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segunda-feira, 18 de junho de 2012

Manter a pobreza para quem gosta de pobrezinhos…

A delegação do Brasil insiste em manter a erradicação da pobreza e da fome associada ao desenvolvimento sustentável, como está no rascunho fechado ontem à noite. Porém, há uma tendência em pulverizar o item destinado à economia verde.
Temas-chave sem consenso
Os 4 grupos temáticos, que discutem os temas mais polémicos, dividem-se com os meios de implementação, que são as definições de metas para curto, médio e longo prazo, a discriminação das ações para a governança global, além de questões como água e energia e economia verde.
Os governos reunidos para a Cimeira Rio+20, sobre desenvolvimento sustentável, pretendem fazer promessas menos contundentes sobre a ampliação no acesso à água e à energia.
O texto está a ser ajustado pelo governo brasileiro, que lidera as discussões do encontro no Rio de Janeiro. O Brasil quer que o documento seja assinado antes da chegada dos mais de 130 chefes de Estado, na próxima quarta-feira, mas várias delegações - incluindo Estados Unidos, Canadá e o bloco G77, de países em desenvolvimento - já se opuseram a diversos elementos do texto.
Responsabilidades
As discussões preliminares estavam previstas para terminar na noite de sexta-feira, mas naquele momento apenas 37% do documento final havia sido acordado - o que levou o Brasil a refazer todo o texto, que é explícito ao acusar os países ricos de tentar diminuir seus compromissos com ajuda internacional: "Nós enfatizamos que é preciso progredir na implementação de compromissos prévios. É crítico que honremos todos os compromissos prévios, sem retrocessos."
"Diante dos esforços determinados de alguns países desenvolvidos, em particular dos EUA, de rasgar o acordo da Cimeira da Terra de 1992, esse texto parece impedir que andemos para trás", afirma Asad Rehman, da ONG, Amigos da Terra. "Mas certamente ele não chega nem perto de abordar as preocupações das pessoas do nosso planeta. Diante de uma crise planetária tripla - catástrofe climática, aprofundamento na desigualdade global e consumo insustentável provocado por um sistema económico quebrado - o texto não é nem suficientemente ambicioso, nem fornece a vontade política necessária", observou Rehman.
Energia
A proposta do secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, de fazer com que todas as pessoas no planeta tenham acesso a energias modernas até 2030 - através do aumento de fontes de energia renováveis - é apenas citada no texto, mas não recebeu nenhum tipo de endosso.
Também não há nenhum compromisso firmado para acabar com os subsídios a combustíveis fósseis, como alguns queriam.
Água
Ativistas pedem que a Cimeira reconheça o direito de todos os seres humanos ao acesso a comida e água. O direito à comida - que sofre resistência do governo norte-americano - está no texto final, mas o trecho que fala sobre água é mais ambíguo.
"O direito à água e saneamento é essencial para que se possa aproveitar a vida e outros direitos humanos plenamente", afirma Farooq Ullah, do grupo Stakeholder Forum, que promove a participação de acionistas de empresas em iniciativas ambientais da ONU. "Resoluções prévias da ONU faziam ressalvas; e um dos sucessos da Rio+20 é que o Canadá e a Grã-Bretanha reconheceram pela primeira vez o direito universal à água e saneamento - respectivamente. Então é um mistério como os brasileiros perderam esse acordo", acrescentou Ullah.

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