos coelho depende de Miguel Relvas. Quando Miguel Relvas cair, cai Passos Coelho. Assim: rápido e cirúrgico. Sem dores prolongadas. Automaticamente. Passos Coelho vive enquanto Miguel Relvas viver. Todos os escândalos de Miguel Relvas são escândalos de Passos Coelho.
3. Não é, pois, surpresa que Miguel Relvas tenha concertado com Passos Coelho previamente o discurso que iria apresentar ao Parlamento ontem. Palavra por palavra. Passos Coelho ainda não está morto politicamente: mas este episódio, made by Miguel Relvas, começa já a moer. Infelizmente para Portugal. Nós precisávamos de ter alguém a governar o nosso país que estivesse acima de qualquer suspeita. Que fosse patriota e apresentasse sentido de Estado. Mas não: somos governados - talvez! - pela pior geração de políticos de sempre. Comparado com o maquiavelismo discreto de Miguel Relvas, as manobras de José Sócrates eram para meninos de coiro. Precisamos de um Primeiro-Ministro forte. Se Passos Coelho for corajoso, só tem um caminho possível: demitir - imediatamente! - Miguel Relvas. E se este tiver a mínima decência - já não digo como membro do governo - como cidadão, deve abandonar pelo seu próprio pé o Governo. A bem de Portugal. A dupla Passos/Relvas envergonha o PSD.
João Lemos Esteves

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