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domingo, 17 de junho de 2012

A ONU ao serviço do capital e alavanca do MERCADO?

O director do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), Achim Steiner, foi hoje vaiado durante a sua intervenção na Cimeira dos Povos, quando discutia com a sociedade civil o conceito de economia verde.
O responsável participou numa mesa redonda com outros 10 oradores que representavam entidades civis brasileiras, norte-americanas e latino-americanas.
Logo no início da conversa, Steiner foi confrontado pelo conceito de economia verde utilizado no relatório do Pnuma, no qual se menciona a necessidade de “valorizar” os recursos naturais como água, solo e florestas. “Acreditamos que valorizar os bens naturais, que são bens comuns, para convencer as empresas de que eles são valiosos, e por isso devem ser preservados, só ajudará a prosperar o modelo capitalista”, afirmou Larissa Packer, representante da Carta de Belém, que integra mais de 30 movimentos sociais do Brasil.
A activista argumentou que esse tipo de solução levará a uma forte especulação financeira, na qual os títulos atrelados a valores naturais tornar-se-ão mais atractivos na medida em que se desfloresta mais. “A escassez de florestas irá elevar os activos ambientais negociados. Então, o mesmo fazendeiro que planta soja no Brasil, na medida em que desfloresta para plantar mais soja, eleva o valor de seu activo ambiental, correspondente à parte da mata nativa que mantém em pé”, observou.
Durante o seu período de resposta, Steiner tentou aproximar o conceito de economia verde que está a ser discutido pelos governos, àquele que as entidades civis estão a procurar definir, num evento paralelo, alegando que sua definição ainda está em construção.
“O modelo de economia que adoptamos hoje não é o modelo para o futuro, e isso não sou só eu que estou a dizer”, afirmou o director, ao indicar que a intenção não é tornar os bens naturais em activos comercializáveis no mercado financeiro. “O que estamos a dizer é que devemos também valorizar esses recursos em termos económicos”, tentou explicar Steiner, único membro da ONU que se deslocou ao evento da sociedade civil até ao momento.
Inicialmente aplaudido, o responsável foi ainda interpelado pelo embaixador aposentado da Bolívia Pablo Solón que o acusou de estar a dissimular o pensamento que realmente defende enquanto director do Pnuma. “Se a economia verde não tem nada a ver com o capitalismo, o que está a fazer o REDD?”, provocou o ex-embaixador, em referência ao Programa de Redução de Emissão por Desmatamento e Degradação Ambiental, que deu origem ao mercado de carbono.
Steiner argumentou que a solução não será encontrada numa divisão entre capitalismo e anti capitalismo e defendeu todas as alternativas verdes que estão a surgir nos últimos tempos, ainda que nascidas em economias liberais com baixo controlo estatal. “Não vamos voltar ao tempo em que toda a tecnologia que surgia era uma ameaça”, completou.
Steiner ainda criticou o facto de as entidades civis criarem um evento paralelo à Rio+20 e não estarem a participar directamente no evento, o que, constatou, dificulta a integração de todas as visões no processo negociador.
Quando concluiu o seu discurso, Steiner foi vaiado por parte da plateia, mas não deixou de agradecer a oportunidade de participar na Cimeira e de cumprimentar os presentes
Cartoon recebido por mail

2 comentários:

  1. Há uma insanável diferença entre os interesses dos povos ( e da ecologia) e os desígnios das multinacionais que controlam os Estados.

    PS - Hoje sou Grego e torço pelo Syriza.

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    1. Já chegava o anúncio "precipitado" do H1N1 para vir este funcionário da ONU defender o contrário do que diz com palavras bonitas...

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