“Devido a teorias erradas, a atenção excessiva às políticas de austeridade levou ao desemprego em flecha, a quebras significativas no sistema democrático e, em última análise, à catástrofe do Nazismo”. A descrição sucinta das políticas seguidas pela Alemanha nos anos 30 foi ontem feita por um austríaco, Ewald Nowotny, membro do Conselho de Governadores do Banco Central Europeu (BCE). “Temos de evitar os erros cometidos nessa década e lembrarmo-nos que esta é uma questão subjacente aos tempos que vivemos”, apelou o dirigente do BCE.
Em 1932, o Partido Nazi conseguiu duplicar a sua votação, depois de 2 anos de uma forte política de austeridade levada a cabo por Heinrich Bruening. O então chanceler aumentou taxas e impostos, cortou nos apoios estatais, promoveu cortes salariais, tendo, para tudo isto, passado ao largo das competências do parlamento, para o que recebeu ajuda do presidente, através de decretos. A ideia era subir as exportações e ajudar o país a pagar as indemnizações da Primeira Guerra Mundial, estabelecidas pelos acordos de Versalhes.
Este não é o primeiro aviso do género. No final do ano passado, o chanceler Helmut Schmidt dizia-se preocupado com o facto de a Alemanha estar a esticar a corda da austeridade dentro da zona euro, comparando as medidas agora tomadas com a política seguida nos anos 30 por Bruening, durante a República de Weimar, que qualificou de “desastrosa”.
GRANDE DEPRESSÃO
Nowotny explicou ainda que a determinação em evitar os erros cometidos nos anos 30 esteve várias vezes presente nas discussões entre os representantes dos bancos centrais quando a crise rebentou.
E recordou também o facto de que o presidente da Reserva Federal norte-americana, Ben S. Bernanke, beneficiou a sua intervenção na crise com o facto de ser um especialista do período da Grande Depressão, causado pelo crash bolsista de Nova Iorque em 1929. “Isto deu-lhe a capacidade de ter um feeling mais apurado que muitos de nós acerca dos perigos que toda esta crise encerrava”.
O membro do BCE explicou que a Europa “esteve muito próxima de derreter em termos financeiros e foi só através dos múltiplos esforços do Banco Central Europeu que se conseguiu evitar uma enorme catástrofe”.
Sobre o euro, Nowotny afirmou que “o euro continua a funcionar em pleno” e que, na sua convicção, “vai continuar a funcionar por um longo e indefinido período de tempo”.
Faltam acrescentar, pelo menos, as medidas “redentoras” dos “Boys de Chicago” durante a ditadura de Pinochet, exatamente as mesmas aplicadas nos países já intervencionados e propostas pelo FMI para a Espanha e seguramente para a Itália, embora estes dois últimos países estejam a ser tratados como iguais, mas mais iguais do que os outros…
Vamos a ver se a História se repete, embora digam que não!
E se as mesmas causas tiverem os mesmos efeitos como é seguro?
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