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terça-feira, 30 de outubro de 2012

Ética empresarial e responsabilidade social? Só treta!!

As camisas ou calças baratíssimas encontradas em lojas na Alemanha têm o seu preço: a produção no estrangeiro. As condições de trabalho nas empresas fornecedoras da indústria têxtil do país são muitas vezes miseráveis.
Günther Birkenstock
Em setembro deste ano, aconteceu um incêndio numa fábrica de roupas no Paquistão, que deixou um saldo de mais de 250 mortos. O fogo conseguiu alastrar de maneira tão devastadora porque as saídas de emergência estavam fechadas. Os padrões de segurança, no caso, não foram respeitados.
Pouco tempo depois, ficou-se a saber que a fábrica produzia sobretudo para a cadeia alemã de lojas Kik, que vende roupas de baixo preço. O caso deu em escândalo e demonstrou mais uma vez a falta de interesse dos comerciantes alemães pelas condições nos estabelecimentos dos seus fornecedores. A cadeia KiK reagiu enviando um total de 500.000 dólares às famílias das vítimas do incêndio. Nesta altura, já se fala da necessidade de pagar o dobro deste valor.
Mudanças estruturais em vez de ajuda de emergência
Esta ajuda é louvável, diz Sabine Ferenschild, da organização Südwind, que luta pela igualdade de direitos sociais e económicos no mundo. Ferenschild acentua, contudo, que este tipo de auxílio é de muito curto prazo. "O que falta é uma perspectiva de longo prazo. Isso é o que demonstraram as catástrofes ocorridas até agora. Já aconteceram incêndios em fábricas com frequência, deixando mortos incontáveis trabalhadores ", diz ela.
As empresas, nestes casos, cumpriram com as suas obrigações imediatas de apoio financeiro, mas acabaram por deixar a ajuda de lado no decorrer dos anos seguintes. "Mas os envolvidos continuam a viver, alguns incapazes de trabalhar, outros com dificuldades depois da perda dos pais, que não podem mais contribuir para garantir a sobrevivência dos filhos", completa Ferenschild.
A pressão do mercado
Cada empresa, por sua vez, é obrigada a garantir um lugar no mercado. E para isso elas calculam exatamente os custos que os seus produtos acarretam. Isso acaba por recair sobre as costas dos mais fracos, ou seja, dos funcionários das fábricas em países onde os salários são baixos, critica Ferenschild.
"A falta de contratos de trabalho, salários mínimos muito baixos ou horas extra compulsórias são inconvenientes estruturais causados pela altíssima concorrência no setor têxtil, mas que também acontecem em outros segmentos", diz a representante da Südwind. Ao lado desta, há também outras organizações que tentam modificar os padrões sociais das empresas fornecedoras nos países em desenvolvimento e emergentes. Até agora, no entanto, sem muito sucesso. Isso porque, acredita Ferenschild, até agora todo o acordo é facultativo. Ou seja, as empresas podem mudar a situação, mas não são obrigadas a fazer isso.
As empresas alemãs não têm obrigação de controlar regularmente no estrangeiro as condições de trabalho dos seus fornecedores, muito menos de explicitar publicamente os seus esforços neste sentido. Mas "a comissão da UE já declarou no ano passado que está disposta a eliminar o princípio facultativo neste ponto", comenta Ferenschild. Isso significaria introduzir a obrigatoriedade da transparência: os grandes grupos passariam a ser obrigados a informar a opinião pública a respeito das condições sob as quais os seus produtos são fabricados, para que todo o consumidor saiba se quer comprá-los ou se prefere deixá-los na prateleira.
"Querer, mas não poder"
O retalho alemão vê a coisa com outro olhos. Stefan Wengler, diretor comercial da Associação de Comércio Exterior do Varejo Alemão, defende a perpetuação da situação atual, que não obriga as empresas a darem tais declarações e acentua que a "Business Social Compliance Initiative" (BSCI) se empenha há 9 anos em prol da implementação de padrões internacionais nos quesitos segurança e salários.
Aproximadamente 1.000 empresas já declararam disposição em participar da BSCI. Wengler acredita que este seja um bom caminho. "No início, no 1º ano da iniciativa, apenas 7 entre 100 passaram no teste. Os 93% restantes não". Em avaliações mais recentes, conta Wengler, 1/3 das empresas conseguiu passar no teste. E as empresas com deficiências teriam eliminado as  mesmas com rapidez, diz ele.
"A BSCI segue medidas rígidas. O problema é que eles vão até um estabelecimento e veem que está tudo maravilhosamente em ordem. Quando saem dali, tudo fica como antes", completa Wengler. Por isso a necessidade de uma sensibilização maior dos executivos nos países fornecedores, que se pode dar através de formações especiais para diretores e trabalhadores. Pois só depois de perceberem a importância dos padrões de segurança é que vão de facto querer mudar algo, acredita Wengler.
A responsabilidade é da Alemanha
Sabine Ferenschild, por sua vez, não é tão otimista quanto Stefan Wengler. Ela concorda que há mudanças, mas acredita que as condições péssimas de trabalho continuam a existir. Ferenschild aponta que a responsabilidade é sobretudo dos comerciantes alemães: "A maioria dos produtos que são vendidos aqui, não são fabricados na Alemanha, mas sim em países onde os direitos do trabalhador existem no papel, mas não são respeitados na prática. E as empresas alemãs aproveitam-se dessas condições de trabalho", conclui.
Responsabilidade Social de Empresas
As empresas descobriram que uma das formas de se tornarem competitivas está associada a fazer o bem, e aí devemos esquecer o conceito ultrapassado de filantropia e passarmos a visualizar o bem desenvolvido pelas empresas de forma abrangente, relacionado o compromisso com o ambiente que está inserido e o desenvolvimento da satisfação das partes interessadas.
Pelo apresentado podemos considerar que a Responsabilidade Social das Empresas é uma forma de gestão estratégica que vai muito além da obrigatoriedade legal e do marketing social, é na verdade o comprometimento permanente da empresa, em adotar um comportamento ético e contribuir para o desenvolvimento global da sociedade.
Ética empresarial não é assunto para as horas vagas, é filosofia e prática de empresa. Significa não ao individualismo e aos seus subprodutos: egocentrismo e corporativismo. Não ao autoritarismo e às suas subdivisões: o totalitarismo político, com a centralização do poder; o totalitarismo organizacional, com o comportamento burocrático; o totalitarismo emocional, com o paternalismo.
Ética é vida! Sem princípios éticos é inviável a organização social.
Ética Empresarial é a alma do negócio. É o que garante o conceito púbico e a perpetuidade.
Era bom que a cara desse com a careta, mas na prática, mesmo os luteranos, sentem-se dispensados de tal empecilho, desde que os benefícios garantam o céu, mesmo rapinando na terra…
A incoerência vagueia em todas as áreas das relações humanas, se de humano tivessem algo, levando pela frente vidas que valem tanto como o custo do salário/hora…
Não temos nada a aprender, mas temos que ficar apreensivos com este presente no nosso futuro!

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