(per)Seguidores

terça-feira, 24 de abril de 2012

Oh p'ra ele a por-se em bicos de pés!

Pela primeira vez, o ex-presidente Mário Soares faltará à sessão solene de celebração do 25 de Abril no Parlamento. Manuel Alegre anunciou também que não comparecerá e Jorge Sampaio faz depender da sua agenda internacional a sua presença.
"Em solidariedade para com os militares, decidi não ir", disse o ex-Presidente, respondendo assim ao anúncio feito pela Associação 25 de Abril, num manifesto intitulado "Abril não desarma".
"O poder político que atualmente governa Portugal configura um outro ciclo político que está contra o 25 de Abril, os seus ideais e os seus valores. Em conformidade, a Associação 25 de Abril anuncia que não participará nos atos oficiais nacionais evocativos do 38.º aniversário do 25 de Abril", lê-se manifesto.
Passos Coelho acusou Mário Soares e Manuel Alegre de pertencerem a um grupo de “figuras políticas” que pretendem “protagonismo em datas especiais”.
“O 25 de abril é uma data muito importante para Portugal e não pode ser utilizada para outros fins que não sejam a celebração da Liberdade”, diz o primeiro-ministro.
Mas Passos Coelho considera que “o 25 de Abril não pertence ao Governo”, “É uma data do povo, do país” pelo que não deveria servir para protestos. “Todos os países têm figuras históricas...”, relativizou o primeiro-ministro.
De importante, hoje, o 25 de abril só tem a simbologia, porque a própria memória da esperança nas liberdades, na justiça social, nos direitos, no bem estar, na igualdade de oportunidades e na cidadania plena já foi apagada há anos, por vários protagonistas, que, eles sim, foram beneficiários do MOVIMENTO e por isso o “celebram” e querem que haja quem bata palmas…
Independentemente de tudo de cinzento ou negro que se possa apontar a alguns protagonistas desta data especial e independentemente do partido ou ideologia em que cada um se enquadre, hostilizá-los e diminuí-los, é um ato menor, que menoriza quem o faz.
E o primeiro-ministro, neste caso, exteriorizou alguns “atos falhados”, atraiçoado pelo seu subconsciente.
Claro que o 25 de abril é uma data muito importante para Portugal porque em 1974 pretendia que as Liberdades fossem para TODOS;
E porque foi um ato político, tem que continuar a ser utilizado para fins políticos, para que não nos esqueçamos dos seus objetivos e façamos tudo para os repor, mesmo não o celebrando;
E só isso seria o bastante para a celebração da Liberdade, mesmo sem os discursos balofos, bafiosos e redondos no Parlamento, feitos por senhores contrafeitos, com cravos na lapela.
Claro que o 25 de Abril não pertence ao Governo, mas é inquestionável que os governos deviam “pertencer” ao 25 de abril, só porque é uma data do povo e do país e é para o povo e o país que os governos deviam trabalhar, o que se tem visto, mas cada vez menos e por isso é que se justificam os protestos, sejam de quem for…
Claro que todos os países têm as suas figuras históricas, umas por boas razões e outras pelo contrário, sendo as primeiras mais respeitadas e as segundas esquecidas, mas como dizia Mário Quintana: “Era um grande nome — ora que dúvida! Uma verdadeira glória. Um dia adoeceu, morreu, virou rua... E continuaram a pisar em cima dele.”
Claro que os “mimos” de Passos Coelho aos visados só tem o valor que lhes damos porque exerce funções de Estado, como primeiro-ministro e só…
Claro que se qualquer cidadão anónimo, que tivesse 10 aninhos em 25 de 1974, aos 14 anos fosse membro de uma juventude partidária, tivesse passado 9 anos a “fazer” política, começasse a trabalhar aos 23 anos e se tivesse licenciado em 2001, quem é que lhe daria o mínimo de importância e não se perguntaria se não estava a por-se em bicos de pés?
Gabriel Garcia Marquez tinha razão quando confessava: "Aprendi que um homem só tem o direito de olhar um outro de cima para baixo para o ajudar a levantar-se." e foi para isso que o 25 de abril se fez, PARA LEVANTAR ESTA NAÇÃO!

2 comentários:

  1. Bem haja quem assim escreve.
    Parabéns e obrigada pelo teu comentário Miguel.
    Uma data que deveria ser comemorada na rua e não num hemiciclo bolorento e hipócrita.Chega a ser patético! Acho que o que deveria ser um dia de alegria para o povo se torna cada vez mais um dia de desesperança.
    Eu tinha perto de 16 anos e estou agradecida aos militares participantes na revolução dos cravos.Tenho muitas saudades da esperança que senti nesses tempos.Passados 38 anos apenas resta a corrupção, a mentira e a humilhação.O meu País está cada vez mais cinzento.
    maria

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. É isso aí: corrupção, mentiras e humilhação! E querem que lhes batamos palmas.
      Bom feriado (por enquanto)!

      Eliminar