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domingo, 3 de julho de 2011

YES WE KAHN! A vingança servir-se-á fria?…

Foi uma semana e tanto para a França. Primeiro, com a fuga de informações sobre o envio de armas aos rebeldes líbios, sem consulta prévia dos seus aliados da NATO, e depois pela viragem inesperada do caso que envolvia o ex diretor executivo do FMI, Dominique Strauss-Kahn.
Dentro do processo que há mais de um ano vive o país europeu no seu cenário político, estes dois acontecimentos parecem acertar em cheio na cada vez mais desgastada imagem do presidente francês Nicolas Sarkozy, que foi agredido nesta sexta-feira.
E é que, desde a ofensiva para mudar as idades da Reforma e algumas leis do trabalho, o governo “liberal” francês, cada vez mais parece envolvido nas suas próprias contradições e duvidosas atitudes.
No início das operações militares na Líbia, o filho mais velho de Muammar Khadafi tinha denunciado que o regime líbio tinha participado com grandes quantias de dinheiro para a campanha presidencial de Sarkozy. Mas a França, aliada mais incondicional, ainda, dos Estados Unidos, desde que o mediático presidente assumiu o poder, foi o primeiro país a reconhecer o Conselho de Transição, o braço político dos rebeldes líbios.
A centro-esquerda francesa, por sua vez, estava a recompor-se da derrota parlamentar para evitar as novas regras de aposentação e, via em Dominique Strauss-Kahn, um homem que poderia concorrer nas futuras eleições presidenciais em condições de vencer o atual mandatário.
O ex diretor do FMI é um político socialista bastante atípico. Afeto aos carros e as mulheres, era a cabeça de um órgão que historicamente foi o ninho das políticas económicas neoliberais nas últimas duas décadas e que ele mesmo criticava. Um político de esquerda, mais contido, muito mais diplomático e, sobretudo, apto desde a experiência técnica no campo económico, um argumento que os tecnocratas de ocasião sempre objetam dos políticos dessa tendência.
Quando tudo parecia andar sobre os trilhos, estes dois episódios parecem ter começado a mudar a cara e o rumo da administração Sarkozy. A investigação publicada pelo jornal francês “Le Figaro” sobre o envio de aviões carregados de armas e munições para o leste líbio pode causar muito mais que constrangimento, pois há leis internacionais que punem severamente o envio de armas de maneira subreptícia.
Ninguém poderia acreditar que Strauss-Kahn podia ser considerado inocente. De maio, quando aconteceu a denúncia, até fim de junho, a opinião pública - a imprensa - garantia que o economista francês era culpado. Só que, uma investigação descobriu o que parece ter sido um complô. E é neste ponto que cabe a pergunta: quem teria interesse em minar a imagem de Kahn?
Strauss-Kahn seria quase o candidato natural que poderia destronar Sarkozy do Palácio do Eliseu, mas a imagem maculada do funcionário do FMI não parecia ter remédio. Perdeu o seu cargo para outra francesa, Christine Lagarde, e a corrida presidencial estava comprometida.
Será possível que uma conspiração tenha sido armada do centro do poder francês? Por enquanto, só há indícios de traficantes e delinquentes comuns por trás da suposta violação, que finalmente parece ter sido apenas um ato sexual consentido com a camareira do hotel em Nova York.
Nos estúdios sobre media e jornalismo, muitas das vezes éramos orientados a suspeitar de todas e cada uma das “verdades” que se apresentavam. É que o conceito de verdade, como tal, é reducionista e anula partes envolvidas na sua construção.
Quando da noite para o dia, Strauss-Kahn passa de “tarado” a vítima de uma cilada, é tão válido pensar numa conspiração contra ele, quanto no acerto oferecido à vítima para se inocentar. Ainda mais lógico seria desconfiar das versões oficiais dos poderes constituídos, pois elas defendem o statu quo.
O que respondeu Sarkozy às denúncias de Saif al-Islam Kadhafi? O que diz Sarkozy sobre a entrega de armamento aos rebeldes nas costas dos seus aliados da NATO? E sobre o seu potencial oponente? É de cavalheiro não se pronunciar diante de um tema tão delicado como o de Dominique Strauss-Kahn. Pardonne. Merci. 
Por Néstor J. Beremblum -   Editor de O Repórter
À parte os truca-truca e os trique-trique, sem por de parte a “paixão” que nutro pelo Nicolas, as ligações que o jornalista faz entre os vários factos e a suspeita sobre a verdade dos mesmos, permite que cada um retire a conclusão mais conveniente e fique à espera do próximo futuro, que trará a chave do “Eurovilões”…
E se se introduzir mais uma variante, a da própria organização a que presidia Kahn (socialista e com uma visão mais humanista da economia e finanças, contra a política económica da UE), rapidamente substituído por uma compatriota, mas do circulo de Sarkozy?  Se calhar vai dar no mesmo...
Embora não defenda a violência contra os representantes democráticos, fica-nos sempre um sabor agridoce ao ver estas exceções, contra os que usurpam os direitos de muitos, sem legitimidade democrática.
Sarkozy agredido em Brax


Cartoon de Hic publicado no jornal "El Watan"

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