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terça-feira, 24 de abril de 2012

Ontem talvez tenha (re)começado o nosso futuro... Dizem que os MERCADOS ficaram nervosos…

Considerada por muitos como um referendo a favor ou contra o Presidente cessante, a primeira volta das eleições presidenciais transformou-se numa votação de protesto. Uma bênção para a extrema-direita e um desafio para o favorito, o socialista François Hollande.
A crise votou. Massivamente. Dir-se-á que os franceses não cederam ao desencantamento democrático. Domingo, 22 de abril, foram às urnas em grande número [a participação foi de 79,47%]. A fraca mobilização que se verificou nos escrutínios intermédios dos últimos anos (europeus ou locais) não existiu desta vez.
Na realidade, as presidenciais confirmam a sua posição de “eleição rainha” do nosso sistema institucional. Ao mesmo tempo, podemos ver neste facto a consequência de uma melhor expressão da presidencialização do nosso regime político, que já tinha sido favorecido com a adoção do quinquénio e da simultaneidade das eleições presidenciais e legislativas. Foi reforçada pela concentração de poder posta em prática pelo hiperativo Nicolas Sarkozy durante o seu mandato.
Se os franceses se mobilizaram muito, foi muito mais para poderem manifestar a sua perturbação tornada em desespero perante a crise, do que por entusiasmo pelos projetos propostos. O locatário do Eliseu, candidato à sua própria sucessão, temia que a 1ª volta destas eleições se pudesse transformar num referendo antiSarkozy. Foi o que aconteceu: o Presidente cessante não conseguiu encontrar os seus eleitores de 2007, nem é o mais votado da primeira volta.
Responder às preocupações
Tal como os povos do mundo árabe, os franceses querem demitir o seu chefe de Estado, de maneira educada mas firme. “Saiam os cessantes”: a crise legitimou a fórmula na maior parte dos países europeus durante os últimos anos. Em França, os nossos concidadãos enviaram uma mensagem sobretudo através do voto a favor de Marine Le Pen. O resultado, histórico, da líder da Frente Nacional (mais de 18% dos votos) é, sem dúvida, o acontecimento mais importante do passado domingo. O partido de extrema-direita franqueou uma nova barreira.
Pela sua personalidade, pelo seu estilo e pelas suas propostas, a filha do fundador da FN conseguiu concretizar a ‘desdiabolização’ do seu partido, tarefa em que estava empenhada há vários anos. Soube, melhor do que Jean-Luc Mélenchon [o candidato da extrema-esquerda], apanhar as ondas das ansiedades das camadas populares mais afetadas pela crise e tirar partido de um voto de protesto que andava à procura de uma expressão forte. Certamente, não vai parar por aqui. Seja qual for o vencedor final, a 6 de maio, terá de ter em conta este facto.
François Hollande, vencedor da primeira volta, foi o outro beneficiário da rejeição antiSarkozy. O reflexo do “voto útil” funcionou, prejudicando o líder da Frente de Esquerda, mas também François Bayrou [o candidato centrista]. Mas não conduziu a uma verdadeira onda rosa. A esquerda sai reforçada, mas sem a certeza absoluta de conseguir ganhar.
No domingo à noite, Nicolas Sarkozy dizia que hoje, segunda-feira, começava uma nova campanha. Para a 2ª volta, os dois candidatos querem convencer os franceses seduzidos pelos discursos de protesto, sobretudo o de Marine Le Pen. A melhor maneira de o fazerem, não é usando o mesmo discurso, mas sim respondendo verdadeiramente às preocupações, ou até mesmo à raiva, dos seus eleitores.
A derrota de Nicolas Sarkozy, na 1ª volta das eleições francesas, não foi bem aceite pelos mercados, que consideram que a vitória de François Hollande, em França, pode vir a ser responsável por um caminho diferente para o futuro da Europa, numa altura em que a crise das dívidas soberanas ainda atormenta. Há ainda uma grande indefinição sobre o que será a política de Hollande, sempre muito crítico de Angela Merkel.
O fim da aliança “Merkozy” pode também pôr em causa a unanimidade, na Europa, no que respeita à austeridade. E os investidores não gostam de incógnitas.
Pondo de lado as eleições francesas, destaque-se apenas o seu resultado, que poderá traduzir-se na eventual “viuvez” de Merkozy, casal muito querido pelos MERCADOS, que com as suas pantomineirices os foram sustentando com cama, mesa e roupa lavada, sem que se dessem ao trabalho de procurar trabalho e sugando o suor do trabalho de quem trabalha…
O nervosismo dos ditos, tem a ver, seguramente, com um caminho eventualmente diferente para o futuro da Europa (melhor para os cidadãos), com a “crise” das dívidas soberanas (que tão urgentemente reclamaram a cobrança e já), com a indefinição sobre o que será a política de Hollande (não devem ter lido as ideias base), mas sobretudo porque PODE ESTAR EM CAUSA A UNANIMIDADE(?) na UE no QUE RESPEITA À AUSTERIDADE!
E como os investidores não gostam de incógnitas, gostamos nós e levanta-nos a esperança…

2 comentários:

  1. Respostas
    1. maria
      Eu acerto mais do que o Marcelo Rebelo de Sousa! Amanhã publico um artigo em que já se fala do fim da austeridade... ainda nos vão devolver o 13º e 14º(?)

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