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sábado, 3 de novembro de 2012

Esta paz podre pode levar-nos a guerras?

Joseph Stiglitz, Nobel da Economia em 2001, discorda dos líderes europeus que recentemente têm insistido em passar a mensagem de que a crise está a ser ultrapassada. Stiglitz afirma que a verdade é exatamente o inverso dessa afirmação: a Europa está pior hoje do que estava há 5 anos e não se vislumbra nenhum indício de melhoria.
Joseph Stiglitz sublinha os esforços para a instauração de harmonização fiscal e união bancária na Europa, mas destaca negativamente o que diz ser a falta de vontade política e o desconhecimento (também por parte da classe política) do papel dos bancos na resposta à crise.
A recuperação dos milhões de postos de trabalho que já se perderam desde o início da crise é fundamental para a revitalização da Economia, adianta ainda o Nobel norte-americano, que manifesta ainda pouca confiança na moeda única europeia.
“Todos os observadores externos concordam que o euro e as políticas destinadas a salvar o euro dividem os europeus neste momento. Trata-se de divisões entre Estados, mas também no interior dos próprios Estados, onde os movimentos extremistas e nacionalistas se tornam cada vez mais fortes. Isto não é bom para a paz. No geral, o euro foi contraproducente”, declarou Joseph Stiglitz.
“A situação atual é instável e levará a mais, ou a menos, integração. É possível que os fundadores tivessem razão [ao criar a moeda única], mas imaginaram certamente que se evoluiria naturalmente para uma união política, e não uma união forçada para evitar um desastre”, acrescentou o economista neo-keynesiano.
Joseph Stiglitz felicitou, no entanto, a atribuição do Prémio Nobel da Paz à União Europeia. “A União Europeia foi criada como um projeto de paz e assegura a paz na Europa. Por isso, merece o Prémio”, declarou. Mas “a União Europeia não é a mesma coisa que a zona euro”, salientou.
Quando um Prémio Nobel vem dizer que a mensagem que os líderes europeus estão a passar de que a crise está a ser ultrapassada não é verdade, antes pelo contrário, está a piorar, temos logo a tendência de lhe dar todo o crédito (os cientistas não costumam mentir) e de concordar com ele, porque quem não for mentirosos não pode ser político…
Toda a gente sabe que a falta de crédito da Banca às empresas as leva à falência e ao desemprego dos trabalhadores e à necessidade de importar o que cá não se produz, por isso também temos que concordar com Stiglitz quando diz que não há vontade política dos líderes europeus, agravada pelo desconhecimento da classe política, que confirmamos todos os dias e em todas as Cimeiras…
E para quem vive preocupado no presente com o futuro, no que ao desemprego diz respeito, não das taxas colossais, mas dos casos de pessoas que nos rodeiam e nos cerca, é imperioso recuperar os milhares de postos de trabalho, para bem das pessoas, para angariação de fundos para o peditório da dívida e para a recuperação da soberania nacional. Percebe-se que o economista não tem muita fé enquanto o Euro servir de "faz de conta que vamos ficar todos melhor". Já antes tinha dito que, no geral, o euro foi contraproducente. E basta ter em conta que é na Eurozona onde residem todos os males e todos os maus…
Aquando da atribuição do Nobel da Paz à União Europeia, Stiglitz reconheceu o merecimento da distinção, mas foi dizendo para quem quisesse entender, que a União Europeia não é a mesma coisa que a zona euro e que o Euro não é bom para a Paz.
Não é por acaso que se ouve muita gente, cada vez mais, conhecida e anónima, admitir a possibilidade de guerras tradicionais (a que está em curso é coisa de finanças e quase virtual) nesta Europa, que se quis que fosse uma União. O grave, a acontecer, será o começo por guerras civis (entre a sociedade civil e os seus governos, governantes e políticos), que a solidariedade entre cidadãos poderá alastrar ao continente…
É triste e preocupante, que já se pense e se fale em golpes de Estado, feitos por militares, contra os golpes de Estado palacianos e por desrespeito e desprezo pela Constituição…
Claro que dentro da filosofia daqueles que dizem que “a guerra nos leva à paz”, ninguém gostaria de ver provado que “a paz podre nos leva à guerra”…
Quem tem responsabilidades, que as assumam ou que sumam!
E ouçam, de uma vez por todas, quem sabe mais do que todos os nossos ministros juntos!

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