A Cúpula dos Povos é um evento paralelo à Rio+20, onde organizações da sociedade civil discutem temas relacionados com a Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável.
Na cerimónia de inauguração da Arena Socioambiental na Cúpula dos Povos, neste sábado, a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira afirmou em tom inflamado, arrancando aplausos da plateia composta por ambientalistas, deputados e curiosos, estar cansada das críticas que tem recebido por ambientalistas em função da posição brasileira nos debates da Organização das Nações Unidas (ONU) e do novo Código Florestal. "Basta de 'achismo ambiental' de curto prazo. É hora de agir como gente grande. Não adianta fazer discurso dentro do escritório com ar condicionado".
Ao lado da ministra Tereza Campello, do Desenvolvimento Social e Erradicação a Pobreza, Izabella defendeu as políticas de desenvolvimento sustentável aliadas à erradicação da pobreza.
Também participaram da cerimónia o ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência e o ministro do Desenvolvimento Agrário. O ex-presidente Luis Inácio da Silva, que cancelou a participação em função dos exames médicos realizados na última semana, encaminhou uma carta para o público declarando apoio às causas da Conferência.
Izabella Teixeira também comentou o andamento das negociações na Rio+20 sob o comando da delegação brasileira. A ministra reafirmou a posição brasileira de não aceitar retrocessos em relação aos acordos da Conferência Eco-92 e discordou a da posição americana segundo a qual não faz mais sentido dividir o mundo entre ricos e pobres. "Faz todo sentido diferenciar, e isso com certeza vai evoluir nas negociações. Não temos que admitir retrocesso sobre tudo o que é do legado do Rio."
Na opinião da ministra, o documento final deverá enfatizar a inclusão da questão da erradicação da pobreza na noção de desenvolvimento sustentável. "Os países estão a debater isso porque veem que é impossível avançar na agenda sustentável resgatando, inclusive, o primeiro princípio da Declaração do Rio, que é o homem no centro do desenvolvimento sustentável."
A ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva disse acreditar que ainda há tempo hábil para um acordo nas negociações, o que vai garantir o sucesso da Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável (Rio+20). Ela participou neste sábado de um ato organizado pelo Comité em Defesa das Florestas e Desenvolvimento Sustentável contra o Código Florestal, na Cúpula dos Povos, que contou com a presença de diversas lideranças ambientais e representantes do Legislativo.
“O Brasil tem todas as condições de protagonizar um esforço para que façamos uma avaliação verdadeira do que foi feito ou não. Procurar mediar, junto com os demais países, que a crise económica não pode deixar em segundo plano a crise ambiental. Há tempo, até porque agora a prerrogativa de fazer essa mediação está entregue ao Brasil. É a grande oportunidade de revisitarmos os compromissos e corrigirmos os rumos.”
Segundo Marina Silva, o sucesso da conferência está nas mãos de todos os líderes do planeta, mas o Brasil tem um papel importante. "Nós não podemos tirar responsabilidade deles, mas o país anfitrião tem uma responsabilidade maior.”
Perguntada se estava otimista ou pessimista com os rumos da conferência, Marina disse que está persistente. “Cobro que o Brasil continue a ser o país que lidera pelo exemplo. Nós fizemos isso em Copenhaga. O Brasil constrangeu os que queriam fazer menos podendo fazer mais quando assumiu metas de redução de dióxido de carbono.”
Sobre o evento em que tinha participado, contra o Código Florestal aprovado pelo Congresso Nacional e vetado em parte pela presidente Dilma Rousseff, a ex-ministra do governo Lula fez questão de esclarecer que não se tratava de um ato de oposição política.
“Nós não estamos aqui numa atitude de oposição. É numa atitude de quem tem posição. E a nossa é que o Brasil não pode perder a chance de continuar a avançar na agenda do desenvolvimento sustentável. Não pode mudar a sua legislação em nome do lucro imediato, fazendo tábula rasa dos esforços de mais de 30 anos de diferentes governos.”
Sendo o ambiente um dos grandes negócios do nosso tempo, com muitos interesses à mistura, não admira que haja contrapoder ao que oficialmente nos é noticiado e passado como A visão do tema e problemas, quando parece haver mais do que UMA visão sobre tudo, como em tudo. Por isso, a Cúpula dos Povos se contrapõe ao RIO+20, de que temos dado publicidade e agora é a vez de o fazer a favor do contra.
Só não havia necessidade de se ir por aqui:
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