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segunda-feira, 23 de abril de 2012

(re)Nacionalizar não é poder de um Estado Soberano?

Os resultados de uma sondagem feita na Argentina pelo Centro de Estudos de Opinião Pública para a imprensa indicam que 74% dos argentinos inquiridos apoia a nacionalização da petrolífera YPF, levada a cabo pelo governo de Cristina Kirchner.
Entre os 67,1% dos argentinos que dizem saber os motivos da nacionalização, 35,2% dizem que a Repsol não cumpriu os investimentos necessários. Outros 33% respondem que deve ser o Estado a controlar os recursos nacionais.
Andamos nós aqui a discutir as privatizações de cotas e de empresas estatais, sem que se levante muita poeira e atirando para cima da troika o ónus dessa espoliação, ouvindo-se apenas e de longe a longe algumas vozinhas, muito timidamente levantar a questão.
Do outro lado do mundo, na Argentina, que em 2001 passou por muito pior do que nós estamos a passar e em consequência, como nós, tudo o que era bom também foi privatizado.
Recuperado algum fôlego financeiro e económico, desde 2008 que o Estado tem vindo a renacionalizar, recuperar (ir buscar ao prego), o que era seu, como a Aguas Argentinas, o Correo Argentino, as Aerolíneas Argentinas, o Torneos Y Competencias (os direitos de transmissão dos jogos da primeira divisão do campeonato de futebol, antes transmitido apenas por TVs a cabo e agora transmitidos pela TV aberta), e a grande atração, a AFJP (gestora dos fundos de PREVIDÊNCIA PRIVADA OBRIGATÓRIA) e tudo com a anuência da oposição. E nessas ocasiões não nos lembramos de ter ouvido tanto alarido como acontece com esta pequena nacionalização, feita por um país soberano, em que o governo, o senado e o povo estão de acordo.
É caso para perguntar se os de fora querem mandar na casa dos outros.
Como se percebe pelas empresas renacionalizadas, todas elas se encaixam nas chamadas áreas estratégicas da economia de uma nação (coisa que para alguns já não existe) e pelo que se diz, ainda estarão na bicha, uma operadora de telemóveis (que também não faz investimentos e por isso não presta bons serviços) e mais duas companhias de eletricidade (a Edenor e a Edesur), que vivem à custa de subsídios e por isso também não fazem investimentos.
Claro que nas circunstâncias que vivemos falar-se nestas coisas de nacionalizações, carimba qualquer um que tenha medo de carimbos, mas…
Quem se insurgiu contra a nacionalização do BPN, com prejuízos e tudo? Ou melhor, quem bateu palmas a essa nacionalização? O governo, a oposição, o BdP, os depositantes, os trabalhadores, a ECOFIN, a Comissão Europeia, o Conselho Europeu, o BCE, etc… tudo boa gente!
E agora, qual é a diferença?

2 comentários:

  1. A SRa. Kirschner incutiu-me alguma esperança que isto possa ser um rastilho da mudança...

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    1. Ou talvez uma alternativa à inevitabilidade dos aumentos da eletricidade, do gás, da gasolina, etc., Galp EDP, EDPGás e da privatização da TAP, Águas de Portugal, Transportes, Seguros da CGD e "plafonamento" das pensões de Reforma, com a passagem para privados...
      No fundo é ir buscar ao prego o que lá se deixou em tempos de crise.
      Há alternativas, haja soberania.

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